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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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longínqua quebrada: trabalho, lei, informação, cultura e política. Seria o<br />

destino necessário de toda periferia, que por sua vez carrega o peso de um<br />

mal necessário, como mero resquício de um passado a ser superado pela via<br />

de uma missão civilizadora que, no entanto, nunca chega a se concretizar.<br />

Todavia, na última década, outra maneira de articular essa relação<br />

ganhou enorme força. Com ela, a posição “periferia” já aparece ligada a<br />

um conjunto de elementos ditos positivos, como cultura, cinema e <strong>vídeo</strong>.<br />

Exemplo maior disso é que ela já não tem tanto o sentido de um lugar marcado<br />

pela ausência de acesso à “informação” e “cultura”, mas uma fonte poderosa<br />

e inovadora de produção e reprodução de informações e de uma rica<br />

diversidade cultural. Dessa diversidade, compartilhando problemas crônicos<br />

de infraestrutura urbana ou moradia precária, surge uma identidade<br />

que se reflete em uma, hoje cultuada, “cultura da periferia”, “da quebrada”.<br />

Presenciamos atualmente o momento em que essa cultura chega aos<br />

formatos do cinema e do <strong>vídeo</strong>. “<strong>Cinema</strong> de quebrada”, “<strong>vídeo</strong> comunitário”,<br />

“<strong>vídeo</strong> popular”, “<strong>vídeo</strong> periférico” e “<strong>vídeo</strong> militante” são algumas das maneiras<br />

pelas quais produtores e pesquisadores nomeiam a atividade, articulando<br />

um discurso audiovisual próprio e externando disputas, tensões e reflexões<br />

permanentes sobre as implicações políticas de diferentes modos de<br />

atuação. Diversas concepções e reflexões se apresentam, no entanto, ainda<br />

há um caminho a trilhar para que se possa, como postula Antonio Gramsci,<br />

“encontrar a identidade real sob a diferenciação e contradição aparente, e<br />

encontrar a diversidade substancial sob a identidade aparente”. 1<br />

Hoje o audiovisual é visto cada vez mais como um setor que não está<br />

restrito ao dito cinema de mercado e à indústria cultural, e também como<br />

um instrumento no interior de ações culturais e <strong>sociais</strong>. Diversas políticas<br />

públicas buscaram contemplar esse setor do audiovisual nos últimos anos,<br />

enfatizando o papel formativo e social e o estímulo à diversidade cultural.<br />

Essa noção já vinha fazendo parte da agenda política internacional desde<br />

1 Antonio Gramsci, Quaderni del cárcere. <strong>Ed</strong>izione critica Dell’Istituto Gramsci di<br />

Roma a cura de V. Gerratana (Torino: Einaudi, 1977), 2268.<br />

16 QUEBRADA?

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