Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
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código mais do que decalques do mundo, discutir algumas possibilidades expressivas da edição<br />
em tempo real em ambientes construídos por meio de dispositivos audiovisuais.<br />
Este é outro aspecto de Cidades Visíveis. O webdocumentário produz sequências a<br />
partir de uma regra de seleção. “Espera-se que os mosaicos gerados mostrem registros de<br />
cruzamentos urbanos, áreas quase vazias em desertos, salas de estar anônimas, imagens<br />
aéreas de grandes cidades, câmeras de vigilância em Shopping Center. Mas não é possível<br />
prever que aspectos serão capturados da ecologia cada vez mais diversificada de imagens<br />
repetitivas e banais que causam a sensação de que a sociedade contemporânea é integralmente<br />
mediada (em processo que substitui o big brother onisciente da ficção orwelliana<br />
por little brothers aparentemente inofensivos, em constante observação da intimidade<br />
alheia, conforme diagnóstico do geógrafo Jerome Dobson). Assim como o documentário<br />
convencional é um confronto com eventuais surpresas conforme o documentarista se relaciona<br />
com os objetos que elege, o webdocumentário proposto instala um conflito com<br />
as imagens disponíveis na web naquele momento”. 4<br />
Este formato de edição em que não há montagem, mas sorteio, explora possibilidades<br />
de recombinação entre diferentes cenas. Mas é no plano da imagem propriamente dita<br />
que acontece o esvaziamento mais radical deste elo entre imagem e mundo. Nas poéticas<br />
em tempo real, a aproximação entre imagem e referente acontece de forma mais intensa<br />
que em experiências abstratas. Um exemplo é o projeto live cinema “fluxos”, do Telemusik.<br />
E uma composição audiovisual que lida com o “contraste entre geometria e estruturas irregulares.<br />
Três composições que exploram padrões sonoros que sugerem formas e volumes<br />
em constante oscilação entre regularidade e assimetria”. 5<br />
Há vários autores que pensaram o processo de codificação da imagem, sendo Vilém<br />
Flusser provavelmente aquele que manifestou de forma sistemática a ideia de um mundo<br />
codificado. Em texto anterior, publicado em Coincidência Incrível, Flusser vale-se do<br />
conceito de “substratos do real”, para descrever os elementos a partir dos quais é possível<br />
inferir logicamente o funcionamento dos fenômenos. E uma forma mais consistente de<br />
entender aquilo que se denomina ingenuamente de “A” realidade, como se houvesse um<br />
todo unificado que configura um sistema de objetos, coisas, acontecimentos, corpos, linguagem,<br />
constituidores do mundo. A ideia de que apreendemos fenômenos a partir de<br />
substratos do real é mais compatível com a fragmentação imposta ao sistema perceptivo<br />
pela especialização dos órgãos em um corpo. Também é mais coerente com a polifonia de<br />
vozes que se atritam com perspectivas divergentes e interesses incompatíveis nos espaços<br />
simbólicos que engendram a cultura do planeta (seria injusto denominá-la “humana” em<br />
meio a tantas máquinas e processos que tornam cada vez mais intricado, e menos antropocêntrico,<br />
este lugar da linguagem em interface com organismos). Se o fenômeno do<br />
tempo real servir para mostrar que o mundo não é único, mas um conjunto de simulta-<br />
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4 Idem<br />
5 Portfolio Telemusik, organizado por Marcus Bastos, Karina Montenegro e Dudu Tsuda.