Walmir Hugo dos Santos A Escola de Agronomia da Amazônia fundada em um modelo educacional que se assemelhava ao padrão norte-americano para o ensino agrícola e veterinário, era simultaneamente dirigida pelo Diretor do IAN, segundo o que estabelecia o art. 8º do Decreto-Lei de criação da EAA. A missão institucional da Escola de Agronomia da Amazônia ficou claramente definida no art. 2º do Decreto-Lei, ao dispor que a EAA teria por fim preparar agrônomos para o meio típico no norte do país, dedicando-se às especialidades e interesses da economia rural da região, mas regendo-se em suas diretrizes didáticas pelo instituto federal padrão que era, na ocasião, a Escola Nacional de Agronomia, localizada no km 47, da antiga estrada Rio - São Paulo, objetivo ao qual vem se mantendo fiel, apesar de ter expandido novos cursos de graduação ao longo dos tempos. A subordinação da Escola de Agronomia da Amazônia – EAA ao Ministério da Agricultura perdurou até 1967 quando, em obediência ao Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro desse ano e, especificamente, ao Decreto nº 60.731, de 19 de maio de 1967, que transferiu para o Ministério da Educação e Cultura – MEC, os estabelecimentos isolados de ensino superior de Agronomia e Veterinária, que passaram à jurisdição da Unidade de Ensino Superior do MEC, onde se encontra até hoje, atualmente denominada de Secretaria de Ensino Superior – SESu. Após a separação funcional da EAA do Instituto Agronômico do Norte – IAN, em 1962, consolidou-se a autonomia da instituição, que a essa altura já ocupava uma extensa área do IPEAN, órgão que sucedeu ao IAN, oportunidade que foi doada pelo Ministério da Agricultura à EAA, uma área de 192 hectares, na administração do Ministro Hugo de Almeida Leme, área essa que, com acréscimos, constitui o Campus Central da atual Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, um dos mais completos de todo o país, em termos de infraestrutura acadêmica e administrativa. Para construir um Centro Esportivo, constituído de ginásio, piscina, quadras de vôlei, basquete, tênis, campo de futebol e dependências administrativas, a FCAP recebeu da Prefeitura Municipal de Belém uma área de aproximadamente 5 hectares, de acordo com a lei nº 6.912, de 19 de dezembro de 1972, aprovado pela Câmara Municipal de Belém, na gestão do Prefeito Nélio Lobato. Sob a discutível alegação de falta de recursos financeiros da União, segundo versão corrente na época, a Escola de Agronomia da Amazônia só entrou em efetivo exercício em 17 de abril de 1951, através de uma sessão solene de instalação realizada na sede da Associação Comercial do Pará, com a presença do Dr. Felisberto Camargo e das mais altas autoridades dos poderes constituídos do Estado do Pará. A Escola de Agronomia da Amazônia – EAA realizou o concurso de habilitação entre 2 e 7 de abril de 1951, com a concorrência de 44 candidatos, tendo sido habilitados 38 estudantes que se matricularam no Curso de Agronomia que, após os quatro anos regulamentares de ensino, diplomou 23 profissionais, em 8 de dezembro de 1954. Um fato digno de registro histórico a respeito da nossa Universidade Federal Rural da Amazônia, que comprova a extraordinária visão de futuro desse eminente cientista Dr. Felisberto Camargo, foi seu belo discurso por ocasião da instalação da nova Escola, em 17 de abril de 1951, oportunidade em que fez uma verdadeira radiografia do cenário amazônico, destacando a importância do profissional de Agronomia no processo de desenvolvimento da região e na eliminação gradual da sua pobreza. 28
Registros Históricos - Contribuição à Memória da Universidade Federal Rural da Amazônia Ao final da reunião, o Desembargador Arnaldo Lobo, então Presidente do Tribunal de Apelação, provavelmente a denominação do atual Tribunal de Justiça, convidado pelo Dr. Felisberto Camargo para presidir a reunião de instalação, congratulou-se com todos os presentes e numa frase feliz de encerramento da solenidade “fez votos para que em breve seja instalada a Universidade Rural da Amazônia”, tornando-se, assim, o primeiro personagem a preconizar o que viria ser no futuro a Escola de Agronomia da Amazônia que naquele momento estava sendo instalada solenemente. Naquela ocasião, o destino, através da palavra do Dr. Arnaldo Lobo, selou definitivamente a indicação do qual seria o futuro da Escola de Agronomia da Amazônia que tanto desejávamos. O Dr. Felisberto Camargo, este sim, ainda não completamente reconhecido pela nossa instituição, a não ser pela colocação de seus restos mortais repousando sob uma lápide, de concepção arquitetônica pobre e de aspecto quase grotesco, inadequadamente localizado à entrada do prédio central, é hoje praticamente esquecido pelas gerações contemporâneas de professores e alunos. O ilustre cientista ainda não recebeu da comunidade a justa homenagem por sua trajetória científica nesta região e principal inspirador da criação da Escola de Agronomia da Amazônia. A seguir a reprodução integral da Ata de Instalação da Escola de Agronomia da Amazônia, em 17.04.1951, bem como o memorável discurso que o Dr. Felisberto Camargo pronunciou na ocasião. 29