Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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anos de 2008 a 2011, o Coletivo atuou de forma mais sistematizada, com<br />
ações conjuntas de grupos na distribuição de pacotes de DVDs, publicação<br />
da Revista do Vídeo Popular e realização de algumas edições da Semana do<br />
Vídeo Popular, para destacar algumas atividades. O Circuito de Exibição<br />
de Vídeos Populares, além de programação mensal no Cine Olido, tinha<br />
inserção de seus programas também na Rede TVT, em canal UHF.<br />
Esse momento de articulação vem de um processo longo, iniciado<br />
anos antes por meio de progressiva conversação entre diversos atores atuantes<br />
no audiovisual da cidade de São Paulo. A ideia de um “<strong>vídeo</strong> popular”<br />
não se dá em torno de uma concepção estética unitária da produção,<br />
mas está ancorada na participação das camadas populares no processo de<br />
feitura e no engajamento que o <strong>vídeo</strong> pode agregar às <strong>lutas</strong> <strong>sociais</strong> e às<br />
reivindicações políticas. Sem o glamour do cinema, os <strong>vídeo</strong>s produzidos<br />
nos revelam dimensões conflitivas, mobilizações <strong>sociais</strong>, entre outros temas<br />
do cotidiano das classes populares.<br />
O Coletivo de Vídeo Popular surgiu a partir de um resgate, feito por<br />
esse grupo que tinha suas origens no fórum de 2005, do histórico da Associação<br />
Brasileira de Vídeo Popular (ABVP). Criada em 1984, a ABVP visava<br />
atividades de formação, produção e distribuição de <strong>vídeo</strong>s junto a<br />
movimentos <strong>sociais</strong>, tendo sido uma das mais expressivas experiências de<br />
comunicação alternativa na época. A entidade chegou reunir cerca de 250<br />
organizações não governamentais, produtores independentes e usuários<br />
de diversas regiões do país, tendo produzido e distribuído em torno de 500<br />
<strong>vídeo</strong>s que versam sobre temas como educação popular, reforma agrária,<br />
sexualidade, gênero, saúde, questões étnicas e raciais, meio ambiente, greves<br />
e organização dos trabalhadores, entre outros. A mudança de nome do<br />
fórum para Coletivo de Vídeo Popular sinalizava uma mudança de projeto<br />
político e um amadurecimento organizativo.<br />
Para compreender o sentido desse resgate histórico, bem como para<br />
destacar semelhanças e diferenças entre as experiências, vale debruçar-se<br />
sobre o contexto de criação da ABVP. A análise dos dois distintos períodos<br />
poderá, ainda, iluminar aspectos importantes das transformações da produção<br />
cultural, popular e audiovisual nas últimas décadas.<br />
O AUDIOVISUAL COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA NA CIDADE E COMO CRIAÇÃO DE REDES... 25