Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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Adirley Queirós, Cavi Borges e o coletivo Filmagens Periféricas comentam<br />
seus percursos e estratégias políticas, econômicas e estéticas adotadas<br />
nos filmes e como o desenho de produção é resultado de escolhas e<br />
constrangimentos orçamentários.<br />
Clarisse Alvarenga, Esther Hamburger, Gustavo Souza, Maria Beatriz<br />
Colucci e Alinny Ayalla Cosmo dos Anjos encontram distintas portas de<br />
entrada para a análise fílmica. Gustavo Souza questiona, provocativo, a<br />
existência de uma estética cinematográfica da periferia. A partir do curta-metragem<br />
Julgamento (2008) de Diogo Bion e Na real do real (2008) do<br />
Favela Atitude, problematiza a potência política e estética do cinema de<br />
periferia, atribuindo a cada produção e olhar, a construção de ambiências e<br />
contextos em oposição a identidades acabadas e/ou pressupostas. Clarisse<br />
Alvarenga encontra em A vizinhança do tigre (2014), de Affonso Uchoa, a<br />
união do olhar informado pela cinematografia e uma experiência de vida,<br />
na, e com a periferia de Contagem, Minas Gerais. Esther Hamburger mergulha<br />
na tradição cinematográfica brasileira de representação de rincões<br />
da pobreza, criando uma arqueologia da crítica e da realização, a partir<br />
de autores como <strong>Ed</strong>uardo Coutinho e Jean-Claude Bernadet, entre outros.<br />
Colucci e Ayalla debatem querelas relativas à autorrepresentação, a partir<br />
do filme Luto como mãe (2009) de Luis Carlos Nascimento. O assassinato de<br />
jovens do morro tenciona e evidencia os limites de abordagens subjetivas,<br />
na autorrepresentação. Os temas em questão são caros a grupos <strong>sociais</strong><br />
sistematicamente excluídos, carregam uma dimensão simbólica para além<br />
dos indivíduos. Rose Satiko elabora sua experiência de pesquisa, fílmica<br />
e escrita, propondo uma antropologia compartilhada, ou, como defende,<br />
outro ponto de vista para os problemas <strong>sociais</strong>. A discussão sobre o filme<br />
etnográfico é local para a emergência de encontros não-hierarquizados e<br />
perspectivas pouco correntes.<br />
Nesta coletânea buscamos evidenciar a heterogeneidade da escritura<br />
da quebrada e sobre a quebrada. Acolhemos olhares heterogêneos. Aparar<br />
arestas e uniformizar abordagens, seria empobrecer a pluralidade de leituras,<br />
e a própria estrutura das falas, sobre uma produção pautada pela luta<br />
afirmativa das diferenças e, paradoxalmente, singularidades da <strong>Quebrada</strong>.<br />
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