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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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Concordamos com Shohat e Stam34 34 , que o paradoxo contemporâneo,<br />

se levado ao extremo, parece implicar o fato de que ninguém pode<br />

mais falar por ninguém (e talvez nem por si mesmo), ou, ao contrário, de<br />

que qualquer um pode falar por todos:<br />

Como pode o trabalho intelectual, artístico e pedagógico ‘lidar’ com o multiculturalismo<br />

sem defini-lo de modo simplista como um espaço onde apenas<br />

latinos podem falar de latinos, somente os afro-americanos sobre os<br />

afro-americanos e assim por diante, com cada grupo prisioneiro de sua diferença<br />

radicada?<br />

Por isso é importante perceber a importância do foco nos discursos coletivos,<br />

em que as identidades e as experiências são mediadas, narradas, construídas<br />

em “espirais de representação e intertextualidade” 35 . Daí podemos analisar<br />

o sentido dado pelos indivíduos através de suas práticas e representações,<br />

com base nas relações complexas que se dão entre as imposições e as reafirmações<br />

de identidade. Portanto, ao invés de perguntar quem pode falar devíamos<br />

perguntar como podemos falar juntos, misturar as vozes, dividindo<br />

e compartilhando as representações.<br />

Tomando como base o sentido de mostrar as nuances <strong>sociais</strong> através<br />

de outros olhares – os dos sujeitos da experiência –, a autorrepresentação<br />

carrega em seu contexto a possibilidade de reconstruir e ressignificar<br />

nossa realidade, trazendo consigo uma tentativa de democratização das<br />

representações. Estas, que em geral, são historicamente construídas e carregadas<br />

de caricaturas:<br />

[…] a questão crucial em torno dos estereótipos e distorções está relacionada<br />

ao fato que grupos historicamente marginalizados não têm controle sobre<br />

sua própria representação. A compreensão profunda desse processo exige<br />

34 Ella Shohat e Robert Stam, Crítica da imagem eurocêntrica (São Paulo: Cosac<br />

Naify, 2006), 446.<br />

35 Ibid., 451.<br />

138 QUEBRADA?

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