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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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Os filmes da quebrada<br />

De fato, o primeiro encontro com o objeto que anima a pesquisa que desenvolvo<br />

deu-se em uma sala de cinema. Em 2004, durante o 15 o Festival Internacional<br />

de Curtas-Metragens de São Paulo, assisti no Centro Cultural do<br />

Banco do Brasil uma série de curta-metragens produzidos nas periferias das<br />

metrópoles brasileiras por seus moradores. 3 Os filmes apresentam variadas<br />

imagens e experiências dessas periferias, por vezes, estratégias de sobrevivência<br />

em contextos marcados pela falta – de opções de lazer, de educação,<br />

de saúde, de segurança. Em outros momentos, destacam-se as densas redes<br />

de sociabilidade que constituem a vida em um bairro periférico. A experiência<br />

da violência surge em relatos ora realistas, ora surrealistas. São vários<br />

os filmes que destacam a experiência estética, experimentada na prática<br />

de música, dança, grafite e <strong>vídeo</strong>, em meio ao ocre e cinza da paisagem da<br />

periferia.<br />

Um filme me afetou de modo particular. O curta-metragem Improvise! é<br />

ambientado em Cidade Tiradentes, bairro paulistano, que abrigava cerca de<br />

270 mil habitantes e era apresentado por seus moradores como “o pior IDH<br />

da cidade”. 4 O filme é uma coprodução entre uma produtora independente<br />

de Cidade Tiradentes, a Filmagens Periféricas, e um jovem documentarista<br />

“de fora”. Improvise! tematiza em diversos momentos a produção de imagens<br />

3 O Festival promove, desde 2002, a sessão Formação do Olhar, com trabalhos<br />

realizados principalmente em oficinas junto a comunidades de baixa renda.<br />

O perfil dessa sessão tem mudado. Nos primeiros anos, todos os <strong>vídeo</strong>s<br />

projetados eram produções de oficinas realizadas em comunidades. Desde 2005<br />

tem crescido a presença de produções de grupos independentes formados nas<br />

comunidades, já sem o apoio/incentivo de oficinas oferecidas por ONGs ou pelo<br />

poder público. Na sessão Formação do Olhar de 2004 foram apresentados 61<br />

<strong>vídeo</strong>s produzidos em 22 oficinas ministradas em oito estados do país (SP, RJ, ES,<br />

MG, GO, PE, PR, RS).<br />

4 O Índice de Desenvolvimento Humano é uma ferramenta de avaliação e medida<br />

do bem-estar de uma população, que leva em conta aspectos culturais, <strong>sociais</strong> e<br />

políticos que afetam a qualidade de vida humana. A referência que os moradores<br />

de Cidade Tiradentes fazem ao IDH mostra como um marcador que é utilizado<br />

na definição de políticas públicas é popularizado e apropriado pelos sujeitos que<br />

são afetados por essas mesmas políticas.<br />

OS FILMES DA QUEBRADA E O FILME DA ANTROPÓLOGA – ENCONTROS 149

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