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Notas sobre criação audiovisual, Via: Ed. Alápis

Notas sobre criação audiovisual, redes sociais e web - Cinusp

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Nesse sentido, a educação – e o controle dos modos de ler<br />

– é uma forma de adaptar o homem ao mundo-aí. Adaptá-lo para<br />

a vida em sociedade, para o universo do trabalho, para os valores<br />

da cidadania, enfim, para a aceitação do controle. Daí o “conflito<br />

entre a ideia convencional de uma literatura que eleva e edifica<br />

(segundo os padrões oficiais) e a sua poderosa força indiscriminada<br />

de iniciação na vida, com uma variada complexidade nem<br />

sempre desejada pelos educadores. Ela (...) humaniza em sentido<br />

profundo, porque faz viver” (Candido, 2002, p. 84 e 85).<br />

Interpretando<br />

Pela ordem reprodutivista da escola, o exercício da interpretação<br />

textual deve responder à questão: o que o texto diz? Pinça-se<br />

dele uma determinada afirmação e, tal qual uma chave, ela o abre<br />

ao correto entendimento. Não raro, os alunos são incitados a<br />

descobrir qual a intenção do autor, o que ele quis dizer. Evidentemente,<br />

o professor, bem preparado para levar adiante a aula que<br />

planejou, já sabe de antemão qual deve ser a resposta do aluno.<br />

Portanto, caberá ao aluno uma dupla tarefa: primeiro, entender o<br />

texto e, depois, achar no texto o que se espera como resposta. A<br />

maior parte dos alunos aprende que é mais fácil saltar à segunda<br />

etapa. É como se respondesse à pergunta <strong>sobre</strong> o que o texto<br />

diz com uma outra pergunta: o que o texto deve dizer? Porque,<br />

de fato, a resposta já está lá antes mesmo de o texto ganhar vida<br />

pelo exercício da leitura.<br />

De certo modo, essa é a prática de leitura e interpretação a<br />

partir da perspectiva da literatura como sistema. Não se espera<br />

de nenhum sistema que seja aberto a intromissões, sob risco de<br />

se deixar contaminar por algo estranho a ele e que o descaracterizaria.<br />

No caso da literatura, o risco é a subjetividade do leitor.<br />

Ainda mais quando ela exprime o que há de imaturo no aprendiz<br />

ou quando apressadamente arrisca uma intuição, nem sempre<br />

plausível, de seu sentido. E, com efeito, parece haver consenso<br />

quanto ao fato de que a interpretação não deve ser fruto de es-<br />

<strong>Notas</strong> <strong>sobre</strong> <strong>criação</strong> Audiovisual, Redes Sociais e WEB

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