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Fevereiro 2017

Edição nº 216 - Fevereiro 2017

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30 Lusitano<br />

CULINÁRIA<br />

Trouxas de Ovos<br />

Ingredientes<br />

Para as trouxas: 10 gemas; 1<br />

ovo inteiro. Para a calda: 1 kg<br />

de açúcar; 3,5 dl de água<br />

Preparação<br />

15-1Prepare a calda, levando<br />

ao lume o açúcar com a água<br />

e deixe ferver durante 30 segundos.<br />

Deite a calda numa<br />

caçarola de fundo côncavo<br />

e coloque-a sobre um lume<br />

pequeno e fino, de modo a<br />

só ferver ligeiramente no<br />

meio. Passe as gemas com o<br />

ovo por um passador de rede<br />

três vezes, sem pressionar<br />

e sem bater. Deite na calda<br />

0,5 dl das gemas e dei¬xe-as<br />

alastrar. Com uma colher vá<br />

espalhando com muito cuidado<br />

para que elas formem um<br />

círculo, o mais fino possível,<br />

mas sem rasgar. Deixe solidificar<br />

e, depois, num golpe<br />

rápido mas cuidadoso, com<br />

o auxílio de uma escumadeira,<br />

vire a folhinha das gemas<br />

completamente, sempre com<br />

o cuidado de não a rasgar.<br />

Espere que acabe de cozer,<br />

retire-a da caçarola, sempre<br />

com o auxílio da escumadeira,<br />

e coloque-a num prato inclinado<br />

para escorrer. Repita<br />

a operação até usar todas as<br />

gemas. A feitura das trouxas<br />

exige muita paciência e tempo.<br />

À medida que for fazendo<br />

as folhas, disponha-as sucessiva¬mente<br />

umas sobre as<br />

outras. Enrole-as depois, com<br />

a parte brilhante virada para<br />

baixo, formando as trouxas,<br />

com feitio de tronco de cone.<br />

Coloque-as num prato de<br />

serviço e, no fim, regue-as<br />

com a calda restante, passada<br />

por um passador.<br />

Acompanhe com um vinho<br />

generoso de Carcavelos.<br />

O texto e a receita aqui apresentados<br />

estão publicadas no<br />

Livro «Os Sabores da Nossa Terra»<br />

pela Associação para o Desenvolvimento<br />

e Promoção Rural<br />

do Oeste (LEADER OESTE).<br />

A foto que acompanha este<br />

texto resulta do empratamento<br />

feito pela Escola de Hotelaria<br />

e Turismo de Caldas da Rainha<br />

após confeção de acordo com a<br />

receita tradicional.<br />

A cidade das Caldas da Rainha possui uma<br />

forte tradição na confecção de Trouxas-<br />

-de-Ovos, embora não esteja ligada a nenhum<br />

convento local, o que habitualmente<br />

acontece com este tipo de doces. A receita<br />

poderá ter tido origem no Convento de<br />

Cós, perto de Alcobaça, cujo Mosteiro era<br />

abastecido graças à actividade doceira das<br />

freiras daquele instituição, algumas delas<br />

oriundas de conventos alentejanos, nos<br />

quais a tradição doceira estava, há muito,<br />

bem implantada. Ignora-se, no entanto,<br />

qual o caminho percorrido até a sua receita<br />

ter chegado às Caldas da Rainha. Mas<br />

qualquer que ele tenha sido, no século<br />

XIX, Gertrudes Fausta, considerada grande<br />

conserveira e pasteleira, contribuiu com a<br />

sua actividade para a divulgação das Trouxas-de-Ovos<br />

a partir da loja que possuía na<br />

vila termal, localizada em frente ao Parque,<br />

na antiga rua do Olival, hoje rua Camões, a<br />

Casa Fausta, fundada ainda no século XVIII.<br />

Com sua irmã, ambas exerceram grande influência<br />

nas gerações seguintes de pasteleiros<br />

das Caldas da Rainha. Tendo já passado<br />

pelas mãos de sucessivos donos a partir<br />

de meados do século XX, a Casa Fausta,<br />

agora com outra designação, mantém-se<br />

no mesmo local, continuando a honrar a<br />

herança doceira dos seus fundadores. É aí<br />

que os visitantes das Caldas da Rainha se<br />

dirigem para adquirir essas pequenas maravilhas<br />

que são as Trouxas-de-Ovos, cujo<br />

amarelo vivo atrai primeiro o olhar, seduzindo<br />

depois pelo seu sabor delicioso e requintado,<br />

tão doce!<br />

Peixinhos da horta<br />

Não se sabe a origem do nome nem da confecção, mas afirma-se que<br />

é uma das receitas que deu origem à especialidade japonesa «tempura».<br />

Para os peixinhos da horta o feijão verde é cozido (não demasiado)<br />

com água e sal. Depois de escorridas, as vagens passam por polme,<br />

cuja base é constituída por farinha e ovos e vão a fritar em azeite<br />

bem quente.<br />

Embora na verdade não se saiba ao certo a origem do nome e<br />

até do próprio «petisco», os peixinhos da horta são muitas vezes<br />

associados à cozinha lisboeta. A verdade é que os encontramos<br />

um pou- co por todo o país, nomeadamente<br />

em zonas de interior onde se preparam<br />

também outros legumes como cherovias ou<br />

beringelas, igualmente envoltas em polme de<br />

farinha e ovo. É o caso das que mostramos<br />

aqui e que resultam de um trabalho de<br />

recolha na zona sul da Serra da Estrela.<br />

Os peixinhos da horta podem ser<br />

servida como petisco, entrada ou<br />

acompanhamento de pratos de carne<br />

ou peixe.<br />

Diz-se que esta foi uma das receitas<br />

que deu origem à especialidade<br />

japonesa “tempura”, levada pelos<br />

missionários portugueses.<br />

A tempura<br />

Tempura é um prato clássico da culinária japonesa<br />

e consiste em pedaços fritos de vegetais<br />

ou mariscos envoltos num polme fino. A fritura é<br />

realizada em óleo muito quente, durante apenas<br />

cerca de dois ou três minutos.<br />

A receita do tempura foi introduzida no Japão<br />

por missionários portugueses activos particularmente<br />

na cidade de Nagasaki fundada igualmente<br />

por portugueses, durante o século XVI.<br />

O prato apresentado foi confeccionado<br />

no Restaurante «A Mila» em<br />

S. Vicente da Beira, no concelho<br />

de Castelo Branco e integra a<br />

‘Carta Gastronómica Estrela<br />

Sul’ editada pela ADERES –<br />

Associação de Desenvolvimento<br />

Rural Estrela-Sul.<br />

Colaboração:<br />

Amílcar Malhó

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