Notas sobre criação audiovisual, Via: Ed. Alápis
Notas sobre criação audiovisual, redes sociais e web - Cinusp
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um pouco adiante em termos da ação. É pela proximidade das<br />
ações que as entendemos como paralelas. Paralelas e devido ao<br />
tipo de corte invisível, como já foi dito.<br />
O cineasta russo Serguei Eisenstein buscava, ao contrário,<br />
tornar visível o corte. Ele reconhece a contribuição de Griffith<br />
para dois procedimentos presentes na montagem por ele denominadas<br />
métrica e rítmica. A métrica referindo-se ao comprimento<br />
de cada plano utilizado e a rítmica relacionada à construção da<br />
temporalidade do filme como um todo. Mas propõe a montagem<br />
vertical e a intelectual, na qual seria alcançada a quarta dimensão<br />
do cinema. Inspirado pelos ideogramas chineses, nos quais as<br />
palavras são como imagens das coisas e o sentido é dado pela<br />
justaposição dessas imagens. Assim, muitos primeiros planos utilizados<br />
por Eisenstein não visam chamar a atenção para um objeto,<br />
não são ponto de vista de personagem, mas intervenção do<br />
diretor de modo a propor uma espécie de qualidade. Na verdade<br />
são metáforas políticas e sociais. Como na cena do Encouraçado<br />
Potemkin em que um padre segura um crucifixo e o bate na mão<br />
como se este fosse um martelo. Quando o navio é tomado, a cruz<br />
voa até o chão e entra na madeira como se fosse uma faca ou<br />
objeto cortante. Vale lembrar que a igreja como poder apoiava o<br />
regime que oprimia aqueles trabalhadores.<br />
Em linhas gerais, pensar a montagem em termos de uma<br />
quarta dimensão implica em esquecer noções absolutas e considerar<br />
a coexistência de diversos espaços produzindo sentido na<br />
obra <strong>audiovisual</strong>. A construção de sentidos se dá pela justaposição<br />
das imagens, como nos ideogramas. Eisenstein pretende<br />
alcançar com o seu cinema harmônico “a representação visual<br />
de conceitos abstratos” (Eisenstein 1929/1986: 168). Os objetos<br />
dispostos na tela seriam como “dois braços infinitos que se<br />
encontram, como dizemos, no infinito” (Eisenstein 1929/1986:<br />
174). Onde fica o espaço infinito? O que é o infinito? Ele brinca<br />
com o uso da expressão infinito, pois “ninguém nunca visitou uma<br />
região tão distante”. Esse infinito é uma dimensão da percepção,<br />
<strong>Notas</strong> <strong>sobre</strong> <strong>criação</strong> Audiovisual, Redes Sociais e WEB