Jaguar Magazine DESIGN – Brazilian Portuguese

Analógico e Digital:
COMO A SENSIBILIDADE E A TECNOLOGIA
DE PONTA ANDAM DE MÃOS
DADAS NO DESENVOLVIMENTO DOS
GRANDES CARROS DA JAGUAR
EDIÇÃO ESPECIAL
DESIGN
E AINDA: a cena artística vibrante de Miami, a linha da Jaguar em expansão como jamais visto
e uma espiada nas estrelas ascendentes do design, da moda, da arquitetura arquitetura e muito mais

AWARD-WINNING
SOUND, WHEREVER
YOU ARE

Image courtesy of Home Theater of Long Island
Whether you enjoy your music collection in your home or in
your car, Meridian systems provide you with the ultimate sound
reproduction for a truly authentic listening experience.
Recently awarded the accolade of ‘Best In-Car Audio System’
by AUTOMOBILE magazine, we are proud to be the sole audio
partner for both Jaguar and Land Rover.
Performance and simplicity are at the heart of everything we do.
If you’re looking for audio perfection – then look no further.
meridian-audio.com

THE JAGUAR COLLECTION 2016
READY WHEN
YOU ARE
Wherever you’re going and whatever you’re doing the Jaguar Collection offers a range
of stylish, comfortable and adaptable clothing to fit.
For this season we’ve injected a bold splash of colour and modern Jaguar branding to
make up a selection of clothes that includes new jackets, scarves and hats as well as
accessories and gifts that are both cool and practical.
And, we’re all about family. We’ve introduced an even bigger selection of items
designed especially for the children. As well as the ubiquitous t-shirt we’ve got drivers
jackets, hoodies, backpacks, lunchboxes and more besides.
The Jaguar Collection. Ready to go.
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Jaguar.com
THE ART OF PERFORMANCE

O RUSH
Tomando impulso
Como a Jaguar oferece agora opções
com tração nas quatro rodas para
todos os seus automóveis – do XE
ao F-PACE –, consideramos este o
momento ideal para testar todos em
algumas das estradas mais desafiadoras
do Reino Unido. Vá à página 58 para
ver os novos carros sendo colocados
à prova em uma exclusiva sessão de
fotos e confira ainda um teste
preliminar do primeiro SVR da Jaguar –
o F-TYPE definitivo.
AWD. Cadastre-se para saber mais em: jaguar.com
FOTOGRAFIA: Greg Pajo
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 5

CONTEÚDO
DESIGN talvez seja uma palavra usada com frequência excessiva. Muitas vezes inserida em sua
forma um pouco mais comprida, ‘designer’, para fazer referência a produtos ou lugares de qualquer tipo por aqueles
que pretendem acima de tudo sugerir aquele brilho nebuloso adicional, tais ‘produtos de designer’ conceituais
tornaram-se, nas mãos erradas, meros clichês de marketing. Todas as coisas têm um design, afinal. Mas nem todas
têm um bom design. Esta edição é uma homenagem às formas mais celebradas de design, desde o dos excelentes
Jaguares – que sempre foram conhecidos por suas formas elegantes – ao da arquitetura inovadora e original e dos
produtos que melhoram a nossa vida inspirados no universo da natureza, contando ainda com um relatório de
viagem daquela que é, possivelmente, a cidade mais focada em design do mundo. Para manter o equilíbrio geral,
esta edição oferece também matérias sobre tecnologias ligadas à redução de emissões e à entrada iminente da
marca no mundo inovador das corridas com carros de
motor elétrico na Fórmula E. E nenhuma edição da
J-Magazine estaria completa sem lindas fotografias da
linha em constante expansão da Jaguar – nesta edição,
com carros como imagens artísticas
de natureza morta feitas em estúdio
e também em movimento cênico.
Afinal de contas, o teste da linha de
transmissão a quadro rodas em
movimento exemplifica que a
beleza sozinha não é nada sem uma
18
função maior – neste caso, um
desempenho com muita personalidade
e potência. Como sempre.
66
34
COLABORADORES
Greg Pajo divide seu tempo entre Austin, no
Texas, e Londres, mas na verdade é muito mais
pé-no-chão do que a apresentação faz parecer.
Faz fotos para uma série de clientes e é o autor
das fotos para a impressionante matéria sobre
dcarros com transmissão integral integral desta
edição. Devido ao seu estilo
de vida agitado, o projeto de
design que ele gostaria que
fosse inventado logo seria um
dispositivo de teletransporte
ou um aparelho para manter
as suas camisas sem rugas
durante viagens
Ben Barry sabe alguma coisa sobre dirigir
e escreve sobre carros de alto desempenho
para revistas como a CAR e a Autoweek, e
foi, portanto, o autor perfeito para a nossa
exaustiva matéria sobre os carros com
transmissão integral. Um dispositivo de design
que ele gostaria que
existisse seria um aplicativo
de passaporte para
smartphones, “assim seria
uma coisa a menos
para eu perder ou estragar
durante as minhas
viagens a trabalho”.
Trent McMinn é um australiano que fugiu
para Londres e faz retratos para a Monocle,
a Vogue do Reino Unido e a Wired do
Japão. Para a nossa matéria principal, ele
retratou os principais designers e
engenheiros que fazem dos Jaguares
ótimos carros. O projeto
de design que ele
gostaria de descobrir
seria algo que “me
permitisse transportar
todo o meu equipamento
de fotografia pela cidade
sem machucar as costas!”
6 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

16
50
58
08 Ignição
Mantendo nossa linha temática – design –, selecionamos
alguns dos novos produtos e espaços mais bem projetados,
além de notícias da Jaguar dpelo mundo afora
16 Automobilismo: Jaguar entra na Fórmula E
Leia a nossa entrevista exclusiva com o diretor da equipe,
James Barclay, sobre os emocionantes planos de corrida
exclusivamente elétrica da Jaguar
18 Transformando sonhos em realidade
Fazer Jaguares bonitos e funcionais é um trabalho duro,
possibilitado pela colaboração entre designers e
engenheiros. A J-Magazine destaca esses profissionais na
nossa matéria de capa de 16 páginas
34 Viagens: Miami Nice
Visitamos a ensolarada cidade sulista que está se tornando
o principal centro de artes e design dos Estados Unidos
42 Infográfico: O poder do design
O design não faz apenas com que as coisas fiquem com boa
aparência; ele também pode ter um grande impacto
positivo na economia, na saúde e na segurança
44 Estrelas do design mundial
Destacamos o modo como alguns dos principais expoentes
da a área do design de produtos à da arquitetura estão
mudando o mundo
50 Anúncios clássicos
Deixe que a J-Magazine o guie em uma viagem pelo túnel do
tempo e reveja alguns dos anúncios clássicos da Jaguar
44
56 Perfil: O homem que salvou a Jaguar
Falamos com o meditativo e humilde Ratan Tata, o homem
responsável pelo salvamento da marca
58 Test-drive: Teste de transmissão integral
e do F-TYPE SVR
Atrás das melhores estradas abertas do País de Gales,
colocamos à prova a mais nova linha de transmissão da
Jaguar – incluindo o primeiro carro esportivo SVR da marca
66 Inspirado pela natureza
A necessidade evolutiva de sobrevivência exigiu que o
mundo natural projetasse muitas coisas e processos
incríveis. Destacamos alguns projetos de design feitos por
pessoas inspiradas por elas
72 Poder do futuro
Como a Jaguar reduz emissões em todas as frentes, dos
motores movidos a petróleo e a diesel a híbridos e carros
elétricos do futuro
74 Eu e o meu Jaguar
Estabelecendo um diálogo com o tema desta nossa edição,
traçamos o perfil de dois proprietários diferentes, ambos
com inclinações definitivamente artísticas
77 Última página: Nos bastidores
Por que as sessões de fotos no interior mais afastado do
País de Gales são complicadas, e por que ver os designers
trabalhando em seus rascunhos é incrível...
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 7

EUROPA
Ignição
O verão chegou; é hora, portanto, de explorar lugares
desconhecidos, DIRIGIR CARROS EMPOLGANTES
NOVOS E ANTIGOS, escrever uma carta com uma caneta
que durará a vida inteira ou comprar um presente especial
que estampe um sorriso no rosto de um ente querido
O INTERIOR
WONDER WALLS BÉLGICA
Se você não está conseguindo decidir que
cor de tinta ou estampa de papel de parede
usar em sua próxima sessão de decoração
de interiores, há todo um novo gênero que
você talvez ainda não tenha considerado –
coberturas de parede 3D. Além de serem
impressionantes, elas têm também utilidades
práticas, como cobrir superfícies
desiguais e criar um bom isolamento sonoro.
Presença garantida em restaurantes que têm
o design como prioridade, estão chegando
agora ao mercado doméstico.
arte-international.com
A EXPERIÊNCIA
A SURPRESA
A ARTE DO TOUR DE DESEMPENHO
Para dar a largada neste ano, a Jaguar
está oferecendo mais de 100.000
experiências automotoras incríveis em
centenas de lugares empolgantes em 46
países. Portanto, se você quiser um test
drive especial com instruções de
especialistas para ajudá-lo a descobrir
como obter o máximo desempenho de
seu Jaguar e se divertir, procure a seção
“Academia de Direção” em jaguar.com
BOXING CLEVER LONDRES
A designer de acessórios britânica
Anya Hindmarch colocou um
diferencial exclusivo no conceito de
caixa de presentes. Suas Caixas Wow
são em parte brindes de luxo, em parte
conjuntos de presentes preconcebidos
voltados a 11 ocasiões e temas diferentes,
de “despedida de solteira” a
“crise de meia-idade”, cada qual
preenchida por um conteúdo correspondente
e idiossincrático. Coisa rara
– um presente luxuoso e com senso de
humor. anyahindmarch.com
8 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

