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Freud

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também um certo montante do gasto com a repressão (do contrainvestimento)<br />

deveria ser mantido durante a noite para fazer frente ao perigo instintual, embora<br />

a inacessibilidade dos caminhos que levam à liberação de afetos e à motilidade<br />

possa abaixar consideravelmente o nível do contrainvestimento necessário.<br />

Podemos então representar da seguinte maneira a situação que conduz<br />

à formação do sonho. O desejo de dormir procura recolher todos os investimentos<br />

enviados pelo Eu, instaurando um narcisismo absoluto. Isso pode ter<br />

êxito apenas parcial, pois a parte reprimida do sistema Ics não acompanha o<br />

desejo de dormir. Logo, é preciso que também uma parcela dos contrainvestimentos<br />

seja mantida, e que a censura entre Ics e Pcs permaneça, ainda que não<br />

em plena força. Até onde alcançarem o domínio do Eu, todos os sistemas estarão<br />

vazios de investimentos. Quanto mais fortes são os investimentos instintuais<br />

ics, mais instável é o sono. Conhecemos igualmente o caso extremo em<br />

que o Eu renuncia ao desejo de dormir, porque se sente incapaz de inibir os<br />

impulsos reprimidos que são liberados durante o sono; em outras palavras, desiste<br />

do sono porque tem medo dos sonhos.<br />

Depois apreciaremos em toda a sua importância a hipótese da insubordinação<br />

dos impulsos reprimidos.<br />

Como uma segunda ameaça ao narcisismo devemos considerar a possibilidade,<br />

já referida, de que também alguns dos pensamentos diurnos pré-conscientes<br />

se revelem resistentes e mantenham parte do seu investimento. No<br />

fundo, os dois casos podem ser idênticos; a resistência dos vestígios diurnos<br />

pode remontar ao nexo com impulsos inconscientes, presente já na vida desperta,<br />

ou a coisa não é tão simples e apenas no estado onírico os restos diurnos<br />

não inteiramente esvaziados se vinculem ao reprimido, em virtude da comunicação<br />

facilitada entre Pcs e Ics. Em ambos os casos há o mesmo avanço decisivo<br />

rumo à formação do sonho: forma-se o desejo pré-consciente de sonhar, o<br />

qual dá expressão ao impulso inconsciente no material dos restos diurnos pré-conscientes.<br />

Devemos diferenciar nitidamente esse desejo de sonhar dos restos diurnos;<br />

ele não precisa ter existido na vida desperta, já pode mostrar o caráter<br />

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