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Notas sobre criação audiovisual, Via: Ed. Alápis

Notas sobre criação audiovisual, redes sociais e web - Cinusp

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Capítulo 1<br />

é uma quarta dimensão onde espaço e tempo são categorias<br />

relativas. Eisenstein chega a citar nominalmente o físico Einstein<br />

ao se referir à quarta dimensão do cinema possibilitada pela<br />

montagem. Este é o espaço da formulação conceitual. O espaço<br />

desprezado é o referencial, é o da representação naturalista, do<br />

corte invisível, de uma suposta verdade que, como vimos, inexiste.<br />

Em sua teoria do cinema intelectual ele se propõe a “restaurar a<br />

plenitude emocional do processo intelectual”. A quarta dimensão<br />

do cinema é uma dimensão do pensamento, das sensações <strong>sobre</strong><br />

o trabalho onde tempo e espaço são relativos, não se referem<br />

ao mundo físico e ao tempo cronológico. Espaço e tempo são<br />

construídos por um jogo dos sentidos dos objetos e das coisas.<br />

As dimensões espacial e temporal estão juntas.<br />

Não devemos nos esquecer que o pensamento e o trabalho<br />

de Eisenstein e de seu grupo soviético com Alexandrov e Pudovkin<br />

foram gestados durante o realismo socialista, momento<br />

de consolidação da Revolução Russa. Ao defender um cinema<br />

intelectual, ao defender uma montagem de choques, ou montagem<br />

de atrações, pretendia retirar o público de uma posição<br />

passiva. Em vez da montagem invisível, propunha o choque, ou<br />

seja, uma montagem visível, ou como é conhecida na teoria do cinema,<br />

a montagem da opacidade. Sua opção, oposta à de Griffith<br />

e toda uma tradição americana, é por um cinema antinaturalista.<br />

Na própria União Soviética surgirá uma oposição potente a suas<br />

colocações, ao cine-punho defendido por Eisentein, Dziga Vertov<br />

propõe o cine-olho. Vertov propunha uma exploração sensorial<br />

do cinema, diferente do naturalismo e do antinaturalismo.<br />

Mesmo menos estruturado conceitualmente, Vertov foi mais<br />

radical. Ouso dizer que as ideias de Vertov <strong>sobre</strong> a quarta dimensão<br />

da imagem levaram mais longe, tendo influenciado mais de<br />

uma geração do cinema. Na sua época influenciou uma série<br />

de diretores, como Alberto Cavalcanti, que passaram a realizar<br />

filmes <strong>sobre</strong> cidades. Continuou presente como referência no<br />

cinema francês dos anos 1960, a Nouvelle Vague, quando Jean-

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