Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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Para além do aprimoramento técnico:<br />
a discussão política<br />
Se os anos 2000 assistem a um significativo aprimoramento técnico das<br />
produções populares, muitos dos velhos problemas permanecem em discussão,<br />
como qualidade e financiamento dos <strong>vídeo</strong>s, o papel dos comunicadores<br />
nas <strong>lutas</strong> <strong>sociais</strong> e populares, as coproduções e coalizões, as articulações<br />
<strong>sociais</strong> e a participação na definição de políticas públicas. Os<br />
avanços tecnológicos determinaram mudanças interessantes na atuação<br />
dos grupos populares e geraram projetos criativos basicamente centrados<br />
na internet. Tal avanço fomenta um otimismo técnico, em que uma nova<br />
tecnologia promete mais educação e democracia na comunicação.<br />
No entanto, um conceito central não deve ser esquecido nesses projetos,<br />
que em geral contam com participantes empolgados com o domínio de<br />
uma tecnologia: a ideia de que a luta por uma sociedade mais democrática,<br />
pela transformação social ou pela educação popular não se faz pela hipervalorização<br />
da tecnologia, como se acreditava na opção revolucionária do <strong>vídeo</strong><br />
ou do rádio. Não se faz uma sociedade melhor sem articulação com as reais<br />
<strong>lutas</strong> <strong>sociais</strong>. As experiências mais consistentes de rádios livres, tanto na<br />
Europa quanto na América Latina, seguiram essa lógica de articulação com<br />
movimentos <strong>sociais</strong> que davam a elas o sentido de existir. Não eram apenas<br />
projetos de comunicação radiofônica.<br />
McChesney 5 deixa claro que há uma ilusão em considerar a questão<br />
da democracia como uma questão tecnológica. Não basta ter acesso às<br />
informações: é fundamental que haja ações em comum e pressões para a<br />
definição de políticas públicas. Saber mais não significa que haverá mudanças;<br />
é preciso agir. Para McChesney, a democracia se faz com igualdade<br />
social ou diminuição das desigualdades. Uma comunicação mais democrática<br />
não garante isso e pode até ser parte do problema. Os milhões<br />
de sites hoje existentes podem trazer a diversificação nas fontes de in-<br />
5 Robert W. McChesney, Rich Media, Poor Democracy (New York: The New Press,<br />
2000).<br />
VÍDEO E MOVIMENTOS SOCIAIS – 25 ANOS DEPOIS 45