Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
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surgem novas poéticas e nomes. Acompanhamos as mudanças da construção de uma arqueologia<br />
na qual experiências sem desdobramentos evidenciam a fraqueza de leituras<br />
evolutivas do audiovisual. Os trabalhos e experimentos não originaram uma forma específica<br />
de <strong>Machinima</strong>. A história em processo não é linear. Da diversidade, de caminhos<br />
paralelos e cruzados constitui-se um leque de experimentos distintos de um campo de<br />
criação marcado não pela unidade, mas pela diversidade.<br />
Paul Marino foi um dos primeiros realizadores a se preocupar com a agremiação dos<br />
produtores-jogadores e com a definição desse campo do audiovisual. Em 2002 criou a Academy<br />
o f <strong>Machinima</strong> Arts & Science (AMAS), no mesmo ano realizou-se o primeiro <strong>Machinima</strong><br />
Film Festival, cuja última edição aconteceu em 2008. As categorias de premiação, ao<br />
longo das seis edições do festival, sinalizam as constantes mudanças de formato e propostas<br />
expressivas na área. No primeiro ano foram apresentados apenas curtas e, excetuando-se a<br />
categoria de melhor realização técnica, as demais seguiam o modelo do cinema de curta-metragem.<br />
A última edição do festival, além de incluir formatos de longa-metragem, premiou<br />
séries, performance virtual e vozes. Já estamos no campo de algo particular ao <strong>Machinima</strong>,<br />
um campo com ferramentas de criação consolidado segundo diversos gêneros audiovisuais.<br />
Em 2005, no Festival de <strong>Machinima</strong>, Gustavo Sorola, um do sócios da produtora<br />
Roosterteeth e desenvolvedor da série Red vs Blue, foi agraciado com o prêmio de melhor<br />
<strong>Machinima</strong> independente. Na tradicional entrevista após ser laureado, afirmou não haver<br />
pensado em cinema quando começou a produzir. Fazia algo novo e cômico para a<br />
Internet por eles nomeado de render-vision 9. Sua definição traz no bojo o processo de<br />
realização, a apresentação da visualização do jogo. Se, num primeiro momento, o objetivo<br />
era a disputa e exibição de competência, render-vision, num segundo, é a realização<br />
de uma web-série a partir do procedimento original. No caso de Red vs Blue, a ação de<br />
jogar ainda permanece, mas agora não um jogo de habilidades e sim de linguagem. Nessa<br />
mesma entrevista, Sorola comenta haver sido informado por um telefonema de Paul<br />
Marino se tratar de <strong>Machinima</strong> o que eles realizavam, risos jocosos acompanham a fala,<br />
e desde então ele assume o novo nome.<br />
As categorias de premiação são semelhantes às de programas de televisão e de cinema<br />
e trazem ainda, como vimos, algumas específicas ao <strong>Machinima</strong>, como performance<br />
virtual e melhor <strong>Machinima</strong> fora da plataforma. Dos programas televisivos, premiam-se<br />
séries de ficção e entrevistas; do cinema, a duração longa e curta. As categorias apontam o<br />
pertencimento do <strong>Machinima</strong> a diversos campos da criação audiovisual. Se a intersemiose<br />
é o atravessamento entre sistemas expressivos, aqui a noção de sistema expressivo estoura.<br />
O hibridismo do <strong>Machinima</strong> nos impede de estabelecer a prevalência de um meio<br />
ou formato. A noção de ambiente abarca com mais propriedade os diálogos poéticos das<br />
criações originalmente produzidas a partir das performances no videogame. Agora, eles<br />
emulam formas expressivas audiovisuais de qualquer meio, nos gêneros consolidados e<br />
9 http://www.youtube.com/watch?v=Rn-SzHuTAbs<br />
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