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Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.

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à autorrepresentação, o ordenamento do sentido, na montagem, não foi<br />

posto em discussão.<br />

Ao problematizar as autorrepresentações é preciso referenciar, também,<br />

o conceito de identidades culturais, e a ideia de que vivemos tempos<br />

em que os velhos referenciais cedem lugar a novas identidades híbridas e<br />

até contraditórias. “O sujeito assume identidades diferentes em diferentes<br />

momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um ‘eu’ coerente”<br />

23 . Não há, portanto, uma identidade fechada, mas sim um constante<br />

processo de identificação.<br />

Nos estudos <strong>sociais</strong>, ressalta-se a crise da representação na pós-modernidade<br />

que questionou a relação entre pesquisador e sujeito pesquisado,<br />

a própria concepção de representação, a escrita e a autoridade sustentada<br />

pelas pesquisas antropológicas. 24 Assim, se a noção de identidade é fluida,<br />

a de representação também é relacional, construída na impossibilidade<br />

de uma oposição simplista entre a imagem de si e a imagem do outro: representam-se<br />

relações complexas que geram imagens multifacetadas, dinâmicas,<br />

e nem sempre delimitadas pelas fronteiras de identidades, pois<br />

referem-se às estratégias múltiplas de ser e estar no mundo. É a metáfora<br />

do “jogo de espelho”, conforme definida por Sylvia Novaes 25 .<br />

Para Menezes, o termo mais adequado para dar conta dessa complexa<br />

relação entre realidade e cinema seria o de representificação. Como algo<br />

que nos coloca em presença de relações, mais que na presença de fatos, a<br />

representificação nos permite ver os filmes como uma unidade, buscando<br />

sentidos nas relações, e não nos filmes em si mesmos:<br />

23 Stuart Hall, A identidade cultural na pós-modernidade (Rio de Janeiro: DP&A,<br />

2005), 13.<br />

24 Cf. James Clifford and George E. Marcus, Writing Culture: the poetics and politics<br />

of ethnography (San Francisco: University of California Press, 1986); Clifford,<br />

“Sobre a autoridade etnográfica,” in A experiência etnográfica: Antropologia e<br />

Literatura no século XX, org. J. R. Gonçalves (Rio de Janeiro: UFRJ, 1998); Clifford<br />

Geertz, 2005.<br />

25 Sylvia Caiuby Novaes, Jogo de espelhos: imagens de representação de si através dos<br />

Outros (São Paulo: <strong>Ed</strong>usp, 1993).<br />

LUTO COMO MÃE E AS POLÍTICAS DE AUTORREPRESENTAÇÃO NO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO 135

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