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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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pessoas que têm uma estrutura de vida bacana aqui dentro, o que é legal,<br />

porque foi pela correria mesmo, até pra quebrar os estereótipos do tipo:<br />

“Ah, porque os pretos não trabalham, são todos preguiçosos”. E tá aí, o pessoal<br />

com umas casonas da hora, uns carros da hora, correndo atrás do seu<br />

progresso. Então, Tiradentes hoje é progresso, mano. A gente viu da CMTC<br />

pras lotações, enfim, veio o Corpo de Bombeiros, os bancos. Eu lembro<br />

que, uma vez, numa formação – quando comecei a entrar nesses bagulhos<br />

de formação, da área social – me perguntaram: “O que você gostaria que<br />

tivesse na Tiradentes?”, eu falei: “Um banco”. Na época deram risada, tá<br />

ligado? Hoje, pra glória de Deus, temos três aí, mano. Hoje temos todas as<br />

agências, temos escolas particulares, temos até faculdade aqui dentro. É<br />

um bairro que cresceu muito.<br />

WILQ: Cara, fala um pouco da tua história, até esse encontro com o<br />

audiovisual.<br />

MONTANHA: Eu era bem ocioso, não tinha uma perspectiva de vida, não<br />

sabia o que queria pro meu futuro, não fazia ideia disso. Naquela época,<br />

Tiradentes não projetava isso em você. Eu era muito esculachado pelos<br />

professores na escola, pela falta de condição mesmo. Enfim, você realmente<br />

não tinha incentivo de ninguém, já que a família trabalhava muito,<br />

né, mano, minha mãe sempre trabalhou demais. Então, era diferente, mas<br />

Deus sempre olhou pela minha vida – graças a Deus – e a gente foi conseguindo<br />

vencer algumas barreiras. Um dia eu encontrei o audiovisual, curti,<br />

comecei a praticar, a entender. Conheci o NEGRO JC, enfim, comecei a<br />

fazer alguns trampinhos bem amadores, na época, mas muito rico na questão<br />

social. O audiovisual foi algo que trouxe uma perspectiva de vida para<br />

mim, sabe? Me projetou na área social, me projetou nos abrigos. Trabalhei<br />

nos abrigos durante muito tempo usando a câmera como uma ferramenta<br />

política mesmo, né. O audiovisual foi muito rico nessa parte, porque me<br />

deu a formação e a estrutura. Hoje eu sobrevivo só do audiovisual, graças<br />

a Deus. Tem momentos bons, tem momentos ruins, mas é o que me sustenta,<br />

é o que sustenta a minha família, é o que sustenta os meus amigos.<br />

Deus vem dando a graça, né, mano. Deus vem dando a graça… eu ponho<br />

194 QUEBRADA?

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