A ESTADIA
COTTON HOUSE HOTEL
BARCELONA
Os tetos arejados e o visual
de época oferecem um retiro
perfeito após um dia de turismo.
Reserve uma mesa para
o almoço no afastado terraço,
faça uma sesta nos
quartos com sofisticados
acabamentos e depois rume
para a piscina de mergulho
no teto para tomar um
drinque.
hotelcottonhouse.com
A COLABORAÇÃO
MONTBLANC x MARC NEWSON SUÍÇA
A marca de acessórios Montblanc nunca fizera uma colaboração
em seus 110 anos de história, mas a sua primeira, com o
grande astro do design Marc Newson – conhecido por seus
relógios, por sua mobília e até mesmo seus aviões – valeu a
espera. A coleção M combina a atenção a detalhes e o
reconhecido estilo fluido de Newson à perícia tátil da
Montblanc. As preciosas canetas feitas a base de
resina acham-se disponíveis em cinco estilos:
tinteiro, rollerball, esferográfica,
screenwriter e escrita fina.
montblanc.com
O PASSEIO
CORRIDA CLÁSSICA
A Jaguar retorna ao automobilismo clássico em
2016 em circuitos que incluem Le Mans (julho) e
os parques de Nürburgring e Oulton em agosto.
No Desafio Clássico Jaguar, uma gama de
Jaguares pré-1966 competem roda a roda na
série de marca única, em comemoração das
famosas vitórias da empresa em Le Mans e em
outros circuitos. Motoristas que queiram participar
devem visitar o site do Clube de Carros
Esportivos Históricos para obter maiores informações:
hscc.org.uk/jaguar-classic-challenge
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 9

Relaxe
Refresque-se na
Itália, vista-se com
elegância sueca e
leia sem distrações
(sobre a Jaguar)
em Londres
EUROPA
JW MARRIOTT VENEZA, ITÁLIA
Haverá maneira melhor de vivenciar Veneza na alta
estação do que escolhendo um hotel construído em sua
própria ilha particular na lagoa, com passeios de barco
grátis que levam e buscam dos pontos turísticos? Uma
vez lá, há uma piscina com vistas estonteantes. Incrível
jwvenice.com
RÚSSIA CHAMANDO
A Jaguar (em conjunto com
sua marca-irmã Land Rover)
construiu um novo centro de
Experiências em Moscou,
Rússia, onde visitantes podem
frequentar cursos para
aprimorar suas habilidades ao
volante e também dar uma
volta numa pista de corrida de
dois quilômetros. jaguar.ru
JAQUETA BOMBER MASCULINA
LEVÍSSIMA SUÉCIA A cor oliva e o
acabamento acetinado desta jaqueta bomber
da Acne combinam com praticamente
qualquer coisa. liberty.co.uk
O VISUAL E A SENSAÇÃO
LIVRARIA DO FUTURO
LONDRES, INGLATERRA
Numa era de revendedores
virtuais e entregas para o dia
seguinte, é interessante encontrar
uma abordagem à reinvenção da
livraria calcada em tijolos e
argamassa. O elegante design da
Libreria, na Rua Hanbury de
Londres, é uma reação à obsessão
moderna com algoritmos e
distrações digitais. Editoras
independentes têm preferência em
relação a best-sellers amplamente
divulgados e há também normas
rígidas contra o uso de celulares.
Silêncio, por favor... libreria.io
A HISTÓRIA
DO ESTILO
Se você leva a
sério a história do
design da Jaguar,
dê uma olhada neste
riquíssimo tomo de
512 páginas.
porterpress.co.uk
10 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

AS AMÉRICAS
(Des)plugue e jogue
Descubra um novo México, imprima coisas
(barato) em 3D, use a última moda em
óculos escuros... e depois medite com estilo
OS ÓCULOS
Especialista em
óculos escuros, a Ray-Ban
remixou dois de seus
modelos clássicos,
o Clubmaster e o Round,
para criar o Clubround.
Retrô, mas com pegada
moderna, cairá bem
em quase todos os rostos.
ray-ban.com
RETIRO SCI-FI MÉXICO O arquiteto Miguel Angel Aragonés está por trás
do novo e impressionante hotel Mar Adentro Cabos, na costa de Baja California,
no México. A construção branca próxima ao Oceano cria uma atmosfera etérea,
incrementada por tablets para os hóspedes customizarem quartos (e pedirem
serviço de quarto). maradentrocabos.com
IMPRESSÃO 3D
CHEGA EM CASA
2016 tem sido considerado o ano
decisivo para a impressão 3D,
na medida em que seu maravilhoso
potencial torna-se suficientemente
acessível para muitos
lares. A marca americana de
fotografia Polaroid, conhecida
pela brilhante simplicidade de
suas câmeras instantâneas, está
oferecendo a ModelSmart 250S,
que requer apenas três cliques
antes de imprimir em madeira ou
plástico e tem apenas 10 comandos
de programação para manter
as coisas simples, enquanto
outras impressoras têm centenas.
polaroid.com
NOVAS ENERGIAS
INCONQUISTADO ORLANDO, EUA Com patrocínio da Jaguar, o segundo
Invictus Games, evento esportivo global para militares feridos, incapacitados e
doentes, ocorreu com sucesso em Orlando, Flórida, em Maio de 2016. Na foto,
parte da equipe britânica com o Príncipe Harry. invictusgamesfoundation.org
O CASULO DE
MEDITAÇÃO PESSOAL
O aplicativo Headspace, que oferece conselhos
diários de meditação e centramento
a mais de seis milhões de usuários, criou
recentemente um casulo de meditação
físico projetado em conjunto com os arquitetos
da Oyler Wu. Feito inteiramente
de madeira e apresentando interior ergonomicamente
projetado, os casulos serão
usados primeiro em espaços púbicos,
mas em breve poderemos
contar
com uma versão
doméstica (ou
para escritório)
para os meditadores
mais assíduos.
headspace.com
12 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

JAGUAR ACCESSORIES
PERFORMANCE
PERSONALISED
Jaguar Approved Accessories let you put your personal touch on the new Jaguar F-PACE –
the Performance Crossover without performance compromise.
Brought to life by the same team that engineered your vehicle, all Jaguar Approved
Accessories are conceived with your F- PACE in mind. Beautifully styled and infinitely
practical, they are designed to perfectly complement your car and lifestyle.
When it comes to long-term performance and durability the same high standards apply.
That’s why we rigorously test all of our accessories in extreme conditions. This brutal testing
inspires the confidence that allows us to offer a comprehensive warranty on all Jaguar
Approved Accessories, giving you the peace of mind to enjoy the road, your way.
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THE ART OF PERFORMANCE
Vehicle Shown: Jaguar F-PACE in Italian Racing Red, fitted with the following optional accessories – Roof Cross Bars, Roof Sport Box.
Roof rails and cross bars are required for F-PACE roof mounted accessories. Roof rails are factory-fit and must be ordered at time of vehicle order.

ÁSIA
FRANGO FRITO COREANO
Talvez você conheça a cadeia de restaurantes KFC,
mas a sigla também se refere a Korean fried chicken,
ou frango frito coreano. É uma iguaria crocante
e deliciosamente suculenta que os coreanos aperfeiçoaram
e que está sendo agora repetida mundo
afora. O Fuku, no East Village nova-iorquino, é um
bom lugar para começar. fuku.momofuku.com
AMANEMU, JAPÃO
A mais recente empreitada
dos Resorts Aman
situa-se no espetacular
Parque Nacional de Ise-
Shima, conhecido por
sua culinária e tradições
culturais, e é acessível
por meio da rede de
trens de alta velocidade
do Japão. A partir de
aman.com
PUMPHOUSE POINT
TASMÂNIA
Este hotel exclusivo situa-se
em um antigo posto de
gasolina a 250 metros da
margem do Lago St. Clair,
na selvagem Tasmânia central.
Relaxamento obrigatório.
pumphousepoint.com.au
Verde Luxuriante
Perca-se na mata da Tasmânia, percorra os
caminhos de peregrinação do Japão, dirija pela
mais empolgante nova estrada da China,
saboreie um perfeito frango coreano e
beberique um distinto expresso australiano
ENGENHOCA PARA
LOUCOS POR CAFÉ
Apreciamos o foco do
australiano maníaco por café
Mark Folker: ele acaba de
inventar o Trinity ONE, que
combina três técnicas: aeropress,
gotejador cônico e torneira
gotejante –em um projeto
bem distinto.
trinitycoffee.co
ESCONDERIJOS ÉPICOS
XJ MELHORA O CONFORTO NA CHINA
A espetacular “estrada celeste” Yaxi, de 240 quilômetros, apresenta o
primeiro túnel com dupla espiral do mundo, bem como o mais extenso declive
contínuo – foi, portanto, uma viagem perfeita para que os engenheiros
da Jaguar aprendessem um pouco mais sobre o conforto dos passageiros.
14 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

AUTOMOBILISMO
QUATRO FATOS SOBRE
A FÓRMULA E...
A Fórmula E traz a corrida automobilística
de volta a algumas das maiores
cidades do mundo. Nas últimas duas
temporadas, Pequim, Cidade do México,
Londres, Paris e Moscou ofereceram
cenários marcantes ao espetáculo
esportivo.
DOIS CARROS POR CORRIDA
Tal como na Fórmula 1, os carros de
corrida não dispõem de combustível, ou,
no caso da Fórmula E, bateria suficiente
para completar uma corrida inteira.
Atualmente, na Fórmula E, as
equipes trocam de veículo no meio
da corrida. Mas...
AJUDA NA BATERIA
… baterias projetadas com maior vida útil
farão com que a Fórmula E se utilize
apenas de um carro por corrida a partir
de 2018. O que vai muito bem com a
produção de carros elétricos.
AJUDA DOS FÃS
Uma particularidade extra da Fórmula E
tornarão possível a utilização de com que
seus pilotos favoritos corram ainda mais.
Antes de cada evento, fãs votam via
mídia social e os três ganhadores
recebem energia elétrica extra para usar
como “coringa” durante a corrida. Não
esqueça de votar na Jaguar! Veja em:
fiaformulae.com
HERÓIS DA E
COM A JAGUAR ANUNCIANDO NOVOS E
EMPOLGANTES PLANOS DE RETORNAR AO
AUTOMOBILISMO NA SÉRIE EXCLUSIVAMENTE
ELÉTRICA DE CORRIDAS DA FÓRMULA E,
A J-MAGAZINE CONVERSA COM O DIRETOR DE
EQUIPE JAMES BARCLAY PARA
EXPLICAR O QUE VEM A SEGUIR E POR QUÊ...
TEXTO: Guy Bird
16 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

