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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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que vai vir superando a gente. E eu acho que é isso mesmo, tá certo, que<br />

eles estão certíssimos assim. O empoderamento da universidade pública é<br />

fundamental, o ensino público gratuito é fundamental, acho que a gente<br />

tem que ter esse direito, todos nós. Temos o direito de ir encontrar a universidade<br />

pública, encontrar o centro, porque a universidade pública é o<br />

centro. A gente tem esse direito de estar lá e sentir isso, tanto em relação<br />

ao país, quanto em relação aos projetos pessoais. Esse sonho de universidade<br />

é o sonho do jovem de periferia, sempre foi. Na minha família, por<br />

exemplo, eu sou o único que frequenta universidade pública, então meus<br />

irmãos sempre falam com muito orgulho, apesar de terem questões também,<br />

mas acho que esse direito e essa vontade de estar na universidade<br />

são fundamentais, a universidade pública é fundamental. Agora, a universidade<br />

pública historicamente é uma universidade com problemas também,<br />

porque é do centro, porque é elitizada, isso tá mudando agora. Mas, tem<br />

essas questões todas, né. E por ela ser assim, eu acho que ela poda muito o<br />

corpo de outras pessoas. Quando eu falo de “periferia” é porque eu tenho<br />

esse jargão e talvez seja um lugar em que eu me encontro e consigo me<br />

relacionar. Mas eu acho que ela tem essa gramática opressora em relação a<br />

antigas minorias, antigamente jovens negros da cidade eram minoria, hoje<br />

não são mais, já tem a cota, o que é importantíssimo, é maravilhoso. Antigamente<br />

mulheres no curso de <strong>Cinema</strong> eram minoria. Hoje é um absurdo<br />

pensar em mulheres ou em negros como minoria, mas estou pensando<br />

naquele quadro que existia naquele momento, e essa gramática era uma<br />

gramática branca, masculina, de centro, extremamente opressora. Eu acho<br />

que essa gramática tende a mudar, ela tinha esse problema de também<br />

deixar a gente na parede, sabe? A gente negava muito o conhecimento<br />

local. Acho que era importante pra gente, desde que a gente compreenda.<br />

Eu acho, que a única força que a gente tem é a força de um discurso diferente,<br />

por exemplo, se eu venho de Ceilândia ou se outra pessoa vem do<br />

Capão, ou se não sei de onde a pessoa vem, eu acho que ela tem uma força<br />

gramatical muito forte. Eu acho que o cinema é isso, é a possibilidade de<br />

rompimento com essa gramática. Assim, a negação radical não só da gramática,<br />

vamos dizer assim, “técnica”, a coisa dos planos, a decupagem. Mas<br />

ENTREVISTAS – ADIRLEY QUEIRÓS 217

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