Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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meados da década de 1990, sendo a Unesco a principal protagonista na formulação<br />
e difusão do conceito, através do relatório Nossa Diversidade Criadora,<br />
em que aparece como motor para o desenvolvimento humano e sustentável,<br />
viabilizando o respeito às diferenças e a tolerância entre os povos.<br />
Esse estímulo acaba por atingir também a posição central da relação<br />
centro/quebrada. Se o centro não dispõe mais da velha exclusividade<br />
quando se trata de produção cultural (para não falar da produção econômica<br />
em geral), desponta agora a periferia como polo de investimento e<br />
atenção, que visa as novas capacidades produtivas periféricas. É necessário<br />
dizer, porém, que tais iniciativas não se traduzem em alterações estruturais<br />
das políticas de investimento do Estado e na regulação do mercado. No<br />
fundo, a política da diversidade tem feito parte de um esforço em construir<br />
uma representação ideológica do Estado em que ele não aparece como um<br />
organismo de classe, mas como expressão de todas as energias nacionais.<br />
No que se refere aos aspectos político-culturais, o princípio da diversidade,<br />
fortalecido nas últimas décadas, se traduz na defesa do respeito à<br />
pluralidade das culturas e pelo reconhecimento das identidades culturais.<br />
A ideia de diversidade é mobilizada como um vetor que pode proporcionar<br />
um equilíbrio no mercado de bens culturais, que, por sua vez, é marcado<br />
por fortes desigualdades e concentração nas mãos de poucos, tanto no<br />
âmbito da produção e difusão como no do consumo de bens e serviços<br />
culturais. Tal perspectiva da diversidade vem sendo utilizada na interlocução<br />
entre o Estado e os agentes culturais que pressionam por políticas<br />
públicas para o setor, sob a ótica do direito à cultura. Nesse contexto, em<br />
que se abre campo para tais políticas, mas timidamente ainda, parte da<br />
atuação dos grupos de produção audiovisual popular foi a de reivindicar a<br />
ampliação de determinadas políticas pelo Estado.<br />
Apesar desse contexto, é possível dizer que há sempre espaço para<br />
que as contradições inerentes a esses aspectos do atual panorama político-cultural<br />
brasileiro criem, a depender da organização e formulação<br />
interna de determinados grupos, condições para algum grau de instabilidade<br />
política que possam motivar modificações. A cultura, então, aparece<br />
como um elemento fundamental na organização das classes populares,<br />
O AUDIOVISUAL COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA NA CIDADE E COMO CRIAÇÃO DE REDES... 17