Temos um futuro empolgante pela frente e a eletrificação
faz parte da estratégia, de modo que, ao
adentrar a Fórmula E, estamos confirmando isto”,
declara James Barclay, Diretor de Equipe da
Jaguar. “O conhecimento e a experiência de nossa equipe de
Pesquisa & Desenvolvimento serão cruciais npara o sucesso
do programa. De resto, contamos com a lendária equipe
automobilística Williams como parceira técnica. Já colaboramos
com eles no conceito do C-X75, em 2010; eles fornecem
baterias para todos os carros de Fórmula E e estão na
vanguarda da tecnologia elétrica. No entanto, isto é um
programa automobilístico da Jaguar, o que é crucial;
estamos no comando de nosso destino”.
Barclay está falando do iminente retorno da Jaguar ao
cenário automobilístico no Campeonato Mundial de
Fórmula E neste outono – competição prestes a iniciar sua
terceira temporada e patrocinada pela Fédération Internationale
de l’Automobile (FIA), o mesmo órgão regulador
automobilístico que preside a Fórmula 1. Mas por que motivo
a Jaguar está se envolvendo, e por que agora? Barclay
continua: “Trata-se de promover a conscientização no que
diz respeito a veículos eletrônicos (VEs) e seu desempenho,
e nos proporciona uma plataforma para desenvolver tecnologias
de eletrificação. A próxima geração de VEs abarcará
uma gama que satisfará os requisitos da maioria das pessoas
e cobrirá os quilômetros consumidos com energia também.
Já do ponto de vista psicológico, há uma mudança de etapa.
Muitos países da União Europeia (incluindo o Reino Unido) e
alguns estados dos EUA concordaram em parar de fabricar
motores de combustão interna até 2050, de modo que há um
ponto final no horizonte. Então, trata-se do que virá a seguir;
se você conversa com engenheiros de automobilismo, pode
constatar que estão incrivelmente empolgados com o imenso
potencial de desempenho e estratégia a propósito dos
motores elétricos. Esses carros se tornarão muito velozes. O
legal desse campeonato é que ele traz o automobilismo ao
coração das maiores cidades do mundo, pondo em contato
com o esporte parcelas de público que tradicionalmente não
teriam acesso a ele. Acreditamos que isso vai atrair não
apenas entusiastas tradicionais do esporte, por conta das
corridas, mas também novos fãs que vão adorar a tecnologia
e a sustentabilidade.”
“O incrível é que as corridas só vão melhorar. Estratégias
diferentes de motor elétrico e caixa de câmbio significam
que os carros terão diferentes forças e fraquezas de desempenho,
que tornarão ótimas tanto as corridas quanto as
ultrapassagens. O aceleramento linear dos veículos elétricos
já é rápido, e conforme a tecnologia vai avançando, esses
carros vão dar um imenso passo à frente em termos de
desempenho.”
“Historicamente, a Jaguar sempre adentrou o universo do
automobilismo para aperfeiçoar sua estirpe. O C-Type foi o
primeiro a utilizar freios de disco, e as estruturas de
alumínio e a aerodinâmica dos D-Types de corrida também
acabaram fazendo parte dos veículos de estrada. Poderíamos
ter optado por outras formas de automobilismo, mas, no
final das contas, a Fórmula E nos pareceu mais atraente.”
Mas e o barulho, ou a falta do mesmo? Barclay responde
rapidamente que outras pessoas têm se perguntado a mesma
coisa: “Muito embora eu não tem coisa que eu ame mais que
um V12 acelerando ao máximo, a realidade é que isso não é
da Fórmula E. O que está em questão é uma tecnologia
muito bacana. Minha opinião é que tentar imitar o barulho
seria uma atitude errada.”
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 17

PESSOAS
Transformando sonhos
em realidade
A JAGUAR ESTÁ INTRINSECAMENTE LIGADA A UM BOM DESIGN,
MAS DESIGNERS PRECISAM DE ENGENHEIROS PARA TRANSFORMAR
SEUS PROJETOS EM CARROS CUJA FUNÇÃO SEJA TÃO ELEGANTE
QUANTO A FORMA. PERMITA QUE A J-MAGAZINE LHE APRESENTE
ALGUNS DOS PRINCIPAIS PERSONAGENS DESSE PROCESSO...
ENTREVISTAS: Guy Bird / RETRATOS: Trent McMinn / FOTOGRAFIA DOS CARROS: Amos Fricke
18 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

DA CANETA AO PAPEL
É assim que todo Jaguar
começa sua vida. O esboço
deste F-TYPE foi realizado em
apenas alguns minutos,
exclusivamente para a
J-Magazine, pelo diretor do
Estúdio de Design de
Produção, Wayne Burgess
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 19

PANORAMA
PESSOAS
IAN CALLUM, 61
Trabalho: Diretor de Design
Tempo Livre: Faço rascunhos de outras
coisas o tempo todo, tais como barcos,
grandes iates e relógios. Quando não
estou desenhando, pego minhas
ferramentas e remonto os carros outra
vez. Eu tunei um Jaguar MkII e
estou cogitando fazer o E-Type mais
puro de todos os tempos em seguida.
A
o conversar com designers de outras
empresas automobilísticas eu vejo a
frustração que sentem quando os
pontos fracos de um carro são realmente
pontos fracos [partes chaves das estruturas
de um carro que não podem ser movidas].
Creio que a relação entre acondicionamento,
design e engenharia na Jaguar se dá muito
mais como uma via de mão dupla. Com o
F-PACE começamos com uma folha em
branco, não apenas física, mas também
mentalmente. Tivemos a oportunidade de
fazer o que queríamos a partir do zero. Já
que poderíamos escolher o comprimento do
F-PACE, conseguimos colocar um teto maior
para dar uma sensação de velocidade.
Exageramos isso com o aerofólio traseiro e
queríamos ainda um vidro traseiro tão
aerodinâmico quanto possível. Com a parte
traseira e bancos mais longos nós conseguimos
isso; com um espaço menor para o portamalas
você não teria esse luxo. Poderíamos
determinar o seu tamanho exclusivamente
por meio da função e do estilo.
20 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

Ian Callum e Kevin Stride
discutem os fundamentos
dos carros da Jaguar – tal
como este modelo em miniatura
da Arquitetura Leve em
Alumínio – para garantir as
proporções perfeitas
KEVIN STRIDE, 46
Trabalho: Diretor da linha de
montagem
Tempo livre: Eu gosto de
mountain-bike, atividades
arriscadas em pedras e principalmente
percursos em
declive. Vou refazer a corrida
Megavalanche descendo uma
geleira com os meus filhos
adolescentes quando ambos
eestiverem com 16 anos.
Ainda não avisei a mãe deles...
E
u queria ser um designer da Jaguar
desde os sete anos de idade. Mas com o
tempo percebi que era um this word
can’t be separated like that; “enge-nheiro”
would be the closest option melhor. Ian nos
deu orientações fantásticas e nos ensinou [a
nós, engenheiros] os ingredientes mais
importantes por trás de um Jaguar. Tudo
depende da proporção, especialmente do
banco até a roda dianteira. Portanto, antes
mesmo do Ian começar a desenhar suas
formas, tudo se resume a conseguir aquela
dimensão perfeita. Se você elimina todo o
resto, poderíamos dizer que todas essas
coisas, da parte frontal até o anteparo [a
seção que separa o compartimento do motor
da cabine, vide o modelo em miniatura do
F-PACE, à esquerda] são determinadas pelo
estilo e pela proporção.
A primeira área em que nos concentramos
com o F-PACE foi a da eliminação de cada
décimo de milímetro da suspensão, o que
afeta a altura do capô e possibilita a linha
lateral característica ininterrupta.
O resumo do projeto para o conjunto de luzes
traseiras foi outra área importante. Queríamos
que elas fossem o mais finas possível,
mantendo o design gráfico do F-TYPE e ainda
assim obtendo profundidade ao redor da luz
de ré. Devido à legislação tivemos que deixar
isso de lado, precisávamos que a luz fosse
visível a partir de muitas direções, então
fizemos um “modelo iluminado” [com luzes
funcionando] já bem cedo no projeto. Temos
um software de simulação do percurso da luz
que consegue chegar a 80% da ideia, mas este
modelo é onde você apreende sobre partes na
sombra e outros pontos. Eu vejo três coisas e
os designers veem 50! Nós trocamos a tecnologia
da luz de ré branca retangular por
causa disso, trocando um tipo de LED por
outro, já que a a parte eletrônica por trás
disso era realmente mais compacta. Estes
são todos os detalhes técnicos que permitem
a visão do design.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 21

