03.03.2017 Views

Freud

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

108/225<br />

coisa inconscientes. Isto é, certamente, algo difícil de compreender. A saída<br />

que se oferece é o investimento da representação verbal não pertencer ao ato<br />

de repressão, mas constituir a primeira das tentativas de restabelecimento ou<br />

cura que tão claramente dominam o quadro da esquizofrenia. Esses esforços<br />

pretendem reaver os objetos perdidos, e bem pode ser que, com essa intenção,<br />

eles tomem o caminho para o objeto através da parte verbal dele, nisso tendo<br />

de se contentar com as palavras em vez das coisas, porém. Pois nossa atividade<br />

anímica se move, de maneira bastante geral, em duas direções opostas: ou dos<br />

instintos, pelo sistema Pcs, até o trabalho consciente do pensamento, ou, por<br />

incitação de fora, pelo sistema do Cs e Pcs até os investimentos ics do Eu e dos<br />

objetos. Este segundo caminho tem de permanecer transitável, apesar da<br />

repressão ocorrida, e fica, até certo ponto, aberto aos esforços da neurose para<br />

readquirir seus objetos. Quando pensamos abstratamente, corremos o perigo<br />

de negligenciar as relações das palavras com as representações de coisa inconscientes,<br />

e não se pode negar que então nosso filosofar ganha uma indesejada<br />

semelhança, em expressão e conteúdo, com o modo de funcionar * dos esquizofrênicos.<br />

Por outro lado, pode-se tentar caracterizar o modo de pensar dos esquizofrênicos<br />

dizendo que eles tratam as coisas concretas como se fossem<br />

abstratas.<br />

Se nós de fato identificamos o inconsciente e determinamos de forma correta<br />

a diferença entre uma representação inconsciente e uma pré-consciente,<br />

então nossas pesquisas, a partir de muitos outros pontos, deverão necessariamente<br />

remeter a essa percepção.<br />

* “A ideia que representa o instinto”: eine den Trieb repräsentierende Vorstellung. A tradução de<br />

Vorstellung por “representação” gera um problema neste ponto, como atestam as versões estrangeiras<br />

que assim fazem: una idea que representa al instinto, una representación representante de<br />

la pulsión, un’idea che rappresenta una pulsione, une représentation représentant la pulsion, idem,<br />

idem, the ideational presentation of an instinct, the idea that represents the instinct. Cf. capítulos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!