Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
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O elemento surpresa foi a fauna selvagem<br />
autêntica que está no filme, porque<br />
eles têm sua própria lógica. Você consegue<br />
configurar certas coisas sozinho. Como virar<br />
certos animais, mas você não pode controlados<br />
depois de colocá-los numa determinada<br />
posição. Então, você precisa segui-los, ver o<br />
que fazem e capturar essas imagens. Teve um<br />
determinado plano em que haveria um problema,<br />
porque um leão da montanha aparecia<br />
e atacava. '<br />
Ou seja, mesmo pensando o machinima como um processo e não apenas como<br />
uma obra acabada, ainda se enxergam passagens que diagnosticam um certo devir-cinema<br />
dentro do “game que será machinima”. E preciso tentar controlar o mundo, adequá-lo às<br />
imagens, domesticar sua selvageria. Literalmente.<br />
Para tornar a customização das imagens mais acessível àqueles que não detêm tanto<br />
conhecimento técnico, já surgem software dedicados à criação de machinimas. Além de<br />
alguns programas dedicados, que visam sobretudo fins comerciais e o barateamento dos<br />
custos, há casos que abordam o processo de forma literalmente mais lúdica. The Movies<br />
transforma a criação de machinimas num game em si mesmo, transformando aquilo a que<br />
Hillcot se refere metaforicamente como “um grande set de filmagens” literalmente num<br />
grande set de filmagens de Hollywood. O jogo, uma espécie de The Sims dos estúdios de<br />
cinema, pode ter seu modo de simulação social desabilitado para então ser jogado exclusivamente<br />
como um grande criador de machinimas. Vemos, novamente, as incontáveis<br />
passagens dando-se neste caso: um game para criar machinimas que contextualiza esse<br />
processo narrativamente como uma filmagem no coração da indústria cinematográfica. E,<br />
ao mesmo tempo, sensacional e assustador.<br />
Entre-imagens<br />
Neste momento, embora muitas experiências estejam sendo levadas adiante, o que<br />
podemos constatar é que apenas um universo pequeno de obras nessas passagens é de fato<br />
interessante. Talvez porque ainda envolvam grandes somas de dinheiro para sua realização,<br />
o que se pode perceber, em relação a “games a partir de filmes”, “filmes a partir de games” e<br />
muitos machinimas, é que estão longe de ter o vigor estético que associamos à arte e às cinematografias<br />
independentes. Ao contrário, e sob a camuflagem falsamente progressista de<br />
“transmídia”, o que mais temos visto, tanto em filmes quanto em games da indústria, é a repetição<br />
de fórmulas e temas, numa infinita sucessão de franquias, consumidas e descartadas em<br />
intervalo cada vez menor, a tempo de abrir caminho para a chegada do novo grande sucesso.<br />
7 Ibid.<br />
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