PESSOAS
VISÃO
DO INTERIOR
DAVE WALKER, 51
Trabalho: Engenheiro-
Chefe, Conceito do Veículo
e Embalagem
Tempo livre: Gosto de
caminhar e acampar com
meus dois filhos adolescentes.
Também gosto de
jogos de videogame, o meu
favorito é Team Fortress 2.
As pessoas frequentemente
acham que engenheiros lidam
apenas com números e com a
física por trás da engenharia de um
carro, mas para fazer isso direito é
necessário entender o conceito do carro
e como isso será expresso. Caso
contrário, você vai acabar com algo
muito lógico e sem emoção; e o Jaguar
não é nada se não tocar o emocional.
A maneira como fizemos o porta-malas
no F-PACE serve como um bom exemplo.
Um engenheiro verdadeiramente apaixonado
talvez fosse querer encolher o
porta-malas [para ganhar espaço extra
de bagagem], mas a gente poderia
acabar com uma coisa francamente
horrível. O que fizemos foi tentar manter
o porta-malas mais simples e prático,
para que ele realmente pareça conseguir
comportar itens grandes com facilidade.
Você pode perder meio litro de volume
aqui e ali, mas o resultado final é muito
melhor. Realizamos muitos trabalhos na
posição de condução. Por exemplo, no
banco da frente colocamos o nariz
do assento para cima e a parte traseira
do assento a cerca de dois graus abaixo
do normal. Pode parecer pouca coisa,
mas realmente transforma o carro.
Colocamos motoristas especializados
em dinâmica em carros com as duas
alternativas e eles voltaram entusiasmados
com a mudança. Ainda existe uma
margem na regulação do banco, mas
o assento está posicionado para que os
joelhos fiquem um pouco para cima,
uma posição típica na condução de
carros esportivos. Faz você pensar de
um certo jeito. Nós até medimos digitalmente
um dos cães dos meus engenheiros
– Roly, um golden retriever – para
avaliar a facilidade com que os cães
poderiam entrar e sair do veículo.
Medimos Roly em pé sobre as quatro
patas e sentado, porque eu não sei se
você sabe, mas cães são mais altos
quando estão sentados.
AS PESSOAS FREQUENTEMENTE ACHAM QUE ENGENHEIROS
LIDAM APENAS COM NÚMEROS E A FÍSICA POR TRÁS DA
ENGENHARIA DE UM CARRO, MAS PARA FAZER ISSO DIREITO É
NECESSÁRIO ENTENDER O CONCEITO DO CARRO
DAVE WALKER, ENGENHEIRO-CHEFE, CONCEITO DO VEÍCULO & E ACONDICIONAMENTO
22 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

GURU DO
INFOENTETRENIMENTO
Alister Whelan
conversa
sobre interiores
com
Dave Walker
no Centro de
Design
ALISTER WHELAN, 40
Trabalho: Chefe do Design
Interior
Tempo livre: Eu tenho uma
Fuji X-T1 com corpo de
magnésio. É uma câmera
compacta, mas tem muitas
lentes e reavivou a minha
paixão pela fotografia.
Eu tenho uma filha
pequena, então eu tiro
muitas fotos dela.
Oespaço que criamos dentro do
carro é tão importante para os
designers quanto para os
especialistas em acondicionamento.
Tudo se resume a encontrar o equilíbrio
ideal entre análise métrica, qualidade,
espaço e usabilidade. Uma das coisas
mais agradáveis para mim no F-PACE foi
como mantivemos a sensação esportiva
em sua condução. Nós nunca fizemos um
carro tão prático antes, e sabíamos que
os consumidores consideram a posição
de condução atraente nas SUVs, mas
mesmo assim queríamos manter a
sensação de estar em um Jaguar; por
isso colocamos esses contrafortes ao
lado do painel central e abaixamos a
linha de Riva na parte inferior do parabrisas
e a linha do ombro da porta para
você sentir que está sentado dentro do
carro, e não em cima dele.
PETER VIRK, 37
Trabalho: Diretor de Tecnologias
Conectadas & Aplicativos
Tempo livre: Na verdade, meu
emprego é meu hobby. Tenho
uma casa conectada e realizo
experimentos por lá. Andar
de bicicleta é uma forma de
clarear as ideias e me dá tempo
para pensar. Tenho
dois filhos gêmeos, então
minha família ocupa boa parte
do meu tempo.
Odepartamento que eu coordeno
não existia três anos atrás. O
mundo do consumo está
mudando, então se tornou necessário
trazer a tecnologia do consumo para o
carro. Agora temos 28 pessoas trabalhando
em aplicativos e 400-500 no total
em infotenimento. A minha equipe
enriquece a experiência do usuário com o
que chamamos de aplicativos InControl,
que funcionam a partir do seu telefone e
são projetados na tela do carro em tempo
real (aplicativos baseados em HTML5).
A tela de infotenimento central foi de sete
polegadas para 10,2, e o carro tem de ser
projetado para comportá-la – esse é o
hardware – e, então, interagimos com a
equipe de design para que nossos gráficos
se harmonizem com o tema do interior.
Não é mais apenas uma tela de
navegação, tem ainda áudio, você pode
assistir TV, ela informa o clima e lê
artigos de notícias enquanto você estiver
em movimento (tudo isso sem te distrair).
Queremos criar um sistema híbrido,
porque às vezes quando se está dirigindo
perde-se a conexão e precisamos de uma
experiência que possa ser utilizada
online e offline. Por exemplo, o sistema
perguntará se você deseja uma certa
faixa de música do seu celular ou do
Spotify ao invés de simplesmente parar
de funcionar e ficar silencioso. O mesmo
vale para a navegação, que pode armazenar
todos os seus dados em cache
enquanto você tiver conexão.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 23

PESSOAS
SIOBHAN HUGHES, 47
Trabalho: Designer Chefe, Cores e Materiais
Tempo livre: Estou estudando para me graduar
em administração, mas ainda acho tempo livre
para ler, pedalar e jogar badminton
EU SEMPRE QUIS
SER UM DESIGNER DE
AUTOMÓVEIS, MAS
O FUNCIONAMENTO
DOS CARROS
TAMBÉM ERA UM
PONTO IMPORTANTE
PARA MIM.
MARK WHITE,
ENGENHEIRO-CHEFE,
ADVANCED BODY
COR & ASPECTO MATERIAL
S
ou uma exceção no que diz
respeito à trajetória clássica de
graduação artística para este
trabalho. Eu era aprendiz de escultor em
argila antes de entrar para o departamento
de Cores e Materiais. Isso me deu
uma boa capacidade de apreciação da
forma 3D e me ajuda a complementar as
propriedades inerentes dos materiais –
o que eles fazem e o que não fazem. O
meu objetivo é integrar melhor a cor e
o caimento no processo antes dos
designers começarem a desenhar. Os
materiais são selecionados de acordo
com sua adequação para o veículo e para
o cliente em questão. Em seguida, os
designers os integram aos temas do
design, o que por sua vez influencia a
geometria. Em outras palavras, cores e
materiais estão na primeira linha do
processo de design.
Amostras de couro da
coleção abrangente de Siobhan
24 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

MARK WHITE, 56
Trabalho: Engenheiro-Chefe,
Advanced Body
Tempo livre: Ouvir rock, de Led
Zeppelin e Deep Purple a
Foo Fighters e Skunk Anansie
PERSPECTIVAS EXTERIORES
WAYNE BURGESS, 47
Trabalho: Diretor do Estúdio de
Design de Produção
Tempo livre: Primeiro guitarrista
na banda de rock Scattering
Ashes [que se apresentará no
Download Festival de 2016].
É adequadamente dark sem
ser muito ofensiva. Eu
também sou louco por aviões e
visito shows aéreos com
os meus filhos gêmeos
É
importante encontrar figuras
como o meu colega de engenharia
e amigo Mark White, que sentem a
mesma paixão que nós. Vou sentir sua
falta quando ele se aposentar em breve.
Assim que eu chego nos detalhes finais,
relacionados à viabilidade de estampar
painéis laterais, geralmente ligo para o
Mark e pergunto: “O que podemos fazer?”
O processo pode demorar até três meses.
O grau de nitidez das formas, ra rigidez
dos cantos e a sutileza dos painéis exteriores
passam por negociações com a
equipe de Mark para chegarmos ao que
estamos procurando.
Nos Jaguares hoje em dia, o maior desafio
consiste na largura dos ombros com
painéis laterais em alumínio; quanto mais
profundos, mais difícil fabricá-los. Você
só pode esticar o alumínio até certo
ponto. O para-choque traseiro do F-TYPE
é na verdade a forma mais simpática em
sua forma consagrada simples, do ponto
de vista da estampagem.
O lábio posterior do F-TYPE
teve que ser esculpido com
muito cuidado para que
esse se tornasse produzível
(e ainda assim belo)
A forma de concha do capô do F-TYPE foi
outra parte interessante. Ela possibilitou
que obtivéssemos a linha do capô e o
para-choque inferior satisfazendo, ainda
assim, os requisitos de impacto de pedestres.
Simplificando, se você implementar
todo o capô – incluindo as cavas das
rodas e parachoque [para amortecer e
afastar um pedestre das partes mais
duras em um impacto frontal] – você
pode rebaixar bastante o parachoque,
pois pode levantá-lo com pirotecnias.
Uma parte não implementada faz cerca
de 70 mm de diferença (em altura), que é
quase a diferença entre um carro esportivo
e um sedã. É gigante.
O
primeiro trabalho que realizei
na Jaguar foi cortar o teto do
XJ-S do final dos anos 80. A
sua venda então passou de 20 por
semana para 130, e eu tenho feito
todos os conversíveis desde então, do
XK até o F-TYPE. Eu sempre quis ser
um designer de automóveis, mas o
funcionamento dos carros também era
um ponto importante para mim, desde
o acondicionamento até a embalagem.
A viabilidade do design é a minha
praia. Se você conhece as propriedades
do alumínio, você consegue
projetar qualquer coisa, só precisa
saber o quanto consegue dobrá-lo em
torno de um formato específico. Já que
Malcolm Sayer [o lendário ex-aerodinamicista
da Jaguar] veio da indústria
aeronáutica e trabalhou em alumínio,
isso lhe deu um apreço pelo material
que talvez alguém da indústria de aço
ou automotiva não teria. Ele foi um
dos meus heróis de infância – estudei
cada contorno dos C-Types e D-Types
e do XJ13.
Trata-se de capturar a essência do
design, traduzindo a fluidez da intenção
do designer em uma estampagem
viável. Nós realmente desenvolvemos
novas ligas, que são mais moldáveis,
para fornecer formas mais complexas.
Não é apenas o caso de dizer que
vamos trabalhar dentro das limitações
que temos. Nosso objetivo é proteger
a superfície A: como dividir os painéis,
a aparência, e descobrir se conseguimos
montar um lado do corpo com
uma só peça ou se precisamos de um
para-choque traseiro à parte. Essa
decisão vem da geometria da superfície
que nos é fornecida.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 25

