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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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A criação e a experiência estéticas nesse caso são indissociáveis da experiência<br />

e da ação política. Parte fundamental da expressão dessa cultura<br />

“da periferia” ou “popular” é o audiovisual como instrumento de mudança<br />

na cidade, como instrumento de criação de redes de interlocução política<br />

e cultural, por vezes articulando uma postura de luta de classes, por vezes<br />

buscando uma inserção ainda que marginal em um “mercado” audiovisual,<br />

tensão permanente nas disputas pelo significado desse campo. Os<br />

<strong>vídeo</strong>s, em geral, refletem esse contexto e são pensados como instrumentos<br />

de luta por transformação, que abarcam diversos problemas <strong>sociais</strong><br />

que a periferia escancara com mais força – a discriminação do negro, a<br />

luta por moradia, por saúde, educação e cultura são algumas das questões<br />

proeminentes.<br />

É importante destacar, porém, a necessidade de se olhar para esse<br />

conjunto para além de um “reflexo” ou “expressão” de determinada realidade.<br />

A ideia de “mediação”, tal como proposta por Raymond Williams<br />

aponta para a necessidade de se reconhecer na produção cultural um processo<br />

ativo de relação entre sociedade, arte e política. Para usar as palavras<br />

de Gramsci, há que se reconhecer que esse é um processo “longo,<br />

difícil, cheio de contradições, de avanços e de recuos, de desdobramentos<br />

e reagrupamentos”. 4<br />

A pesquisadora Rose Satiko Hikiji, em texto de 2011 5 , aponta para as<br />

transformações ocorridas na perspectiva dos grupos de São Paulo ao longo<br />

da década de 2000, vislumbrando o crescimento do engajamento político<br />

e social. Em suma, o processo pelo qual passaram alguns desses grupos<br />

explicita a procura por construir um discurso contra-hegemônico, a partir<br />

do reconhecimento de uma identidade com as classes subalternas.<br />

4 Antonio Gramsci, Cadernos do cárcere. Tradução de Carlos Nelson Coutinho com<br />

a colaboração de Luiz Sergio Henriques e Marco Aurélio Nogueira, vol. 1 (Rio de<br />

Janeiro: Civilização Brasileira, 1999), 104.<br />

5 Rose Satiko Gitirana. “Imagens da <strong>Quebrada</strong>”, Seminário Estéticas das Periferias –<br />

Arte e Cultura nas Bordas da Metrópole, 2011.<br />

O AUDIOVISUAL COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA NA CIDADE E COMO CRIAÇÃO DE REDES... 19

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