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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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para dentro” 1 . Como integrante ativo do Coletivo de Vídeo Popular de São<br />

Paulo de 2007 até 2011, analiso esses deslocamentos e alterações conceituais,<br />

organizando-os em três aspectos: em relação ao suporte de captação de<br />

imagem; na definição social do Coletivo; e na busca por uma conexão com a<br />

história recente de luta popular no Brasil.<br />

A identidade como posição política<br />

O primeiro aspecto é em relação ao suporte de captação de imagem, as<br />

nomenclaturas cinema comunitário e cinema de quebrada propunham uma<br />

organização em torno do suporte – cinema –, o que falsificava o modo<br />

de produção e trabalho dos grupos e/ou colocava-os em outra perspectiva<br />

cultural e política. Todos os trabalhos realizados utilizaram o suporte<br />

tecnológico do <strong>vídeo</strong>, o que está diretamente ligado à condição material e<br />

econômica dos coletivos e à opção de trabalho mais coletiva do que individual,<br />

mais experimental do que mercadológica. O <strong>vídeo</strong> historicamente<br />

é o suporte audiovisual mais acessível economicamente e de manuseio<br />

mais rápido e livre do que a película e a televisão, estes estão cada vez<br />

mais comprometidos com uma superestrutura técnica que demanda grandes<br />

custos de produção, relações hierárquicas de trabalho (econômicas e<br />

artísticas) e relações comerciais com grandes empresas nacionais e multinacionais<br />

de distribuição e exibição, as quais controlam as salas de cinema<br />

e as concessões públicas de transmissão televisiva. Se o movimento<br />

de <strong>vídeo</strong> popular insistisse no termo “cinema” consequentemente seria<br />

tratado, nestes tempos de política de inclusão na vida capitalista, como<br />

“os pobres” principiantes do cinema e, nestes tempos de fundamentalismo<br />

do mercado, precisaria estar à altura da instituição cinematográfica,<br />

disputando um lugar nas ferozes negociatas com empresas distribuidoras<br />

e exibidoras e seria encarado, nestes tempos de “respeito ao outro”, no<br />

1 Luís <strong>Ed</strong>uardo Tavares. “Arte e política no <strong>vídeo</strong> popular produzido hoje na cidade<br />

de SP,” Revista do Vídeo Popular 2 (set. 2009).<br />

58 QUEBRADA?

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