Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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A pesquisa de Clarisse Alvarenga, Vídeo e experimentação social, de<br />
2004, analisa a experiência de <strong>vídeo</strong>s produzidos no âmbito de oficinas ministradas<br />
por ONGs, utilizando a noção de “<strong>vídeo</strong> comunitário”, propondo<br />
que esse tipo de experiência ao longo da história “substituiu” o legado do<br />
“<strong>vídeo</strong> popular”. Mas atualmente talvez seja possível usar os dois termos<br />
para denominar distintas vertentes, desenvolvidas dentro de diferentes<br />
contextos organizativos, institucionais e com outras perspectivas políticas.<br />
Desde o Fórum de <strong>Cinema</strong> Comunitário e o Fórum de <strong>Cinema</strong> de <strong>Quebrada</strong>,<br />
era premente a necessidade de se avançar na conceituação que o<br />
nome e a estrutura organizativa expressava. Era necessário avançar para<br />
que a prática e a fundamentação do grupo não se limitasse a uma política<br />
de autorrepresentação, na qual a legitimidade do discurso se coloca em<br />
uma relação de pertencimento ao universo retratado. O resgate da história<br />
da Associação Brasileira de Vídeo Popular, a estruturação como coletivo<br />
(voltado para ações e não mais para uma estrutura de diálogo institucional)<br />
e o compromisso com uma classe (para além da identidade de origem) são<br />
alguns dos elementos que revelam alguns conflitos no atual campo cultural.<br />
Segundo Luiz Henrique Pereira Oliveira, 18 o “<strong>vídeo</strong> popular” pode se<br />
encaixar em duas modalidades: <strong>vídeo</strong>s de denúncia (que mostram situações<br />
de miséria, opressão, violência, destruição etc.) e os <strong>vídeo</strong>s de luta (que registram<br />
ações como uma greve, ocupação de terra etc). Alguns dos <strong>vídeo</strong>s<br />
manifestam as duas formas de abordagem, como dois momentos de um<br />
mesmo processo. Mesmo com o crescimento econômico e social, ainda hoje<br />
são frequentes produções na linha da primeira fase do <strong>vídeo</strong> popular (1980-<br />
1990), abordados em <strong>vídeo</strong>s como Qual Centro? 19 (2010), que debate o projeto<br />
de revitalização da região central da cidade de São Paulo, tendo como<br />
personagens os moradores de uma ocupação em um posto de gasolina e<br />
toda a sua luta pelo direito à moradia; O Massacre de Pinheirinho: A verdade<br />
18 Luiz Henrique Pereira Oliveira, “Transformações no <strong>vídeo</strong> popular,” Revista<br />
Sinopse de <strong>Cinema</strong>, 7, 3 (2001): 8-9.<br />
19 Dir. Coletiva. Doc. 15 min. São Paulo. MiniDV. Realização: Coletivo Nossa Tela.<br />
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