Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
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caso de HappyLees NES Super Mario Bros “warped”in 04:5731, um dos atuais “campeões” do<br />
TAS videos, é exemplar: ele assumiu sua posição ao superar o anterior por apenas umframeP<br />
Como um perfeito negativo do game design, essa modalidade de speedrunning expõe<br />
o mecanismo do jogo funcionando sem impedimentos. Não é coincidência que entre<br />
os tool-assisted movies mais populares estejam váriosplataformers, como os diversos Super<br />
Mários, Sonics e Mega MansP são jogos que primam pela organização altamente precisa<br />
dos seus estágios. O prazer de vê-los sendo resolvidos com eficiência é semelhante ao de<br />
testemunhar a reação em cadeia por trás de uma máquina de Rube Goldberg, como já foi<br />
mostrado no hipnótico filme The Way Things Go (Peter Fischli & David Weiss, 1987).<br />
Às vezes, também acontece de o gameplay ser tão perfeito que o jogo não está preparado<br />
para suportá-lo. Nessas situações, o que o tool-assisted movie revela são os próprios<br />
limites do sistema, por meio de efeitos visuais absurdos. Um caso em que isso acontece é<br />
em NESExcitebike (JPN/USA) in 05:29-44 by Thomas Seufert (Lord Tom), baseado no<br />
clássico jogo de corridas de motos. Sem perder nenhuma rampa da pista, o jogador consegue<br />
acumular tanta velocidade que acaba pulando para fora da tela - apenas para retornar<br />
imediatamente pela parte de baixo, como num loop que se repete seguidas vezes.131415<br />
Por fim, é interessante ressaltar duas diferenças significativas entre os tool-assisted<br />
movies e os speedrunnnings tradicionais. A primeira é que os tool-assisted movies<br />
empregam certo tipo de edição. Entretanto, não se trata da montagem cinematográfica<br />
convencional, como aquela usada na confecção de machinimas, e sim de uma espécie de<br />
trucagem, que acontece durante a própria gravação da partida. Nesse sentido, por mais<br />
que se baseiem em trapaças, os tool-assisted movies envolvem um tipo muito específico de<br />
habilidade performática. Neles, não apenas se joga para a gravação, como também através<br />
dela. O vídeo não documenta as especificidades desse tipo de gameplay: ele as faz existir.<br />
E, se por um lado o truque é realizado ao vivo (quando, por exemplo, o jogador rebobina<br />
um pulo que deu errado, ou diminui a velocidade do jogo para poder se esquivar de tiros),<br />
o gameplay de um tool-assisted movie está longe de ser em “tempo real”. Como revela a<br />
página de works inprogress do TASvideos, trata-se de uma atividade calculada, que demora<br />
meses para ser concluída.16<br />
A outra distinção diz respeito ao status legal dessas práticas. Enquanto o modding<br />
empregado nos primeiros speedrunnings era não apenas aceito, como até mesmo encorajado<br />
por certo modelo comercial, a emulação e o intercâmbio de ROMs, necessários para<br />
os tool-assisted movies, são veementemente recriminados pelos desenvolvedores de jogos<br />
(Newman, 2008: 163). A página de informações legais do site da Nintendo, por exemplo,<br />
174<br />
13 http://tasvideos.org/2964S.html<br />
14 http://tasvideos.org/ Movies-Popular.html<br />
15 http://tasvideos.org/1348M.html<br />
16 http://tasvideos.org/ fórum/viewtopic.php ?t= 10152