RegistrosHistoricos
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Registros Históricos - Contribuição à Memória da Universidade Federal Rural da Amazônia<br />
Essa tentativa de encampação pela Universidade Federal do Pará é considerada a segunda que<br />
foi feita às claras, em uma verdadeira afronta aos princípios da ética administrativa que sempre permeia<br />
as ações entre instituições legalmente constituídas, porém é possível que, entre 1964 e 1982, tenha<br />
havido outras investidas nos bastidores do poder central, entre os quais, por políticos de vários matizes e<br />
administradores governamentais, sempre mobilizados por alguns gestores que passaram na Universidade<br />
e que tinham verdadeira obsessão pela incorporação, via encampação, das atribuições acadêmicas da<br />
FCAP e da sua área patrimonial, para atender seus objetivos expansionistas.<br />
O desejo do insistente encampador se tornou público por ocasião da visita do General Figueiredo,<br />
então Presidente da República à Belém para uma cerimônia na Sede da SUDAM, em julho de 1982 e,<br />
nessa ocasião, se realizava o xxII Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia Agronômica, no<br />
Campus da FCAP.<br />
Na oportunidade, os estudantes da Faculdade com apoio da maioria dos discentes participantes<br />
do Congresso de Agronomia, redigiram um manifesto contra a encampação da FCAP, que tramitava no<br />
Ministério da Educação com vistas à intervenção na FCAP pela UFPA, apresentada pela direção da UFPA<br />
à direção central do MEC em Brasília, documento que pretendiam entregar pessoalmente ao Presidente<br />
da Republica, em sua visita à superintendência do órgão de desenvolvimento regional.<br />
Um estudante da UFPA, diretor regional da União Nacional dos Estudantes – UNE para a região<br />
Norte, resolveu apoiar o movimento dos estudantes da FCAP contra a encampação, movimento que foi<br />
assumido pela direção do CONEEA reunida em Belém, em torno do xxII Congresso Nacional de Estudantes<br />
de Agronomia.<br />
Todavia, além do apoio ao movimento contra a encampação, a UNE pretendia defender algumas das<br />
suas principais bandeiras, como a “anistia ampla, geral e irrestrita”, que não gozava da simpatia dos militares<br />
e, assim, queriam aproveitar a audiência para atender aos seus objetivos de contestação ao regime.<br />
Os estudantes chegaram à SUDAM uma hora antes da comitiva presidencial e feito o primeiro<br />
entendimento com a segurança do Presidente que, sob protesto dos estudantes foi retirada a faixa onde se lia<br />
“anistia ampla, geral e irrestrita”, bem como alguns oficiais da segurança tentaram convencer os estudantes<br />
a “não tumultuarem a visita”, apelo que foi acolhido, o que levou a ficarem sentados e em silêncio quando<br />
chegaram as autoridades, inclusive o Presidente.<br />
A manifestação se reduzia a duas únicas faixas que diziam “FEEAB e UNE contra a encampação da<br />
FCAP” e “UNE pelo ensino público e gratuito”.<br />
O Presidente reuniu-se, então, com uma comitiva de nove estudantes: o Presidente da Federação dos<br />
Estudantes de Agronomia – FEEAB, o Diretor Regional da UNE, o representante do Diretório Central dos<br />
Estudantes da UFPA (DCE), três representantes dos cursos da FCAP, representantes regionais de Agronomia<br />
do Norte, Centro-Oeste e Nordeste.<br />
O Presidente iniciou a audiência informando que o Superintendente da SUDAM, Elias Sefer já<br />
havia lhe falado sobre a encampação da FCAP, por isso, disse ele “já sei do assunto”.<br />
Ao se apresentar, o representante da UNE ouviu do Presidente que “ele não reconhecia a UNE, como<br />
entidade máxima representativa dos estudantes brasileiros” e, desse modo, aceitava receber o representante da<br />
UNE na qualidade de estudante e não como porta voz oficial da UNE.<br />
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