Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
São Paulo possuem ao menos uma característica em comum em relação<br />
ao audiovisual que são as diversas formas de exclusão: social, política, étnica,<br />
de gênero, de orientação sexual e, principalmente, econômica; mas<br />
poucos brasileiros eram e são excluídos do contato com a linguagem audiovisual.<br />
Essa inclusão nos meios de comunicação, do ponto de vista de<br />
espectador, ocorre devido ao crescimento do alcance da televisão no início<br />
dos anos 1980. A partir da definição comercial do termo popular, que<br />
elege algo como popular “porque as massas o escutam, compram, leem,<br />
consomem e parecem apreciá-lo imensamente”, 23 a linguagem do audiovisual<br />
(que incluiu o cinema, televisão, <strong>vídeo</strong> e web) se constitui como a<br />
expressão cultural mais popular do Brasil.<br />
Em relação à definição descritivo-antropológica do termo popular que<br />
diz respeito a expressões tradicionais ligadas “a todas essas coisas que o povo<br />
faz ou fez”, 24 pouco contribui segundo o autor porque “na verdade é baseada<br />
em um inventário que se expande infinitamente”, 25 o audiovisual no Brasil<br />
não tem a representação cultural como a música, a dança e as artes cênicas<br />
(música caipira, cavalo marinho, teatro de mamulengo). Levando em consideração<br />
essas duas definições do termo popular do conceito de cultura popular,<br />
a comercial e a descritivo-antropológica, o <strong>vídeo</strong> ocupa polos extremos.<br />
Stuart Hall, em detrimento às outras duas definições de popular, opta<br />
pela definição dialético-histórica que “considera as formas e atividades cujas<br />
raízes se situam nas condições <strong>sociais</strong> e materiais de classes especificas; que<br />
estiveram incorporadas nas tradições e práticas populares”. 26 Essa definição<br />
do popular elege como essencial “as relações que colocam a cultura popular<br />
em uma tensão contínua (de relacionamento, influência e antagonismo)<br />
com a cultura dominante. Trata-se de uma concepção de cultura que se polariza<br />
em torno dessa dialética cultural” (HALL, 2009, p. 241).<br />
23 Stuart Hall, Da diáspora – Identidades e Mediações Culturais (Belo Horizonte:<br />
UFMG, 2009), 237.<br />
24 Ibid., 239<br />
25 Ibid., 240.<br />
26 Ibid., 241.<br />
BUSCA DE IDENTIDADE DO COLETIVO DE VÍDEO POPULAR DE SÃO PAULO COMO POSICIONAMENTO POLÍTICO... 71