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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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a realidade, de verdade assim”, porque, como diz Peu, “a gente quer fazer<br />

alguma coisa que mude, a gente quer gerar reflexão”.<br />

Perguntei para os dois em que momento perceberam esse potencial<br />

do audiovisual. A percepção de David se dá quando da proximidade com<br />

armas reais:<br />

[…] a gente foi num acampamento do MST [para fazer um filme] e a gente tinha<br />

uma área de conflito bem marcada, que era o fim do acampamento e o começo<br />

da propriedade. E nessa área tinha uma trincheira. A cratera tava cavada do lado<br />

de lá e tinha um morrinho pra que os capangas do proprietário da terra pudessem<br />

se esconder atrás do morrinho e atirar do outro lado, caso fosse necessário.<br />

E na hora que a gente chegou nesse lugar com as câmeras, o impacto pra eles<br />

foi muito forte… A gente viu que também estava com uma arma muito poderosa<br />

nas mãos, que causa sérias impressões ou altera o comportamento de várias<br />

pessoas. Para mim isso tornou-se muito consciente naquele momento, quando<br />

eu percebi que a câmera também funciona como um objeto que pode mudar<br />

muitas coisas no modo de agir, de ser e de estar das pessoas. Isso pra mim foi<br />

bem pontual, foi bem marcado, a gente tinha uma arma na mão também, e que<br />

não era uma arma que machucava ninguém, pelo contrário era uma arma… boa.<br />

Para Peu, o momento da percepção se deu com o próprio Panorama:<br />

[…] pra mim ficou bem claro quando eu comecei a sentir e dimensionar a importância<br />

que teve o trabalho do Panorama na comunidade em geral. Depois,<br />

teve uma Semana de Arte Moderna, que talvez tenha relação com o filme, é…<br />

Depois, teve a revista Cultura Periférica, que foi inspirada no filme. […] Pra<br />

mim ficou muito forte essa coisa da importância histórica que tem o conteúdo<br />

quando compilado.<br />

Para mim, amigos, diria que o potencial se explicita quando lembro que<br />

“a gente se encontrou por causa do filme”.<br />

* * *<br />

170 QUEBRADA?

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