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30 Lusitano<br />
CULINÁRIA<br />
Trouxas de Ovos<br />
Ingredientes<br />
Para as trouxas: 10 gemas; 1<br />
ovo inteiro. Para a calda: 1 kg<br />
de açúcar; 3,5 dl de água<br />
Preparação<br />
15-1Prepare a calda, levando<br />
ao lume o açúcar com a água<br />
e deixe ferver durante 30 segundos.<br />
Deite a calda numa<br />
caçarola de fundo côncavo<br />
e coloque-a sobre um lume<br />
pequeno e fino, de modo a<br />
só ferver ligeiramente no<br />
meio. Passe as gemas com o<br />
ovo por um passador de rede<br />
três vezes, sem pressionar<br />
e sem bater. Deite na calda<br />
0,5 dl das gemas e dei¬xe-as<br />
alastrar. Com uma colher vá<br />
espalhando com muito cuidado<br />
para que elas formem um<br />
círculo, o mais fino possível,<br />
mas sem rasgar. Deixe solidificar<br />
e, depois, num golpe<br />
rápido mas cuidadoso, com<br />
o auxílio de uma escumadeira,<br />
vire a folhinha das gemas<br />
completamente, sempre com<br />
o cuidado de não a rasgar.<br />
Espere que acabe de cozer,<br />
retire-a da caçarola, sempre<br />
com o auxílio da escumadeira,<br />
e coloque-a num prato inclinado<br />
para escorrer. Repita<br />
a operação até usar todas as<br />
gemas. A feitura das trouxas<br />
exige muita paciência e tempo.<br />
À medida que for fazendo<br />
as folhas, disponha-as sucessiva¬mente<br />
umas sobre as<br />
outras. Enrole-as depois, com<br />
a parte brilhante virada para<br />
baixo, formando as trouxas,<br />
com feitio de tronco de cone.<br />
Coloque-as num prato de<br />
serviço e, no fim, regue-as<br />
com a calda restante, passada<br />
por um passador.<br />
Acompanhe com um vinho<br />
generoso de Carcavelos.<br />
O texto e a receita aqui apresentados<br />
estão publicadas no<br />
Livro «Os Sabores da Nossa Terra»<br />
pela Associação para o Desenvolvimento<br />
e Promoção Rural<br />
do Oeste (LEADER OESTE).<br />
A foto que acompanha este<br />
texto resulta do empratamento<br />
feito pela Escola de Hotelaria<br />
e Turismo de Caldas da Rainha<br />
após confeção de acordo com a<br />
receita tradicional.<br />
A cidade das Caldas da Rainha possui uma<br />
forte tradição na confecção de Trouxas-<br />
-de-Ovos, embora não esteja ligada a nenhum<br />
convento local, o que habitualmente<br />
acontece com este tipo de doces. A receita<br />
poderá ter tido origem no Convento de<br />
Cós, perto de Alcobaça, cujo Mosteiro era<br />
abastecido graças à actividade doceira das<br />
freiras daquele instituição, algumas delas<br />
oriundas de conventos alentejanos, nos<br />
quais a tradição doceira estava, há muito,<br />
bem implantada. Ignora-se, no entanto,<br />
qual o caminho percorrido até a sua receita<br />
ter chegado às Caldas da Rainha. Mas<br />
qualquer que ele tenha sido, no século<br />
XIX, Gertrudes Fausta, considerada grande<br />
conserveira e pasteleira, contribuiu com a<br />
sua actividade para a divulgação das Trouxas-de-Ovos<br />
a partir da loja que possuía na<br />
vila termal, localizada em frente ao Parque,<br />
na antiga rua do Olival, hoje rua Camões, a<br />
Casa Fausta, fundada ainda no século XVIII.<br />
Com sua irmã, ambas exerceram grande influência<br />
nas gerações seguintes de pasteleiros<br />
das Caldas da Rainha. Tendo já passado<br />
pelas mãos de sucessivos donos a partir<br />
de meados do século XX, a Casa Fausta,<br />
agora com outra designação, mantém-se<br />
no mesmo local, continuando a honrar a<br />
herança doceira dos seus fundadores. É aí<br />
que os visitantes das Caldas da Rainha se<br />
dirigem para adquirir essas pequenas maravilhas<br />
que são as Trouxas-de-Ovos, cujo<br />
amarelo vivo atrai primeiro o olhar, seduzindo<br />
depois pelo seu sabor delicioso e requintado,<br />
tão doce!<br />
Peixinhos da horta<br />
Não se sabe a origem do nome nem da confecção, mas afirma-se que<br />
é uma das receitas que deu origem à especialidade japonesa «tempura».<br />
Para os peixinhos da horta o feijão verde é cozido (não demasiado)<br />
com água e sal. Depois de escorridas, as vagens passam por polme,<br />
cuja base é constituída por farinha e ovos e vão a fritar em azeite<br />
bem quente.<br />
Embora na verdade não se saiba ao certo a origem do nome e<br />
até do próprio «petisco», os peixinhos da horta são muitas vezes<br />
associados à cozinha lisboeta. A verdade é que os encontramos<br />
um pou- co por todo o país, nomeadamente<br />
em zonas de interior onde se preparam<br />
também outros legumes como cherovias ou<br />
beringelas, igualmente envoltas em polme de<br />
farinha e ovo. É o caso das que mostramos<br />
aqui e que resultam de um trabalho de<br />
recolha na zona sul da Serra da Estrela.<br />
Os peixinhos da horta podem ser<br />
servida como petisco, entrada ou<br />
acompanhamento de pratos de carne<br />
ou peixe.<br />
Diz-se que esta foi uma das receitas<br />
que deu origem à especialidade<br />
japonesa “tempura”, levada pelos<br />
missionários portugueses.<br />
A tempura<br />
Tempura é um prato clássico da culinária japonesa<br />
e consiste em pedaços fritos de vegetais<br />
ou mariscos envoltos num polme fino. A fritura é<br />
realizada em óleo muito quente, durante apenas<br />
cerca de dois ou três minutos.<br />
A receita do tempura foi introduzida no Japão<br />
por missionários portugueses activos particularmente<br />
na cidade de Nagasaki fundada igualmente<br />
por portugueses, durante o século XVI.<br />
O prato apresentado foi confeccionado<br />
no Restaurante «A Mila» em<br />
S. Vicente da Beira, no concelho<br />
de Castelo Branco e integra a<br />
‘Carta Gastronómica Estrela<br />
Sul’ editada pela ADERES –<br />
Associação de Desenvolvimento<br />
Rural Estrela-Sul.<br />
Colaboração:<br />
Amílcar Malhó