Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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aí o que acontece?”, a gente falou: “Pô, como é que vai ser? Vai cobrar, vai<br />
multar como um filme comum?”, não. Aí depois a gente passou a discutir:<br />
meu, se o pessoal não tá devolvendo, com alguma coisa positiva o pessoal<br />
tá se identificando pra querer guardar em casa, pra eternizar, não sei, só<br />
sei que várias fitas não voltaram, né. E teve um fato engraçado, tinha uma<br />
locadora, isso é bom ressaltar, que na época chegou com um peso muito<br />
grande aqui na Cidade Tiradentes, a Locadora Tranca, que era a mais bonitona,<br />
a maior, a mais luxuosa do bairro, só que era cara. Como o dono<br />
não morava aqui, ele tinha dificuldade pra falar com a gente ou não queria<br />
nos atender de fato. A gente sempre ia na locadora e deixava recado, porque<br />
ele nunca estava, nunca podia atender; deixava telefone, ele nunca<br />
respondia. Até um belo dia em que eu mesmo fui pra locadora, falei: “Opa,<br />
você falou com o dono?”, e o atendente: “Não, não falei ainda”, eu respondi:<br />
“Ah, beleza, então”, já estava cansado de ir lá. Era naquela época<br />
em que o PCC estava atacando, estava a milhão em São Paulo, causando<br />
tumulto. Saí da locadora, peguei o telefone e liguei na locadora do orelhão,<br />
aí atenderam: “Opa, quem tá falando?”, “Aqui é o Cobra, do PCC. Meu, os<br />
meninos disseram que estão tentando falar com o dono da locadora aí e já<br />
tem um tempo que não conseguem”, “Não, não”. Falei um bolão, xinguei<br />
pra caramba e desliguei o telefone. Acho que passaram dez minutos e o<br />
meu celular tocou: “Opa, aqui é o Fulano de Tal, eu queria ajudar aí, patrocinar<br />
o projeto aí”. Aí foi muito louco, porque, meu, a gente não queria<br />
patrocínio, nem nada, só queria que o cara desse ouvido: “Ó, libera um<br />
espaço na prateleira pra colocar dez fitas VHS”, era um negócio simples. E<br />
esta foi a locadora que estendeu o projeto por mais tempo. Isso foi engraçado,<br />
porque naquela época os DVDs já estavam chegando, né, meu, que<br />
já estava a milhão os aparelhos de DVD, e lá continuava com as fitas VHS,<br />
tinha poucas fitas na locadora, mas as nossas ainda estavam lá. Foi uma<br />
situação engraçada, meu.<br />
WILQ: Quais são as referências de vocês na área do audiovisual?<br />
NEGRO JC: Olha, a gente se baseia muito nos filmes do Tupac, Tupac não,<br />
do Spike Lee, do Jefferson De, entendeu? Hoje, eu gosto bastante de assistir<br />
200 QUEBRADA?