26 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

COM O F-PACE COMEÇAMOS COM UMA
FOLHA EM BRANCO, NÃO APENAS
FÍSICA, MAS TAMBÉM MENTALMENTE
IAN CALLUM, DIRETOR DE DESIGN
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 27

A JAGUAR AGORA TEM UMA
LINHA DE CINCO MODELOS
DESLUMBRANTES E
DISTINTOS – A MAIS AMPLA
NA HISTÓRIA DA MARCA

A RELAÇÃO ENTRE DESIGN E
ENGENHARIA NA JAGUAR É UMA
VIA DE MÃO DUPLA
IAN CALLUM, DIRETOR DE DESIGN
F-TYPE SVR
“A argila original tinha um ombro reto que se estendia até o canto, quase
vertical. Nós literalmente não conseguíamos fabricar isso, ia além das leis da
física. A única maneira de dobrar esse canto foi girar progressivamente esse
plano da vertical [na linha central] até um ângulo de 15 graus em cada canto.
Isso faz com o que o ângulo seja mais aberto e o raio fique maior, mas ainda
fica com um visual bonito a definição não se perde”
MARK WHITE, ENGENHEIRO-CHEFE, CORPO AVANÇADO

XF
“Estamos tão acostumados a usar o Google que esperamos
que todos os sistemas funcionem do mesmo modo. E nós
colocamos isso no nosso novo sistema de infotenimento.
Você pode pesquisar o nome de uma loja, um código postal
e até mesmo cometer erros de ortografia. Para colocar
tudo isso em um carro seriam necessários terabytes de
dados, mas com uma ‘abordagem em nuvem’ fica viável.
Você precisa de um sistema híbrido, com o mínimo de
informações de navegação no carro, e da “nuvem” para
enviar informações sobre trânsito e outras coisas. Dessa
forma, se você perder a conectividade, ainda consegue ir
do ponto A ao B”
PETER VIRK, DIRETOR DE TECNOLOGIAS
CONECTADAS & APLICATIVOS
XE
“A grade frontal vertical, o perfil ‘puro’ do capô e os faróis sob a testa ameaçadora
são elementos fundamentais à estética da parte frontal do XE e poderiam facilmente
ter sido comprometidos por questões de segurança. Mas ao trabalhar milímetro por
milímetro, analisando os requisitos de proteção dos pedestres e executando inúmeras
simulações de computador, passamos a fornecer um produto que engloba tanto a
visão do design quanto um desempenho 5 estrelas na Euro NCAP”
WAYNE BURGESS, DIRETOR DO ESTÚDIO DE DESIGN DE PRODUÇÃO

“Se você olhar para o F-PACE, as rodas
estão bem na dianteira, diferente do que
se vê na maioria dos carros SUV. Em
termos simples, eles têm capô e saliências
de sobra. É sutil, pode ser de 25 milímetros,
mas faz uma diferença enorme”
IAN CALLUM, DIRETOR DE DESIGN
F-PACE

XJ
“Começamos o XJ criando uma arquitetura de interiores
muito simples, o que nos deixou bem livres para
embelezá-lo de do modo como bem entendêssemos.
Esse é o segredo, manter a arquitetura e o sentido
básico de linha e de estrutura o mais simples possível”
IAN CALLUM, DIRETOR DE DESIGN

VIAGEM
Miami Nice
EM RÁPIDO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO
NA NOVA CAPITAL CULTURAL DAS
ARTES, ARQUITETURA E DESIGN DOS
EUA, MIAMI É A CIDADE IDEAL PARA
NOSSA EDIÇÃO ESPECIAL SOBRE DESIGN
DEIXE A J-MAGAZINE SER SEU GUIA...
TEXTO E FOTOGRAFIA: Shiraz Randeria
34 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

VOANDO ALTO
O céu de Miami através das
lentes nada convencionais do
Fly‘s Eye Dome de Buckminster
Fuller no Design District, em
Miami. Esta cúpula geodésica
constitui a entrada para o
estacionamento subterrâneo
e foi construída em 2014,
associando o design de Fuller
com tecnologia indisponível
nos anos 70
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 35

VIAGEM
MIAMI REPERCUTIU NO PASSADO POR RAZÕES CONTRADI -
TÓRIAS, MAS RECENTEMENTE A CIDADE TEM SE REORGANIZADO,
TORNANDO-SE PRÓSPERA PARA AS ARTES E O DESIGN
APRYL THORNTON, HOSTESS,
BASEMENT, EDITION HOTEL
”Miami é a irmã mais fogosa de Nova
Iorque – em ambos os sentidos da
palavra. No passado era considerada
um destino de inverno, atraindo turistas
dos estados mais frios do Norte em
busca de sol, mas se tornou um destino
emocionante durante todo o ano, mesmo
no auge do verão”
36 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

DESIGN
DISTRICT
Nesta página: Fly‘s
Eye Dome de
Buckminster Fuller.
À esquerda:
escultura de Le
Corbusier na Palm
Court feita pelo
artista francês
Xavier Veilhan.
Abaixo, à
esquerda: pista de
gelo de neon do
Edition Hotel
Acidade de Miami repercutiu no passado
por razões contraditórias. No início dos
anos 80, durante as guerras da cocaína –
representadas na icônica série de TV,
Miami Vice, com Crockett e Tubbs – a
cidade detinha as mais altas taxas de
assassinato no mundo. Ao mesmo tempo,
mantinha a reputação de longa data de
ser um dos mais importantes destinos para aposentados da
América do Norte. Recentemente, porém, gangues de drogas têm
sido relegadas à medida que a cidade se regenera, tornando-se
próspera para as artes e o design mundiais, encabeçada pela Art
Basel Miami Beach, a glamorosa feira de artes inaugurada em
2002 que se tornou o catalisador internacional da mudança: “A
Art Basel teve um impacto inegável na cena artística e cultural de
Miami. Durante uma semana do ano, o mundo da arte contemporânea
se atenta a nossos artistas e instituições culturais”,
explica Brandi Reddick. Ela é a curadora do Miami-Dade County
Art in Public Places e a relevância de sua função no governo local
não lhe permite apenas supervisionar o funcionamento e a
direção curatorial de projetos de arte pública, mas possibilita
também que ela forneça um contexto histórico para as tendências
contemporâneas da arte. “É importante lembrar que a cena artística
já florescia em Miami antes da chegada da feira”, diz ela.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 37

VIAGEM
“AQUI EM MIAMI HÁ UMA
CORRENTE DE SENSIBILIDADES
EUROPEIAS E SUL-AMERICANAS
QUE IMPEDEM QUE QUALQUER
ELEMENTO DECORATIVO SEJA
PERCEBIDO COMO EXAGERADO”
“Nosso programa de arte pública foi fundado em 1973,
sendo um dos maiores e mais antigos do país. O acervo é
composto por mais de 700 obras, distribuídas ao longo do
Estado, de artistas reconhecidos internacionalmente e
sediados em Miami”. Não é apenas pelas artes visuais que
Miami é reconhecida agora: a Miami Design foi iniciada
em 2005 e a cidade tem um calendário excepcional
durante todo o ano, incluindo uma feira internacional de
livros, um festival de cinema e o aclamado Winter Music
Conference, voltado à música eletrônica e a DJs. A
proximidade de Miami com Cuba e com a América do Sul
faz com que você ouça espanhol por toda parte e o afluxo
de dinheiro advindo de países latinos deu início a um
boom imobiliário que se pode vislumbrar pelas torres
residenciais, hotéis e espaços públicos para arte. Quanto a
essas últimas, Reddick reconhece a existência de uma
política de longo prazo: “Por mais de uma década, instalações
culturais como o Adrienne Arsht Center para as
Artes Performáticas, o Pérez Art Museum Miami, o Frost
Museum of Science e o South Miami-Dade Cultural Arts
Center foram planejadas como parte do programa de
construção da capital do Estado”. Com esses novos espaços
para arte, edifícios públicos e monumentos, surge
também a oportunidade de transformar Miami no hotspot
arquitetônico do continente.
Miami já abriga a maior coleção do mundo de edifícios
Art Deco e está hoje repleta de novos projetos ‘Starchitect’,
incluindo o Pérez Art Museum Miami de Herzog &
de Meuron, o centro de Frank Gehry para a New World
Symphony, além de trabalhos de Buckminster Fuller, Zaha
Hadid, Isay Weinfeld, Bjarke Ingels e da companhia local
Arquitectonica. É uma cidade na qual até estacionamentos
modernos são construídos com pretensões artísticas. Veja
o elegante edifício de concreto, de vários andares, assinado
por Herzog & de Meuron – 1111 Lincoln Road – que conta
com uma boutique de moda bem no meio do 5º andar,
além de apartamentos de cobertura. Pela cidade você vai
encontrar uma grande instalação de arte de John Baldessari
em um novo estacionamento revestido com metal brilhoso
no Design District, uma grande faixa de 18 quadras
planejada pelo desenvolvedor Craig Robins desde 2007.
Estamos no auge da revitalização urbana e comercial,
transformando galpões em lojas para Hermès, Tom
Ford e Bulgari com uma pitada liberal de arte
pública extraordinária. A terceira e última fase serão
plenamente realizadas no próximo ano com a abertura de
38 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

