Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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capaz de abrir caminhos para a construção de uma força coletiva, contrapondo-se<br />
às concepções de mundo oficiais.<br />
Nessa encruzilhada estão presentes produtores audiovisuais que,<br />
sempre entre o tempo obrigatório do trabalho e o necessário descanso, encontram<br />
cada vez mais na produção cultural seus instrumentos de luta e<br />
espaços de rara liberdade e coletividade. Para Arlindo Machado, “tudo, no<br />
universo das formas audiovisuais, pode ser descrito em termos de fenômeno<br />
cultural, ou seja, como decorrência de um certo estágio de desenvolvimento<br />
das técnicas e dos meios de expressão, das pressões de natureza<br />
socioeconômica e também das demandas imaginárias, subjetivas, ou, se<br />
preferirem, estéticas, de uma época ou lugar”. 2<br />
Mais do que o mero reconhecimento de algum “centro”, mais do que<br />
por vezes se espera com as novas “oportunidades” que estes lhes oferecem,<br />
na prática esses produtores e seus coletivos parecem estar justamente<br />
questionando e reinventando os termos do binômio centro/quebrada de<br />
uma maneira que seria improvável ao mercado audiovisual hoje. Estes,<br />
por sinal, fazem cada vez mais referências e reverências a isso que hoje se<br />
consolida como uma “cultura da quebrada”.<br />
Mas, para além do olhar sobre os aspectos socioculturais de tais iniciativas,<br />
hoje podemos olhar para essa produção tal como criações artísticas.<br />
Compartilhando da ideia de André Costa,<br />
[…] queremos questionar se o que estamos contemplando aqui não pode ser<br />
compreendido como a produção de uma experiência estética gerada por um<br />
conjunto de saberes, técnicas e atividades específicas. Esse conjunto de instrumentos<br />
(videoteca, mostras, debates, formas de <strong>vídeo</strong> participativo) não<br />
comporia um aparato técnico (e tecnológico) para uma imersão de certo público<br />
no campo estético? 3<br />
2 Arlindo Machado, “A experiência do <strong>vídeo</strong> no Brasil,” in Máquina e imaginário: o<br />
desafio das poéticas tecnológicas (3a ed. São Paulo: <strong>Ed</strong>usp, 2001).<br />
3 André Costa, “Videografias no espaço,” Caderno Sesc Videobrasil 3, 3 (2007), 78.<br />
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