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Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis

O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames

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de£juake, eles conseguiram a façanha de “quebrar” a câmera subjetiva do jogo (que é um<br />

firstperson shooter) e construir Diary o f a Camper em terceira pessoa, desconfigurando a<br />

característica do gênero em primeira pessoa.<br />

Em 2005 Peter Molyneux, diretor do Lionhead Studios na Inglaterra, lançou<br />

The Movies, que era, de um lado, um videogame que simulava um estúdio de cinema de<br />

Hollywood e, de outro, um conjunto de ferramentas que permitia ao usuário criar “filmes”<br />

animados em computador através da manipulação de personagens e cenários disponíveis<br />

no pacote. O sucesso não foi muito grande entre os jogadores, pois The Movies não era exatamente<br />

um jogo no sentido clássico do termo, mas o pacote atraiu outro tipo de público,<br />

mais interessado nas ferramentas. A verdade é que, apenas dois meses após o lançamento<br />

do programa, o website da Lionhead já disponibilizava cerca de 3.000 “filmes” realizados<br />

com o The Movies, sem falar nos vídeos que foram depositados em outros sites. A explosão<br />

dos vídeos machinima despertou a indústria dos videogames para uma demanda reprimida<br />

da qual ela ainda não tinha se dado conta e, como consequência, a atual safra de<br />

videogames já inclui um módulo que permite ao jogador gravar a performance do jogo em<br />

um arquivo MPEG para depois poder editá-lo, musicá-lo, dublá-lo e salvá-lo num DVD.<br />

Em 2004, a segunda versão de The Sims já incluía um pacote completo de ferramentas<br />

para transformar o game em um “filme”. Um dos grandes sucessos do machinima foi um<br />

seriado chamado The Awakening (que começa em 2006), de April Hoffmann, inteiramente<br />

realizado no interior de The Sims 2, com os recursos de vídeo oferecidos. O seriado<br />

transformou o game numa hilariante soap opera sobre o American way oflife.<br />

Além dos videogames, os vídeos machinima podem utilizar também outros recursos<br />

audiovisuais em formato digital, como os mundos virtuais. My SecondLife (2007), de<br />

Douglas Gayeton, por exemplo, foi realizado “dentro” do próprio Second Life e narra a história<br />

de um executivo que ficou preso nesse mundo virtual e não conseguia mais voltar ao<br />

mundo “real”. E interessante observar ainda que a maioria dos realizadores de machinima<br />

não tem habilidades apenas nos videogames. Muitos deles demonstram conhecimentos<br />

bastante refinados em estética do cinema e da televisão, técnicas de dramaturgia, direção<br />

de arte, iluminação, enquadramento, combinação imagem/som, dublagem com sincronismo<br />

labial e outros elementos expressivos que fogem do escopo dos videogames, sem<br />

falar daqueles realizadores que vão buscar no cinema experimental e na videoarte as suas<br />

fontes de inspiração. Um exemplo seria Red Dead Redemption (2010), de John Hillcoat,<br />

produzido “dentro” do videogame de mesmo título.Trata-se de um western clássico, com<br />

todos os elementos prototípicos do gênero e poderia ter sido perfeitamente dirigido por<br />

um Sérgio Leone. Já The Trashmaster (2011), de Mathieu Weschler, baseado no game<br />

Gr and Theft Auto, é um painel macabro do submundo noturno de Nova York, com toda<br />

sua violência e apelo sexual que poderia tranquilamente ser um filme de Quentin Tarantino<br />

ou Martin Scorsese.<br />

O potencial criativo e até mesmo político do machinima foi demonstrado através<br />

do vídeo The French Democracy (2005), de Koulamata (pseudônimo de Alex Chan).<br />

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