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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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Proponho que se entenda a relação entre cinema, real e espectador como<br />

uma representificação, como algo que não apenas torna presente, mas que<br />

também nos coloca em presença de, relação que busca recuperar o filme<br />

em sua relação com o espectador. O filme, visto aqui como filme em projeção,<br />

é percebido como uma unidade de contrários que permite a construção<br />

de sentidos. Sentidos estes que estão na relação, e não no filme em<br />

si mesmo. O conceito de representificação realça o caráter construtivo do<br />

filme, pois nos coloca em presença de relações mais do que na presença<br />

de fatos e coisas. 26<br />

O cinema, interligado à história do país, e caminhando lado a lado dos ciclos<br />

econômicos, políticos, <strong>sociais</strong> e culturais, é também o espaço onde se<br />

constroem e reafirmam as representações <strong>sociais</strong> do mundo. Mas é preciso<br />

ponderar que mesmo o mais compartilhado dos documentários, “ao ceder<br />

espaço ao real, que o provoca e o habita, só pode se construir em fricção<br />

com o mundo” 27 , compreendendo, portanto, as inevitáveis restrições das<br />

representações. Este sim será um cinema engajado no mundo!<br />

Concordamos com Bill Nichols que nosso engajamento neste mundo<br />

“é a base vital para a experiência e o desafio do documentário” 28 , e<br />

com Comolli de que o filme documentário é que é, ele mesmo, engajado<br />

no mundo 29 . No filme Luto como mãe, esse engajamento se manifesta de<br />

formas diversificadas, ficando, de certa forma, inscrito nas imagens: nos<br />

encontros impactantes dos pesquisadores, no vínculo criado entre o grupo<br />

de mães e a equipe, nas imagens em movimento, que acompanham a<br />

ação política, no choque e na emoção produzidos no espectador pela força<br />

das histórias, dos dramas pessoais e traumas pela perda violenta. Tudo<br />

26 Paulo Menezes, “O cinema documental como representificação,” in Escrituras da<br />

imagem, org. Sylvia Caiuby Novaes et al. (São Paulo: <strong>Ed</strong>usp; Fapesp, 2004), 44.<br />

27 Jean-Louis Comolli, Ver e poder – a inocência perdida: cinema, televisão, ficção,<br />

documentário (Belo Horizonte: UFMG, 2008), 173.<br />

28 Bill Nichols, Introdução ao documentário (Campinas, SP: Papirus, 2005), 171.<br />

29 Jean-Louis Comolli, Ver e poder – a inocência perdida: cinema, televisão, ficção,<br />

documentário (Belo Horizonte: UFMG, 2008), 102.<br />

136 QUEBRADA?

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