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Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis

O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames

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tas imagens são produzidas e reproduzidas tomando tanto o entorno imediato como os<br />

próprios produtos da midiatização. Para além de Debord, ou mesmo das noções de indústria<br />

cultural de Adorno e Horkheimer, ampliamos, e muito, nosso modo de operação com<br />

as imagens. Existem diálogos entre procedimentos, técnicas e modos de produção, trocas<br />

e assimilações, novas tecnologias muito fáceis (como o celular e sua intensa entrada na<br />

vida social) de operar, sobreposições de toda ordem, passividades contemplativas, interatividades<br />

de toda ordem (das mais obedientes às mais criativas e críticas), interpassividades<br />

(Zizek) e muitas outras formas de saquear e retrabalhar todas essas imagens que circulam.<br />

Nas plataformas de compartilhamento de imagens como Youtube e Vimeo, por<br />

exemplo, podemos perceber nitidamente essas duas linhas de força se cruzarem, tensionando<br />

uma situação que, se para alguns beira o caos, para outros pode também ser percebida<br />

como um novo momento de recriação e de potência do universo das imagens. Desde<br />

o vlog adolescente com milhares de acessos, até os vídeos mais vistos com suas pequenas<br />

gags de crianças brincando e pequenos acidentes, essas imagens servem para enfatizar a<br />

cultura massiva dos meios tradicionais, marcando território no ambiente colaborativo e<br />

aberto da rede. Ali, tudo é colocado em jogo, do capítulo da novela exibido ontem ao<br />

erro da apresentadora no telejornal, ou mesmo do comercial de televisão até os trabalhos<br />

autorais e experimentais. Circuito expandido.<br />

Super Mario Clouds<br />

Em Super Mario Clouds1(2002), alteração radical de um cartucho do game Super<br />

Mario Bros, Cori Arcangel elimina todas as imagens e possibilidades do jogo deixando<br />

apenas as nuvens que passam pela tela. E impossível não pensar em Magritte. Vemos somente<br />

o espaço-tempo contemplativo de um game saqueado pela força poética da operação<br />

de apropriação e recriação. Procedimento machinima ligado intensamente a uma<br />

recriação que coloca tanto o jogo quanto a imagem na lógica remix e cut and paste da<br />

contemporaneidade. Não jogue, contemple.<br />

Deambular pelo espaço-tempo dos games<br />

<strong>Machinima</strong>, antes de qualquer coisa, é um procedimento de subversão da caixa-preta<br />

(Flusser) dos games que rearticula o dispositivo e o altera em outras formas e narrativas.<br />

Vale tudo nesse jogo de recriação e abertura. Usuários rompem a caixa-preta tornando-se<br />

autores de uma “imagem de segunda”, produzida nos games, mas recriada em suas funções.<br />

Nas relações espaço-temporais que experimentamos nos games, o procedimento<br />

machinima mais interessante é romper o game-time e sair das possibilidades colocadas<br />

pelos jogos. Todas as vezes em que estou jogando, por exemplo, em qualquer racing<br />

game (dos mais ordinários aos mais sofisticados) gosto de sair das estradas definidas 1<br />

1 http://www.coryarcangel.com/tNngs-i-made/supermarioclouds/<br />

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