ONDE ARTE E ARQUITETURA SE ENCONTRAM
O bairro Wynwood (abaixo & canto inferior direito) é famoso
por sua arte de rua, cafés e galerias. Esquerda: o estacionamento
na 1111 Lincoln Road projetado por Herzog & de Meuron
AMANDA FRAGA, BEVERAGE MANAGER,
MICHAEL’S GENUINE FOOD & DRINK
“Estamos aqui no Design District desde 2007
e vimos Miami seguir nosso exemplo com uma
cultura alimentícia da fazenda à mesa. Flórida
tem um ciclo vegetativo longo e temos muitas
influências da cozinha internacional. Outros
locais para se conhecersão Brickell, com seus
muitos restaurantes novos, e Wynwood para
tomar uma cerveja ou café”.
160 lojas e galerias de arte. Craig Robins também tem
insistido no fato da arte pública combinar com as opções
de varejo ao fornecer um destino cultural completo, algo
que ele considera crucial para o legado visual de Miami.
“Miami sempre teve grandes colecionadores – Ella
Cisneros, Carlos e Rosa de la Cruz e Norman e Irma
Braman são exímios exemplos – que fizeram de Miami seu
lar devido à qualidade de vida que a cidade oferece ou por
interesses comerciais em comum”, explica ele.
“Essas coleções particulares, que foram reunidas ao longo
de muitas décadas, começaram a ser compartilhadas de
forma bastante liberal em nossos museus locais e com a
criação de edifícios para abrigar coleções, tal como o de la
Cruz Collection no Design District de Miami. Essa liderança
privada é, em partes, o que incentivou Sam Keller, da
Art Basel, a escolher Miami como a segunda sede de sua
respeitável exibição. E, como sabemos, a chegada de Art
Basel elevou Miami a um centro de arte e design no
imaginário público”.
Se Miami é onde a América do Norte encontra a América
do Sul, então seu epicentro está situado em um novo
bairro na até então antiquada Mid-Beach. Abrangendo seis
blocos adjacentes ao Oceano Atlântico, o Faena District é
um empreendimento ambicioso, idealizado pelo hoteleiro
argentino Alan Faena. Esse novo bairro é composto por
oito edifícios: um estacionamento totalmente automatizado
que funciona tal como uma enorme máquina de
venda automática; um bazar de compras de luxo; o Fórum
Faena, um centro de performance e artes projetado por
Rem Koolhaas e seu OMA; três torres residenciais; uma
hospedaria chamada Casa Claridge’s, o único edifício
colonial espanhol remanescente na região, e o Faena
Hotel, ponto de referência que revitalizou o antigo Saxony
Hotel. Como a área ainda está em construção, os hotéis e
a primeira torre residencial, criados por Foster + Sócios,
são as únicas obras concluídas no momento. “Nós criamos
esse ambiente único, revitalizado e contemporâneo para
oferecer às pessoas uma experiência dinâmica de arte,
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 39

VIAGEM
ARTE NA RUA
Acima: o foco do Pérez Art Museum Miami, inaugurado em
2013 – também projetado por Herzog & de Meuron – está na
arte contemporânea das Américas, Europa e África. Abaixo:
Brandi Reddick, a curadora da Miami-Dade County Art in
Public Places, auxiliou na promoção das artes na cidade
design, natureza, tecnologia e serviços”, diz Faena.
Evitando palavras como ‘luxo’ e ‘desenvolvedor’, ele vê seu
trabalho como o de um diretor de teatro urbano em uma
cidade onde o papel do público se faz tanto na audiência
quanto no elenco. “Todo o Universo Faena é um palco em
que cada espaço é coreografado com delicadeza em uma
sucessão de sonhos e atos”, acrescenta. Um exemplo de sua
busca por uma teatralidade refinada pode ser visto nos
jardins do hotel, dominados pela obra monumental Gone
but not forgotten, de Damien Hirst: uma reconstrução de
um esqueleto de mamute folheado a em ouro e envolto em
uma caixa de vidro. Parece ridículo, talvez até excessivo,
mas em “carne e osso” esse mamute morto simboliza
Miami de modo bizarro e, ao mesmo tempo, perfeito, nada
condescendente. É belo, é arte moderna e não profana
glórias do passado. Dentro do hotel, os quartos e suítes
foram projetados pelo diretor australiano Baz Luhrmann e
sua esposa, Catherine Martin, figurinista e produtora. Mas
há um equilíbrio em jogo. Caso o hotel fosse transferido
40 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

“HÁ UM EQUILÍBRIO ENTRE
ARTE PÚBLICA, GRANDES
EMPREENDIMENTOS E
CONSIDERAÇÕES COMERCIAIS
E A NECESSIDADE DE
PROMOVER O TALENTO
LOCAL, NOVOS BAIRROS E
COMUNIDADES”.
para a Costa Oeste, poderia ter considerado espalhafatoso,
mas aqui em Miami há uma corrente de sensibilidades
europeias e sul-americanas que impedem que qualquer
elemento decorativo seja percebido como exagerado. Outro
exemplo é o hall de entrada do hotel, chamado a Catedral,
com oito grandes murais feitos por Juan Gatti e que retratam
virtudes, incluindo gnosis, pax, amor e energos. O espaço
não se assemelha a um hall de entrada – não há mesas,
apenas banquetas (bancos estofados) no centro – ou seja, a
primeira impressão do hotel não se dará pela desorganização
característica dos ambientes empresariais, com recepção,
portaria, computadores, artigos de papelaria e pilhas de malas.
Sua primeira impressão é simplesmente artística. Até o final
deste ano, durante a exposição da Art Basel 2016 pela cidade,
todo o bairro estará concluído e será fascinante ver como os
esforços intensos de Faena serão postos à prova na prática à
medida que o público utiliza e interage com o bairro.
O
mesmo pode ser dito de muitos outros bairros de
Miami. O Art Deco District de South Beach, com
suas silhuetas pastéis e curvilíneas, continua a
florescer sob as leis de preservação públicas. Apenas
algumas quadras ao sul do Design District encontramos
Wynwood, repleto de galerias, estúdios de arte, estúdios de
tatuagem e cafés e, nos fins de semana, recheado de arte de
rua e turistas do grafite.
Brandi Reddick já está animado com o próximo destino: “Há
muita energia no bairro de Little Haiti/Little River. Galerias
como Spinello Projects, Gallery Diet, Emerson Dorsch e
ArtCenter South Florida recentemente inauguraram novos
espaços. Alguns dos artistas mais famosos de Miami,
incluindo Edouard Duval-Carrié, Carlos Betancourt,
Agustina Woodgate e Bhakti Baxter trabalham em estúdios
desta área. Mais importante, essas galerias e artistas estão
comprando suas propriedades, o que lhes permitirá um
investimento financeiro substancial no futuro”.
Talvez este último sentimento seja a chave para o sucesso
moderno de Miami: uma cidade na qual os mundos do
comércio e da arte conseguem coexistir em todos os níveis.
Há um equilíbrio entre arte pública, grandes empreendimentos
e considerações comerciais e a necessidade de
promover o talento local, novos bairros e comunidades.
Nesse sentido, Miami é agora, de fato, o estado da arte.
ONDE SE HOSPEDAR
FAENA HOTEL MIAMI BEACH – O Faena Hotel faz
parte de um grupo de edifícios e é o hotel mais
falado de Miami. Contanto com desde obras de
arte de Damien Hirst (abaixo) até um clube de
cabaré e comidas refinadas, ele foi projetado para
se equiparar com o que há de melhor do mundo
em termos de serviço e instalações
ALOFT MIAMI BRICKELL – Por trás de sua
aparente convencionalidade, encontra-se um
hotel interessante,, oferecendo fácil acesso ao
centro da cidade
THE MIAMI BEACH EDITION – O hotel de Ian
Schrager explora o mercado milenar, com uma
deslumbrante sala inteiramente branca, pistas
de boliche, pista de gelo, discoteca e acesso
direto à praia
LOCAIS A VISITAR
PÉREZ ART MUSEUM – Um grande museu de arte
de acesso gratuito pelo Metromover
WYNWOOD DISTRICT – Um paraíso da arte de
rua recheado de pequenas galerias, estúdios de
arte e cafés
HAITI/LITTLE RIVER DISTRICT – Um lar
emergente para artistas, com novos estúdios para
trabalho e galerias espaçosos
ONDE COMER
MICHAEL’S GENUINE FOOD & DRINK –
Alimentos frescos de primeira linha direto da
fazenda para a mesa
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 41

O poder do design
antes e depois
Da economia ao esporte, da saúde à segurança,
veremos como o bom design mudou o mundo
INFOGRÁFICO: Peter Stadden / PESQUISA: Carmen Safdari & Guy Bird
1 CULTURA:
DESIGN DISTRICT,
DE MIAMI
(desde 2007)
2
A parte de Miami a que hoje
chamamos Design District
era antes uma área pouco
valorizada, conhecida apenas
por algumas lojas de móveis.
Em 2016, tornou-se um destino
obrigatório para artistas.
ANTES
0
Galerias de
arte, cafés e
lojas de marca
DEPOIS
160
Galerias de
arte, cafés e
lojas de marca
ECONOMIA:
APPLE
(ano decisivo: 1997)
1997 foi o ano em que Steve Jobs voltou à Apple como CEO
e Jonathan Ive foi promovido a vice-presidente sênior de Desenho
Industrial. À medida que o mundo começou a comprar seus iMacs,
iPods, iPhones e iPads, a taxa de capitalização de mercado da
empresa nunca de crescer.
STEVE JOBS
JONATHAN IVE
$586
bilhões
2016
$1
bilhão
1998 2016
1987
1997
42 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

3 ESPORTE:
RAQUETES DE
TÊNIS MAIORES
(final dos anos 70)
4
A substituição da madeira
por materiais sintéticos
permitiu que as raquetes
ficassem maiores e mais
leves, de modo a aprimorar
o topspin, a velocidade e a
destreza do jogo.
SAÚDE:
DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO (DEA)
(1990*)
Taxas de
sobrevivência
em casos de
parada cardíaca
fora do hospital
Com DEA
50%
*Os desfibriladores
portáteis foram
projetados nos anos
60, mas não se
popularizaram até
muito mais tarde. Em
1990, já haviam sido
instalados em todas
as ambulâncias
de emergência do
Reino Unido
Sem DEA
14 %
até o final dos
anos 70
9 x 27”
200 rpm
topspin
5 TURISMO:
6
GUGGENHEIM MUSEUM BILBAO
(inaugurado em 1997)
Esta cidade ao norte da Espanha era apenas um destino turístico menor até
que sua prefeitura decidiu investir em um estonteante museu de arte projetado
pelo arquiteto mundialmente renomado Frank Gehry. Sua transformação
econômica foi tão grande que deu origem ao termo “O efeito Bilbao”.
= 25 mil visitantes
SEGURANÇA:
CINTOS DE
SEGURANÇA
(primeiro cinto de 3 pontas
padronizado em 1959)
Até
75%
de redução de risco de
morte para passageiros
de bancos
TRASEIROS
1000 rpm
+500%
to p spi n
1992 - 100 mil
após década de 1970
10 x 27”
aberto
1 milhão de vidas
salvas desde 1959
1997 - 300 mil
2006 - 1 milhão
Até
50%
de redução de risco de
morte parapassageiros
de bancos
DIANTEIROS
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 43

