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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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estão fazendo bem – o Lincoln faz muito bem em São Paulo, o Thiago Mendonça<br />

faz muito bem, Luiza Paiva faz muito bem, o Allan Ribeiro faz muito<br />

bem –, tem muita gente que faz muito bem, sabe? Mas voltando, no meu<br />

filme, particularmente, a música é fundamental. É ela que norteia as minhas<br />

histórias. Eu sempre penso num filme, pensando nesses caras, porque<br />

eu frequento forró – vou amanhã no forró perto da minha casa –, eu gosto<br />

de forró. Eu acho que esses caras que cantam, esse forró de quebrada, uma<br />

coisa espetacular, o corpo deles, a fala deles. Eu tenho um filme também,<br />

um curta-metragem, que vai ser produzido também o ano que vem, Lobisomem,<br />

que é sobre um lobisomem contrabaixista de forró. É um cara que<br />

toca forró nas quebradas e quando ele vai à Brasília vira lobisomem. Não é<br />

quando ele vê a lua cheia que vira lobisomem, é quando ele vê Brasília, daí<br />

ele vira o olho, fica louco e começa, e ele é um cara que toca contrabaixo<br />

no forró. Mas, enfim, pra dizer que os personagens da música também são<br />

muita inspiração pra mim, sabe?<br />

LORENA: Nessa história de cinema de periferia, você até mencionou<br />

outros exemplos, você acha que existe aquilo que se chama de<br />

“cinema de quebrada”? Como você vê os seus filmes sendo incluídos<br />

nessas curadorias de mostras de cinema de quebrada?<br />

ADIRLEY: Assim, meus filmes serem incluídos pra mim é um orgulho, uma<br />

honra muito grande. Eu me sinto, sinceramente, honrado, de alma lavada,<br />

vamos dizer assim. Pô, que massa o meu filme passar nesses lugares assim,<br />

que massa ele ser incluído numa reflexão sobre isso. Acho fundamental, me<br />

orgulho muito. Agora, acho que esse discurso de cinema de periferia precisa<br />

ser muito mais refletido. Não sei se existe cinema de periferia, acho que<br />

existe – nunca, como diria a Dilma, nunca antes neste país, né – acho que<br />

nunca antes neste país teve tanta molecada, tanta gente boa fazendo filme<br />

em periferia. Isso é foda, isso é maravilhoso. Acho que isso vai ter reflexos<br />

fantásticos daqui a cinco, dez anos. Esse corpo que vive fora de cena, chega<br />

e faz cinema é uma coisa impressionante, isso é uma coisa que a gente não<br />

tem dimensão ainda de como que isso vai estourar de pessoas que têm muito<br />

domínio de cena, muito domínio de cinema. Porém, acho que não existe<br />

232 QUEBRADA?

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