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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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isso não ia: “Mano, vamos ficar de boa, tá osso, tá sem grana”. Aí ligaram,<br />

falaram: “E aí, vocês vão vir?”. “Mano, a gente não vai”. “Pô, se eu fosse vocês,<br />

eu ia, mano”. “Mas por quê?”. “Não, eu ia, mano, não perderia isso, tal”.<br />

WILQ: Já deram a dica, né?<br />

MONTANHA: Aí o Jota falou assim: “Mano, eu acho nós ganhamos essa<br />

merda aí, velho. Porque os caras tá querendo muito que a gente vá, mano”.<br />

Então a gente foi, pegou um carro. Na época o carro não estava numa condição<br />

muito boa. Foi com o Tipo? Foi com o Tipão, né, aí chegamos lá, já<br />

no finalzinho, o pessoal nem queria nos deixar entrar. Dissemos: “Então,<br />

mano, mas a gente tá participando da parada também”. Aí na sequência<br />

abriram-se as portas, o pessoal saiu, começou a parabenizar a gente, tal.<br />

Chegamos com o Tipão. Três negrão e uma mulher, pá, num lugar que só<br />

tinha bacana, lá no MIS, né, mano?<br />

WILQ: Só a nata do cinema lá.<br />

MONTANHA: Aí o pessoal não deixou a gente entrar, mano, e foi louco,<br />

porque no final quem ganhou foi a gente, recebemos o prêmio lá fora<br />

NEGRO JC: Tem um projeto que é o <strong>Cinema</strong> de Periferia. A gente ia em<br />

vários festivais de cinema e <strong>vídeo</strong> quando começamos a fazer os curtas, só<br />

que o povo da Cidade Tiradentes não tinha acesso e não via a maioria desses<br />

trabalhos, aí a ideia era juntar todos os curtas-metragens que a gente<br />

desenvolveu ao longo dos anos, desde o primeiro até aquele momento, e<br />

colocar todos numa fita VHS para distribuir em todas as locadoras do bairro.<br />

Na época a gente conseguiu distribuir em nove locadoras. Esse projeto<br />

rolou durante quatro anos, foi bacana porque o pessoal teve uma aceitação<br />

muito boa em relação a ele. A gente colou vários cartazes em vários comércios<br />

do bairro, o pessoal começou a assistir, interagir mais, conhecer o<br />

que a gente estava produzindo, e isso foi fantástico. E de certa forma, em<br />

várias locadoras, as fitas não voltavam, já que o pessoal devolvia as fitas<br />

dos filmes que tinha locado, mas as nossas não devolvia, então os donos<br />

das locadoras começavam a ligar: “O pessoal não tá devolvendo as fitas, e<br />

ENTREVISTAS – FILMAGENS PERIFÉRICAS 199

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