Volume 2 - Machinima - Via: Ed. Alápis
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
O segundo volume da oleção CINUSP, Machinima, trata sobre filmes criados em ambientes virtuais, originalmente a partir de videogames
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lise de voz do Face Poser, que só pode analisar uma faixa vocal limpa para criar a sincronia<br />
labial automaticamente. O que eu fiz para contornar isso foi me gravar cantando e salvar<br />
isso como um arquivo WAV. Então usei o Face Poser para analisar esse arquivo para a sincronia<br />
labial. Quando a sincronização funcionou corretamente, eu gravei o personagem<br />
no vídeo, apaguei o áudio em que estou cantando e juntei o vídeo com o arquivo original<br />
de música. Foi um trabalho de inventividade, mas funcionou extremamente bem.7<br />
Relação da voz com a imagem<br />
Além da performance do jogador que cria a ação nos filmes, as vozes são o lado<br />
humano do machinima. Como o machinima é inteiramente filmado em ambientes 3D de<br />
videogames, os filmes são feitos de imagens digitais. Essas imagens são parte de mundos<br />
já existentes, e mesmo quando os diretores de machinima os modificam, eles continuam<br />
digitais e, na maior parte, inalterados. Cada um desses mundos traz seu próprio imaginário<br />
visual: um mundo de fantasia com World ofWarcraft, uma vida urbana moderna com<br />
The Sims, paisagens futuristas com Halo, ou uma violenta atmosfera suburbana em Gr and<br />
Theji Auto, por exemplo.<br />
Mais do que uma estética, é uma visão 3D do mundo - uma representação digital<br />
dele. E, nesses ambientes, as vozes transformam o significado das cenas. Originalmente<br />
imaginado por jogadores aficionados, o machinima é um modo de voltar-se a<br />
universos virtuais com que eles se sentem tão à vontade. As vozes são uma ferramenta<br />
para se apropriar desses mundos adicionando suas próprias histórias, graças aos diálogos<br />
entre personagens. As vozes trazem sensibilidade, senso de humor, ou um toque de<br />
absurdo a esses espaços virtuais. Em 366 Days, um vídeo de uma hora e vinte minutos<br />
criado pelos artistas franceses Ultralab, paisagens de Unreal Tournament são misturadas<br />
com design gráfico e vídeo. Esse vídeo é uma ficção que conta a história de um agente inteligente<br />
nascido dentro de um videogame que agora quer dominar o mundo. O agente<br />
fala em voice'Over em um monólogo poético que cria uma dicotomia entre a emoção do<br />
texto e a violência das lutas nas imagens do jogo.<br />
Videogames são feitos para diversão, mais do que fazer rir ou chorar - mesmo que<br />
isso às vezes ocorra. Ainda assim, as vozes no machinima oferecem um conjunto novo de<br />
emoções, e nos permitem perceber imagens de novas formas, aproximando-se mais dos<br />
personagens e cenários. Também trazem um elemento de “as i f analog para o machinima<br />
- um contraponto ao digital. Há uma espécie de sentimento de novidade, pois a voz<br />
e a imagem estão em contraste, entre o calor da voz e a frieza da imagem. A qualidade do<br />
discurso e de sua performance vocal proporciona uma sensação de não-digital para esse<br />
mundo muito digital. Polígonos e avatares tomam nova dimensão e nova personalidade -<br />
como se o corpo humano pudesse enchê-los e respirar dentro deles.<br />
7 Entrevista de Isabelle Arvers com Paul Marino, figura de destaque no mundo de machinima,<br />
produtor e fundador do <strong>Machinima</strong> Film Festival, janeiro de 2008.<br />
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