CULTURA
Estrelas do Design
DE VISIONÁRIOS DA
ARQUITETURA A
EXPOENTES DO DESIGN
GRÁFICO, DIGITAL E
DE PRODUTOS, A
J-MAGAZINE APRESENTA
OS PERFIS DE SETE
DESIGNERS CUJA
ORIGINALIDADE ESTÁ
MUDANDO O MUNDO
TEXTO: Johnny Tucker
ESPECIALISTA EM INTERIORES: LEE BROOM
Lee Broom é um turbilhão de energia, projetando e
produzindo seus próprios artigos para decoração de
interiores em um ateliê no coração do bairro de
Shoreditch, em Londres. Para que se tenha uma noção do
tipo de homem de que falamos, no ano passado, enquanto a
maioria optou por lançar apenas uns poucos produtos no
maior evento anual de design de Milão, Broom tomou para si
uma série de espaços contíguos e os reformulou em uma só
loja, The Department Store, onde lançou nada mais nada
menos do que 20 peças novas. A loja contava até mesmo com
seu próprio táxi londrino estacionado do lado de fora e e com
porteiro uniformizado. Sua tenacidade no campo do design
é impressionante. Um revestimento de mármore de carrara
para lâmpada fluorescente (apropriadamente denominado
“tubo”) custou meses de testes e uma pilha de cacos de
mármore ao fabricante para que este conseguisse criar
exatamente o que tinha em mente. A maioria teria desistido
no meio do caminho.
Broom é dono de uma estética que remonta frequentemente
à década de 1980 no que diz respeito à forma, à cor e à simplicidade
elegante e discreta dos materiais, do mármore
supracitado ao cristal presente em dois de seus trabalhos
mais célebres – seus abajures construídos a partir de antigos
decantadores e suas lâmpadas de cristal lapidado que,
quando acionadas, projetam belas sombras.
Topo: as lâmpadas de
cristal lapidado que são
marca registrada de
Broom. Direita: Lee
Broom e seu rol de
lâmpadas em formato de
lua crescente. Abaixo:
interior do
Restaurante Old Tom &
English, no Soho
44 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

SUPER CASAL DO DESIGN: NERI & HU
Topo, esquerda e direita: o Waterhouse, situado
em South Bund, Xangai. Acima: cadeiras Together,
para a Fritz Hansen
Lyndon Neri e Rossana Hu, residentes em Xangai,
trabalham em toda a gama de setores do design, do
mobiliário de pequenas proporções – com muitos
exemplos povoando sua própria loja, a Design Republic –
à arquitetura. Começaram sua jornada na Califórnia, em
Berkeley, antes de viajarem para o leste, passando por
Harvard e Princeton e grandes escritórios de arquitetura,
antes de chegarem a Xangai, onde inauguraram a neri&hu
em 2004. A partir desse “centro do caos contemporâneo”,
segundo o dizer dos próprios, o casal realiza projetos em
todo o mundo, desde as Filipinas até Londres, onde acabam
de abrir outro escritório. Seu leque de projetos
arquitetônicos é vasto, abrangendo a Universidade Internacional
de Oxford em Changzhou, na China, áreas de comércio
varejista inteiras e até mesmo um cemitério. Contudo, é
seu trabalho no setor hoteleiro o que mais recebeu elogios,
especialmente o Hotel Waterhouse, em Xangai, no qual um
velho galpão de armazenamento foi reduzido à sua essência.
O foyer principal, acessível por imensas portas de aço enferrujado,
é um gigantesco vazio com altíssimo pé-direito,
contando com mesa de check-in em concreto: impactante
declaração que emana uma sofisticação despojada.
Não importam as proporções
com que trabalhem os projetos
de Neri & Hu partilham todos
do mesmo olhar belo e equilibrado
no tocante a detalhes e
forma, além do mesmo amor
aos materiais
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 45

CULTURA
ESPECIALISTA EM DESIGN HOTELEIRO: ANDRÉ FU
Quando um arquiteto descobre que seu nome é um
atrativo grande o suficiente para que possa criar
objetos a partir de uma marca homônima, esse
optará, em geral, por acessórios, itens de escritório ou talvez
por mobília similar a peças criadas em projetos recentes. Fu,
porém, tomou um caminho diferente, lançando um eau de
toilette chamado Fargesia, para pessoas e interiores,
embalado em uma bela caixa de bambu.
O jovial Fu construiu sua reputação principalmente no
mundo do design de hotelaria. Se você é um viajante com
gosto pelo luxo, certamente já se hospedou em um dos
palácios projetados por Fu, os quais incluem a Upper House
em Hong Kong e o Hotel Fullerton Bay, em Singapura. Sua
invejável clientela inclui redes como Maybourne, Four
Seasons, Shangri-La, Swire, Cappela e Park Hyatt. Ele
também projetou restaurantes como o Kioku, no Four
Seasons de Seul, e o Motif em Tóquio, além de trabalhar
para marcas como Louis Vuitton, agnès b e Lane Crawford.
Imagem principal: casa
de chá à entrada do
L’appartement, Hong
Kong, para a Louis
Vuitton. Topo: terraço a
céu aberto no The
Clifford Pier, Hotel
Fullerton Bay, Singapura
46 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

A iniciativa conhecida como Um Laptop Por Criança (OLPC)
obteve tanto respeito que foi imortalizada nas cédulas de Ruanda
SURFISTA COM CONSCIÊNCIA SOCIAL: YVES BÉHAR
O
estereótipo da maioria dos surfistas californianos é aquele tipo
relaxado com gosto por palavras como “radical” e “brother”. Não
é esse o caso de Yves Béhar. Ele surfa, sim, mas leva aquela intensidade
originária das ondas para tudo o que faz, inclusive para seu
trabalho como designer. Com efeito, ele é muito mais que um simples
designer – e prega que designers são os novos empreendedores. Nascido
na Suíça mas residente em São Francisco, ele está bastante integrado à
cultura de start-ups característica da cidade. Além de projetar produtos
para Prada, Samsung, Swarovski, Kodak e SodaStream, é o diretor
criativo da Jawbone, empresa especializada em dispositivos fitness
vestíveis (Béhar usa uma das pulseiras fitness da marca em seu braço).
Béhar é também proprietário de um grande estúdio de design chamado
fuseproject – o nome revela muito acerca de sua abordagem –, que conta
com uma galeria de arte com sua própria curadoria.
Ele encontra, ainda, tempo para trabalhar em projetos com forte sentido
de responsabilidade social, tais como a iniciativa Um Laptop por Criança, a
qual proporciona o acesso à tecnologia a crianças de países em desenvolvimento.
O projeto pioneiro obteve tanto respeito que foi imortalizado nas
cédulas de Ruanda. Enquanto isso, partindo para o outro extremo, seu
mais recente projeto é uma coleção de relógios de luxo para a Movado.
Topo: meninas afegãs
aprendem e se divertem
com os laptops
de Béhar. Acima: um
dispositivo fitness da
Jawbone, empresa na
qual Béhar (esquerda)
atua como diretor
criativo
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 47

CULTURA
O trabalho de Soh é
fascinante e também
algo perturbador:
pense num curtametragem
assinado
por David Lynch
tendo Alexander
McQueen como
diretor criativo
NATIVO DIGITAL: SHAWN SOH
Shawn Soh é alguém em quem vale a pena prestar
atenção. Ele ainda não possui uma obra extensíssima,
nem tampouco uma lista enorme de
clientes, mas tem, em abundância, um talento instintivo
que sugere o quanto irá longe. Essa previsão baseia-se
quase que inteiramente em sua exposição de graduação
na Universidade de Arte Central Saint Martins, em
Londres, em 2015 (na qual colaborou com o cineasta
Nathanael Brooks).
Digital Afterlife é um trabalho em vídeo para o qual Soh
criou uma série de vinhetas bastante densas com figuras
humanas em preto e branco, nas quais indivíduos
assumem o aspecto de mutações por meio da aplicação
de materiais metamorfoseantes. O efeito é a um só
tempo fascinante e levemente perturbador – pense em
um curta-metragem dirigido por David Lynch em seus
dias de Eraserhead, tendo Alexander McQueen como
diretor criativo.
Acima: Shawn Soh. Imagem principal, acima e à direita:
imagens do vídeo Digital Afterlife, de Soh
48 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

A
complexidade do trabalho de
Kristjana S. Williams é
comparável apenas à sua
beleza. Trabalhando uma estética
vitoriana em cores vivas, Williams
criou uma obra que vai de mapas a
estampas finas e artigos de decoração
de interiores.
Seu modus operandi é o da colagem,
método com o qual cria universos
detalhados habitados por animais que
remontam a um passado como o de
Phileas Fogg, protagonista de A Volta
ao Mundo em 80 Dias. Nascida na
Inglaterra, Williams mudou-se para a
Islândia com apenas dois anos de
idade. Retornou posteriormente à sua
terra natal,, trabalhando como
topógrafa, antes de descobrir sua
vocação gráfica e matricular-se na
promissora escola de arte Central
Saint Martins, em Londres. Ela
montou seu próprio negócio em 2012
e vem, desde então, ganhando atenção
e prêmios diversos. Uma evidência da
popularidade de seu trabalho é a
adoção e mesmo a imitação de seu
estilo por empresas de grande porte,
já estabelecidas no setor.
Ela afirma que sua exuberância
cromática é uma reação à natureza
cinzenta da Islândia. Seu trabalho tem
sido descrito poeticamente como “o
equivalente visual a comer uma caixa
de chocolates excelentes, inventivos e
– o que é crucial – artesanais”.
Recentemente, ela criou uma colagem
de 5 x 2,8 m para o 32 o andar do
arranha-céu Shard, em Londres, e um
trabalho para o Hotel Connaught, de
Mayfair, usado então como base para
160 peças, desde placas de “Não
Perturbe” a cardápios e guardachuvas.
Kristjana
Williams em
seu estúdio e
exemplos de seu
complexo
trabalho de
colagem
ONDE O DESIGN GRÁFICO E A ARTE SE ENCONTRAM: KRISTJANA S WILLIAMS
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 49

