Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“documentários de busca” 10 , que narram histórias pessoais, advindas do<br />
universo familiar dos diretores. Uma segunda categorização foi intitulada<br />
“Políticas de autorrepresentação” e referiu-se aos filmes que, além disso,<br />
explicitaram vínculos de engajamento social, enfatizando os dispositivos<br />
criados para construção e/ou montagem. 11 Na análise, observamos uma<br />
forte concentração das produções nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro<br />
(89%), sendo o estado de SP responsável por mais da metade delas<br />
(61%). Fora desse eixo somente encontramos dois filmes: Walachai, de Rejane<br />
Zilles, sobre uma comunidade de descendentes de alemães próxima<br />
a Porto Alegre, e Corumbiara, de Vincent Carelli, produção pernambucana<br />
do Vídeo nas Aldeias.<br />
Essa segunda tendência ou categoria, que chamamos aqui ‘políticas<br />
de autorrepresentação’ e aparece num menor número de filmes, é o foco<br />
deste trabalho, por acreditarmos que apresenta grande potencial transformador:<br />
“quando o diretor compartilha com o sujeito fílmico a construção<br />
de sentido, manifesta uma posição política”, como analisa Bernardet 12 , e<br />
disso podem resultar ações individuais e/ou coletivas de intervenção direta<br />
na realidade.<br />
Ao propor o recorte dos filmes para análise, consideramos que as experiências<br />
de autorrepresentação entendem todo o processo de produção<br />
10 Jean-Claude Bernadet, Cineastas e imagem do povo (São Paulo: Companhia das<br />
Letras, 2003).<br />
11 Os filmes, conforme organizados nas categorias de análise propostas: A)<br />
Em nome de si, do pai e da família - Rocha que voa (Eryk Rocha); Passaporte<br />
húngaro (Sandra Kogut); 33 (Kiko Goifman); A Odisséia Musical de Gilberto<br />
Mendes (Carlos Mendes); A Mochila do Mascate (Gabriela Greeb e Antônia<br />
Ratto); Person (Marina Person); O Mundo em Duas Voltas (David Schürmann)<br />
O Diário de Sintra (Paula Gaitán); Samba que Mora em Mim (Geórgia Guerra-<br />
Peixe); Diário de uma busca (Flavia Castro); Constantino (Otavio Cury);<br />
Marighella (Inês Grinspum Ferraz); Walachai (Rejane Zilles). B) Políticas de<br />
autorrepresentação – O prisioneiro da grade de ferro (Paulo Sacramento);<br />
Do Luto à Luta (Evaldo Mocarzel); Santiago (João Moreira Salles); Luto como<br />
mãe (Luis Carlos Nascimento); Corumbiara (Vincent Robert Carelli).<br />
12 Jean-Claude Bernadet, Cineastas e imagem do povo (São Paulo: Companhia das<br />
Letras, 2003), 126.<br />
LUTO COMO MÃE E AS POLÍTICAS DE AUTORREPRESENTAÇÃO NO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO 129