Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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mas como era algo que não gerava dinheiro, não gerava renda, nem todo<br />
mundo dava atenção ou podia participar frequentemente das atividades,<br />
dos <strong>vídeo</strong>s, das correrias, das militâncias, das reuniões, enfim, correr atrás<br />
de projetos culturais pra tentar ganhar alguma coisa. Então, com o tempo<br />
as pessoas naturalmente foram se distanciando, até mesmo por questões<br />
pessoais, de ter que levar o pão e o leite pra dentro de casa, né, meu, de<br />
precisar de uma renda fixa. Infelizmente, devido a esses motivos, as pessoas<br />
foram saindo, né? Trabalhar com <strong>vídeo</strong> – não vou nem dizer trabalhar,<br />
no nosso caso é sobreviver do <strong>vídeo</strong> – é uma missão quase impossível, é<br />
complicado, é correria diária. Hoje pode tá muito bom e daqui seis meses<br />
pode tá muito ruim, entendeu? São fases que a gente passa e que, se você<br />
não tiver um objetivo, não estiver centrado no que você realmente quer, no<br />
que você almeja, você desiste. A Filmagens Periféricas tem trabalhado não<br />
só com questões culturais, com o projeto de exibição de cinema e <strong>vídeo</strong> na<br />
Cidade Tiradentes, mas também com trabalhos comerciais, que traziam de<br />
fato renda pra gente e que motivavam a gente também.<br />
WILQ: Qual é a motivação e o desafio atualmente pro Filmagens<br />
Periféricas?<br />
MONTANHA: No passado, o que eu fazia só era possível porque eu trabalhava<br />
no abrigo e tinha um salário. Quando a gente era moleque, era<br />
sustentado pelos pais, tinha uma casa, comida, roupa lavada e tudo mais.<br />
Agora, a gente cresceu. Somos pais de família, temos nossas esposas, nossos<br />
filhos, nossas responsabilidades. Não dá mais pra viver só da vontade<br />
de querer fazer alguma coisa, a gente tem que ter renda pra isso. Não dá<br />
mais pra viajar pro Fórum Social Mundial com cem reais no bolso. Então,<br />
a gente falou: “Mano, vamos fazer disso uma forma de renda”, a gente tem<br />
capacitação pra dar oficinas, pra dar formação, como já fizemos várias vezes,<br />
mas levamos o Filmagens Periféricas pra um patamar comercial. Hoje<br />
a gente presta serviço pra algumas empresas, fazemos trabalhos pra Claro,<br />
pra Tim, pra Vivo, pra Oi, pra Nextel. Hoje temos um cliente aí, que é<br />
o Grupo Pão de Açúcar, com uns quatro ou cinco trabalhos no ano e isso<br />
que só tá começando, no mínimo a gente faz e assina como Filmagens<br />
196 QUEBRADA?