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esse afastamento da realidade o seu exame é posto de lado, as fantasias de<br />
desejo — não reprimidas, inteiramente conscientes — podem penetrar no sistema<br />
e a partir de lá são reconhecidas como uma realidade melhor. Uma tal<br />
subtração pode ser contada entre os processos de repressão: a amentia nos<br />
oferece o interessante espetáculo de uma desunião entre o Eu e um de seus órgãos,<br />
aquele que talvez o servisse mais fielmente e lhe fosse mais intimamente<br />
ligado. 6<br />
O que na amentia é realizado pela “repressão” é feito no sonho pela renúncia<br />
voluntária. O estado de sono não quer saber do mundo externo, não se interessa<br />
pela realidade, ou apenas o faz quando há o risco de se abandonar o estado<br />
de sono, de se despertar. Logo, ele subtrai o investimento do sistema Cs,<br />
tal como dos outros sistemas, o Pcs e o Ics, na medida em que as posições *<br />
neles presentes acatem o desejo de dormir. Com esse não investimento do sistema<br />
Cs abandona-se a possibilidade de um exame da realidade, e as excitações<br />
que, independentemente do estado de sono, tomaram o caminho da regressão,<br />
o encontrarão livre até o sistema Cs, no qual serão tidas como realidade incontestada.<br />
7 Quanto à psicose alucinatória da dementia praecox, deduziremos de<br />
nossas considerações que ela não pode estar entre os sintomas iniciais de tal<br />
afecção. Ela se torna possível apenas quando o Eu do doente se desintegrou<br />
tanto que o exame da realidade já não impede a alucinação.<br />
No que respeita à psicologia dos processos oníricos, chegamos ao resultado<br />
de que todas as características essenciais do sonho são determinadas pela condição<br />
do estado de sono. O velho Aristóteles tinha inteira razão, com seu modesto<br />
enunciado de que o sonho é a atividade psíquica do dormente. Pudemos<br />
precisar que é um resíduo de atividade psíquica, tornado possível pelo fato de<br />
que o estado narcísico de sono não se impôs de maneira total. Isso não difere<br />
muito daquilo que filósofos e psicólogos afirmaram desde sempre, mas repousa<br />
em pontos de vista bem divergentes acerca da construção e do funcionamento<br />
do aparelho psíquico, que frente aos anteriores tem a vantagem de também<br />
nos permitir uma maior compreensão das particularidades do sonho.<br />
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