Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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Exemplos pontuais de sucesso podem servir de parâmetro para a<br />
reflexão, pois alguns desses programas têm impactos surpreendentes na<br />
opinião pública. É o caso do videomaker MV Bill, que teve trechos de um<br />
documentário sobre violência e crianças (Falcão, meninos do tráfico) reproduzido<br />
pela TV Globo, no Jornal Nacional e no Fantástico. Nos dias que se<br />
seguiram à veiculação das imagens, houve grande repercussão, até mesmo<br />
em debates do Congresso Nacional. Nos movimentos populares, existem<br />
centenas de <strong>vídeo</strong>s que tratam de temas semelhantes e que, em alguns casos,<br />
poderiam causar efeitos semelhantes, se amplificados pelos meios de<br />
comunicação de massa. No entanto, eles permanecem nas prateleiras, sem<br />
despertar o interesse das grandes emissoras, que preferem tratar os temas<br />
sob sua própria ótica.<br />
Seria fundamental estabelecer políticas públicas que permitam que<br />
essas produções possam chegar ao grande público. O dilema passa, por vezes,<br />
pelo desejo de intervenção na grade de programação das grandes redes,<br />
sendo sugerida a obrigatoriedade de maiores porcentagens de produção<br />
nacional. Em nosso entender, isso colabora pouco para ampliar a visibilidade<br />
da produção independente. Há sempre o risco de repetição do modelo<br />
norte-americano, em que grande parte da programação é produzida fora<br />
das emissoras, mas privilegiam-se os produtores mais estruturados que<br />
propõem projetos ou aceitam encomendas de acordo com o interesse das<br />
emissoras, e não com as necessidades e os interesses populares.<br />
Outra possibilidade para que se pense em uma programação com visões<br />
de mundo diferenciadas pode ser encontrada em experiên cias significativas<br />
nos Estados Unidos. Emissoras de acesso público e projetos como<br />
o Deep Dish TV 7 ou, mais recentemente, o Democracy Now! 8 , são exemplos<br />
7 Ver . Criada há cerca de 25 anos, é uma das mais<br />
significativas experiências de coprodução e distribuição de <strong>vídeo</strong>s via satélite<br />
para emissoras públicas e comunitárias, uma coalizão que envolveu milhares de<br />
produtores de <strong>vídeo</strong>, organizações, associações e ativistas <strong>sociais</strong>, mostrando<br />
conteúdos coproduzidos diferenciados dos da mídia corporativa.<br />
8 Ver . Trata-se de um programa de notícias diário,<br />
independente, em rede nacional, realizado por profissionais renomados, para ><br />
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