Volume 6 - Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais - Via: Ed. Alápis
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
Em Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais, 6° volume da coleção CINUSP, pesquisadores e realizadores de diversas regiões do Brasil colocam suas inquietações sobre atores sociais emergentes, cujo lugar na historiografia do cinema brasileiro ainda é uma incógnita, apesar da calorosa discussão e presença laureada em festivais de cinema nacional e internacional.
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A repentina hipervisibilidade levanta questões éticas e estéticas no plano<br />
da crítica, mas também dos próprios filmes. Uma sucessão de obras enfrenta<br />
o desafio de falar sobre o horror, aquilo que não pode ser pronunciado<br />
sem ser reforçado ao mesmo tempo. Nos termos de Walter Benjamin, a<br />
questão é como desarticular aquilo que parece dado. Como gerar estranhamento<br />
em vez de identificação?<br />
A questão posta pela teoria crítica ganha uma versão empírica no debate<br />
contemporâneo brasileiro. Um debate que atualiza perguntas como:<br />
para o valor da obra, qual a importância do pertencimento do realizador<br />
ao grupo sobre o qual ela ou ele fala? É possível pensar uma relevância<br />
social que não se expresse no plano estético? Qual o estatuto do tema na<br />
avaliação de uma obra? Como delimitar o universo de filmes e <strong>vídeo</strong>s que<br />
merecem tratamento crítico? Como comparar obras de faturas tão diferentes<br />
como um <strong>vídeo</strong> experimental exposto em galerias e exposições de<br />
arte, um filme de grande público e um <strong>vídeo</strong> feito em uma oficina em um<br />
bairro popular?<br />
Essa digressão, para voltar à produção das <strong>Quebrada</strong>s, vai se afirmando<br />
em busca de alternativas estéticas. Como falar sobre esse universo sem<br />
reproduzir os estigmas que alimentam a discriminação, que impedem a<br />
interrupção de um ciclo vicioso?<br />
Em 2001, as Oficinas Kinoforum iniciam um trabalho de sensibilização<br />
audiovisual em São Paulo, que rapidamente agitaram diversas paragens<br />
paulistas. 16 Outros projetos se desenvolvem no Brasil com marcos institucionais<br />
diferentes: uns se associam a movimentos populares, outros a instituições<br />
de pesquisa, outros ainda a associações comunitárias. Ao longo<br />
dos anos essas experiências cresceram em direções diferentes. Uns núcleos<br />
sobreviveram, outros não, e alguns se dividiram.<br />
16 G. F. Cota, “<strong>Cinema</strong> de quebrada: oficinas Kinoforum de realização audiovisual<br />
na periferia de São Paulo” (disseração de Mestrado, Universidade de São Paulo,<br />
2007). Ver também Z. Carvalhosa, Vanessa Reis e Lisandra Wagon de Almeida,<br />
ed., Vi Vendo… História e Histórias de 10 anos de Oficinas Kinoforum (São<br />
Paulo: Kinoforum, 2011).<br />
110 QUEBRADA?