Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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mas como um “espaço” menos contaminado do pensamento ideológico<br />
e de irradiação da resistência das camadas populares frente ao sistema<br />
capitalista, sendo a criação cultural do povo explorado estranha ao modo<br />
de vida vigente 5 . Nesse sentido o Coletivo de Vídeo Popular passa a agir<br />
de forma menos idealista de apenas pensar em “fazer um mundo melhor”,<br />
e mais utópica fazendo uma “crítica do real por aquilo que nega o real” 6 ,<br />
compreendendo que fomos “criados pela racionalidade burguesa ocidental,<br />
e imersos nela […]. A utopia passa a ser de dizer que toda vez que a<br />
burguesia tentar atender os interesses de todo mundo – girando em torno<br />
de categorias como lucro, competividade e iniciativa individual – isso não<br />
vai ser possível e ela vai ser tornar totalitária” 7 .<br />
A identidade como conexão histórica<br />
O terceiro aspecto do deslocamento das nomenclaturas de identidade do<br />
movimento, até se chegar ao nome Coletivo de Vídeo Popular de São Paulo,<br />
tem relação com o contato dos integrantes do coletivo com a produção<br />
de <strong>vídeo</strong> popular da década de 1980 e início dos anos 1990, catalogadas<br />
e organizadas em fitas VHS pela Associação Brasileira de Vídeo Popular<br />
(ABVP). A identificação com essa produção levou os coletivos a leitura do<br />
livro de Luiz Fernando Santoro A imagem nas mãos – o <strong>vídeo</strong> popular no<br />
Brasil (1989) e posteriormente ao contato com o autor, que foi um dos fundadores<br />
da ABVP, em duas ocasiões: na finalização do curso “Introdução à<br />
História do <strong>vídeo</strong> no Brasil” 8 e na II Semana do Vídeo Popular 9 . Os estudos<br />
5 Enrique Dussel, “Transmodernidad e Interculturalidad (Interpretación desde la<br />
Filosofía de la Liberación)” in Crítica Intercultural de la Filosofía Latinoamericana<br />
Actual, org Raúl Fornet-Betancourt. Madrid: <strong>Ed</strong>itorial Trotta, 2004).<br />
6 Chico de Oliveira, “Entrevista para a Companhia do Latão,” Vintém 3 (São Paulo:<br />
Hedra 1999).<br />
7 Ibidem.<br />
8 Curso ministrado por mim, em 2007, no Centro de Cultura e Estudos Superiores<br />
Aúthos Pagano, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.<br />
9 Evento organizado pelo Coletivo de Vídeo Popular de São Paulo na Galeria Olido,<br />
em 2008.<br />
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