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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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chamado Meio Fio. São várias pessoas que estão juntas. Mas, assim, é um<br />

coletivo que vem há dez anos, né, é um coletivo cheio de questões, que<br />

nasceu com uma ideia muito bonita, mas – como todo coletivo – a gente<br />

briga pra caramba, a gente racha muito. Vários são os rachas, porque como<br />

é um coletivo que nasceu de um aspecto muito politizado, obviamente as<br />

questões também acontecem de maneira muito forte. E uma das coisas<br />

que a gente coloca é que, cara, o coletivo existe, mas as pessoas também<br />

têm a subjetividade delas, as vantagens delas, têm outras formas de pensar<br />

cinema, e durante o tempo as coisas vão mudando, a forma de pensar cinema<br />

vai mudando. Então, não é um coletivo no sentido idealizado de: “Ah,<br />

somos todos grandes amigos”, nós somos amigos, mas nós brigamos, temos<br />

rachas, temos brigas públicas. Existe uma liberdade política de pensar<br />

muito evidente, e isso também se evidencia no processo coletivo. Eu falo<br />

muito isso, até pra não deixar idealizado, sabe? Porque às vezes fica muito:<br />

“Ah, os coletivos são todos, assim, muito legais”, não, a gente tem muitos<br />

problemas. Temos a noção clara, por exemplo, que o coletivo durante muito<br />

tempo foi um coletivo apenas de homens. É uma outra questão que não<br />

é tão simples assim de falar, porque eu acho que não é um grupo machista<br />

nem sexista, apesar de ser machista e sexista, no sentido de que a nossa<br />

geração é assim, sabe? A nossa geração nasceu assim e não vai ser de uma<br />

hora pra outra que a gente vai mudar esses conceitos. Mas eu quero dizer<br />

que o coletivo nasceu muito nessa, é um coletivo harmônico, no sentido<br />

de que a gente tem as mesmas questões, mas é um coletivo muito montado,<br />

sabe? Neste momento, por exemplo, tem várias mulheres no coletivo,<br />

houve um momento em que não havia nenhuma. Obviamente a gente<br />

pensa e entende a importância dessa questão de gênero, da questão racial,<br />

da questão do território, mas não somos um coletivo que tá preocupado<br />

com o politicamente correto, entendeu? A gente acha que o sentimento e<br />

a experiência honesta é muito mais interessante do que forçar situações<br />

que são de pauta ou que são politicamente corretas. E uma dessas questões<br />

politicamente corretas é uma das nossas brigas. A gente briga muito,<br />

discute muito e rompe, é muito rompimento, mas o coletivo existe, ele é a<br />

base do nosso cinema praticado, entendeu? Porque a gente discutiu muito<br />

ENTREVISTAS – ADIRLEY QUEIRÓS 215

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