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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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produção de cinema que não seria a sala de cinema pública ou somente<br />

festivais. Festival é maravilhoso, adoro festival, se não gostasse não estaria<br />

colocando meus filmes lá. Eu não sou cínico pra dizer que: “Ah, festival é<br />

lugar de elite”, é sim de elite, mas também é onde a gente pode mostrar<br />

os filmes, sabe? É nesse sentido. Acho que as salas de cinema são fundamentais,<br />

a distribuição no Brasil é um lugar muito difícil, mas esse lugar só<br />

existe se for ocupado politicamente. E ele deve ser ocupado politicamente.<br />

LORENA: Em outras entrevistas você falou que está distribuindo<br />

DVDs do seu filme na feira. Como é pra você, pensando nessa sua<br />

proposta de distribuição dos filmes na comunidade, até pelo caráter<br />

simbólico que isso tem lá dentro, como é a recepção dos seus filmes<br />

também pro público de Ceilândia?<br />

ADIRLEY: O meu sonho era passar os filmes aqui. Era meu sonho e eu vou<br />

fazer isso. A ideia era assim: queria muito que houvesse possibilidade de<br />

passar o filme na feira, nos camelôs, sabe? Eu tenho muitos amigos camelôs,<br />

eles até sabem que eu faço cinema, mas também é um lugar muito<br />

assim: “Ah, esse cara aí faz uns filmes”. Como um cara que vende laranja,<br />

eu faço uns filmes, e assim é massa também pra mim. Mas num lugar de<br />

encontro, eu vou na padaria e tem uma menina de quem eu compro os<br />

filmes dela, aqueles que eu não posso ver no cinema, que são quase todos.<br />

Eu compro e adoro filme de mercado, assisto todos na verdade e compro<br />

vários filmes desse tipo. Eu vejo muitos filmes hoje e também gosto deles<br />

pra ver com a minha esposa, com os meus amigos, como uma pessoa<br />

comum, tenho hábitos de consumo comuns também. Então essas pessoas<br />

são pessoas do cotidiano, da feira, do mercado, ou vendendo em frente à<br />

escola. Eu até falo pra eles: “Ah, vou trazer uns filmes aí pra gente vender<br />

e tal” e eles piram em vender, assim, eles piram em colocar na banca,<br />

sabe? Porque pra mim seria uma honra se eles colocassem o meu filme na<br />

banquinha deles, se colocassem na feira. Pra mim seria um prazer muito<br />

grande essa possibilidade de o filme ter também a chance de ser visto, é<br />

isso. Com relação ao diálogo com a comunidade, é outra coisa que tem me<br />

colocado muito em uma reflexão muito grande, aliás, do filme Branco Sai<br />

222 QUEBRADA?

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