Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
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lhos e Azuis. Esses personagens parecem perdidos no espaço do videogame, falando sem<br />
parar sobre o significado da vida e da morte. O roteiro dos diálogos e seu profundo senso<br />
de humor são os responsáveis pelo enorme sucesso da série, fazendo com que o machinima<br />
também alcançasse um significativo sucesso.<br />
Entrevistado sobre a ligação entre os diálogos escritos para a série Red vs Blue e o<br />
Teatro do Absurdo, Burnie Burns concorda: “Sim, especialmente nos primeiros episódios.<br />
Queríamos saber o que aconteceria aos personagens de videogame depois que os jogos<br />
fossem desligados. E divertido pensar que esses caras teriam uma vida em que esperam por<br />
alguém vir e jogar seu videogame”. 19<br />
Essa mudança de significado não é usada só para efeito cômico em machinima. Para<br />
criar um efeito ficcional e um trabalho artístico através do détournement de imagens do videogame,<br />
<strong>Ed</strong>do Stern e Jessica Hutchins fizeram um trabalho diferente com voz. Landlord<br />
Vigilante é um monólogo e o tom de voz é monótono. Baseado em uma história real que<br />
aconteceu com os autores quando sua ex-locadora tentou despejá-los, como mencionado<br />
anteriormente, seguimos o pensamento de uma taxista. Os autores escolheram a narração<br />
em terceira pessoa porque ela “dava ao monólogo (em primeira pessoa) uma sensação<br />
artificial, incorpórea. Talvez essas qualidades permitam que ele seja percebido como um<br />
trabalho subjetivo de ficção, ao invés de mera difamação!”. 20 Assistir Landlord Vigilante é<br />
como viajar constantemente do texto das vozes para as imagens, como se às vezes eles não<br />
pudessem se conectar um com o outro, operando em diferentes níveis de percepção.<br />
Para criar seu personagem, Stern e Hutchins hackearam três games diferentes: The<br />
Movies, The Sims e GTA San Andreas. (figura 2) Eles também usaram imagens da internet<br />
como uma quarta fonte, mas para a voz, eles mantiveram a de uma mulher jovem:<br />
Decidimos juntar as Leslies diferentes<br />
em um personagem usando uma voz para seu<br />
monólogo. Para fazer a voz da narrativa mais<br />
obviamente desconjuntada e artificial, gravamos<br />
a voz da escritora (uma voz feminina obviamente<br />
mais jovem) como a voz de Leslie...<br />
Achamos que o uso de uma voz estranha para o<br />
personagem atrapalha insistentemente a imersão<br />
da audiência na narrativa e não permite a<br />
suspensão da descrença. Não temos certeza se<br />
isso é eficiente ou não, mas pode-se dizer que<br />
a técnica se refere às atmosferas sociais criadas<br />
em videogames online de role-playing, ou salas<br />
132<br />
19 Entrevista de Arvers com Burns, março de 2008.<br />
20 Entrevista de Arvers com Stern e Hutchins, janeiro de 2008.