DESIGN
ARTE
performática
1959
PARA ALÉM DA INSPIRAÇÃO NO ART DECO DOS ANOS 30 E DA INFLUÊNCIA
DO PRÊMIO DE LE MANS NOS ANOS 80, A JAGUAR VEM HÁ
MUITO CRIANDO ALGUMAS DAS MELHORES CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS
PARA PROMOVER SEUS CARROS. A J-MAGAZINE SELECIONOU
ALGUMAS DAS QUE MAIS SE DESTACAM PARA ESTA EDIÇÃO
TEXTO: Guy Bird / FOTOGRAFIA: Jaguar Land Rover Classic Archive
50 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

CUIDADO COM O ESTOFAMENTO VERMELHO À esquerda: esta propaganda americana estilosa do XK150
Roadster data de 1958, e conta com uma fotografia de Dan Rubin. Abaixo: uma propaganda que obteve uma
recepção maravilhosa, datada de 1973, capturando o espírito do sonho de muitos garotos
1973
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 51

DESIGN
Desde os seus primeiros dias –
antes mesmo da marca se
tornar a Jaguar –, o cofundador
William Lyons tinha um
bom olhar quanto a práticas de design,
marketing e vendas. De acordo com
Nigel Thorley, em Marketing the Marque,
Lyons era entusiasta do movimento Art
Deco, popular na década de 1920 e no
começo da de 1930, e isso se reflete
claramente nas propagandas dos
primórdios da marca, então chamada SS
Cars – sigla que representava, alternadamente,
as expressões Standard Swallow,
Swallow Special ou Swallow Sports.
Com efeito, a importância da propaganda
está por trás da transformação
da Jaguar em um modelo e, em seguida,
em uma marca. De acordo com o livro
Jaguar Design: A Story of Style, de Nick
Hull (apresentado à parte nesta edição,
vide p. 10), Lyons era amigo próximo de
Bill e Bob Bett, que controlavam a Nelson
Advertising, e, preocupados com as
associações negativas relacionadas às
iniciais SS mesmo antes da Segunda
Guerra, sugeriram o nome Jaguar.
Lyons concordou com reticências e
batizou o modelo de 1935 de SS Jaguar
antes de alterar o nome da empresa
inteira em 1945. E é como dizem por aí:
o resto é história...
1936
1961
WILLIAM LYONS FOI INFLUENCIADO PELA ART
DECO, E ISSO SE REFLETE CLARAMENTE NAS
PROPAGANDAS DOS PRIMÓRDIOS DA MARCA
ARTE DE CAPA cofundador William Lyons mantinha boas relações com a
imprensa e anunciou com frequência na capa da The Autocar, como nesta
edição de 1936 (à esquerda), com o SS Jaguar. “Graça, espaço e velocidade”
foi uma chamada famosa usada durante muitas décadas, podendo ser vista
inclusive neste exemplo de 1961, que apresenta (de cima para baixo) o Mark 2,
o Mark 10 e o E-Type. À direita: este anúncio americano de 1970 para o E-Type
joga com a forte relação da marca com felinos
52 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

1970
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 53

DESIGN
1972
PEDIGREE DE CORRIDA
era uma abordagem de vendas
comum para promover carros de
estrada da mesma marca. Abaixo:
este anúncio do XJ-S de 1985
faz referência ao carro de corrida
XJR-6, com grande sucesso
(e uma redação esplêndida).
Em 2007 (à direita), o texto
para o XK era provocante de
outro modo, usando o slogan
“O que é belo chama a atenção”
1985
CONFIANÇA E PERSPICÁCIA ocuparam um papel central
nas propagandas da Jaguar do início da década de 1970,
conforme se vê neste anúncio: “A menos que você esteja
considerando seriamente comprar um XJ6, é altamente
recomendável não fazer um test drive. Você não vai querer
nenhum outro carro”
ENQUANTO OS ANÚNCIOS DA DÉCADA DE 60
ERAM MAIS CONTIDOS, AS VERSÕES DOS PRIMEIROS
ANOS DA DÉCADA DE 70 FAZIAM USO DA
PERSPICÁCIA PARA GERAR EFEITOS INCRÍVEIS
54 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

2007
2014
A JAGUAR CONTINUA
com a sua longa
tradição de anúncios
glamurosos para a sua
linha atual, como ilustra
perfeitamente, por
exemplo, esta sofisticada
cena do jet set
londrino preparada para
a recente campanha
“Alive”, estrelando o
F-TYPE R Coupé
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 55

PESSOAS
Um herói extraordinário
É PRECISO TER CONFIANÇA PARA CRESCER EM UMA CRISE. CONFRONTADO
COM A PIOR RECESSÃO DE TODA UMA GERAÇÃO, FOI O QUE FEZ RATAN
TATA QUANDO ADQUIRIU (E, SEM DÚVIDA, SALVOU) A LAND ROVER E A JAGUAR
TEXTO: Gavin Green / FOTOGRAFIA: Peter Hapak
O
nome de Tata aparece em
mais produtos do que
qualquer outra marca na
Índia, de grandes caminhões a carros
pequenos, de água mineral a telefones
celulares. Ele tem participação nas
indústrias química e de construção,
mineração e mídia, refrigeração e
energias renováveis, drogas e defesa,
hotéis e saúde, telecomunicações e TI.
No Reino Unido, a contribuição de
Tata para a saúde da indústria,
embora importante, é mais discreta.
O nome de Tata não aparece em lugar
algum dos veículos Land Rover ou
da Jaguar. Entretanto, é Ratan Tata –
agora presidente emérito do Grupo
Tata –, mais do que ninguém, o
responsável pelo notório sucesso
recente da Land Rover da Jaguar (JLR),
a maior empregadora e investidora
automotiva do Reino Unido, bem como
a maior produtora de carros do país.
Como o CEO Ralf Speth disse à revista
Auto Express há alguns anos, “Sem
Ratan Tata, a Land Rover da Jaguar
não existiria mais”. Para um homem
cujo nome está por toda parte na Índia,
ele se mantém curiosamente afastado
dos holofotes e vive modestamente em
Colaba, região sul de Mumbai.
O seu entusiasmo por carros, muito
bem documentado, começou cedo.
“O meu primeiro encontro com um
Jaguar foi quando eu estava em idade
escolar. Meu pai tinha um XK120.
No momento, não compreendíamos
bem o que era. Era só um veículo de
estrada de duas porta que o meu
pai usava para se sentir jovem. Eu
andava de carro com ele. Quando fui
para a faculdade, tentei comprar um
modelo semelhante de um colega
meu. Fiz o test drive, mas não podia
pagar o preço que ele estava pedindo.
Foram essa paixão por carros e um
bom olho para oportunidades de
negócios que me atraíram à compra
do Land Rover da Jaguar, da Ford,
em 2008. Ele admite que foi uma
aposta e diz agora, com uma boa
dose de franqueza, que havia épocas
em que “não estava muito confiante”
quanto à possibilidade de uma
reviravolta na sorte dessas duas
marcas famosas.
Pouco tempo depois de Tata ter
comprado a JLR por 2,3 milhões de
dólares, o Lehman Brothers foi para o
buraco e a pior recessão dos tempos
modernos bateu à porta. Para Tata, o
momento não poderia ter sido pior.
“É claro que houve muitos
momentos em que nos perguntávamos
o que havíamos feito.
Eu estava convencido de que a
coisa certa a fazer era confiar
nos meus instintos. Senti que a
recessão não seria das longas e
estava convencido de que as
vendas decolariam novamente.
Precisávamos de mais produtos. Com
ótimos produtos novos, a empresa
teria uma chance. Então investimos.”
Enquanto muitos rivais cortavam o
financiamento para custear novos
modelos, Tata investiu pesado. Financiada
principalmente por bancos
indianos, a JLR começou a desenvolver
uma série de novos veículos que
se tornariam sucessos globais,
incluindo o Range Rover mais recente,
com corpo de alumínio, o Range Rover
Sport, os Jaguares F-TYPE e XE e o
Range Rover Evoque, que se tornou o
modelo mais vendido na história dos
Land Rovers da Jaguar.
“Diversas vezes, durante a recessão,
visitei nossa mão de obra e disse:
“vamos trabalhar lado a lado para
ajudar a restaurar a glória dessas duas
marcas. Tudo que aconteceu depois foi
resultado direto do espírito da da
nossa mão de obra e da gerência da
Land Rover da Jaguar.”
A ousadia de Tata se revelou uma
cartada de mestre. Quando o mundo
despertava da recessão, a JLR estava
pronta e com veículos novos. Nos
últimos seis anos, o volume de
negócios triplicou, ao passo que as
vendas e o número de empregados
dobraram. Ultimamente, a JLR vem
sendo uma das montadoras com o
crescimento mais rápido do mundo.
“TUDO O QUE ACONTECEU
DEPOIS É UM RESULTADO
DIRETO DO ESPÍRITO
DA NOSSA MÃO DE OBRA”
Foi inaugurada uma nova fábrica na
China no ano passado, e novas
fábricas no Brasil e na Eslováquia –
fornecendo suplementação a quatro
fábricas do Reino Unido, incluindo
uma fábrica de motores em
Wolverhampton – satisfarão a
demanda global.
“Tem sido uma experiência muito
gratificante. Estou muito orgulhoso de
tudo que aconteceu e tenho uma
admiração enorme pelo que Ralf
[Speth] e sua equipe vêm fazendo.
56 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

“TENHO MUITA SORTE, NO
SENTIDO EM QUE ACREDITO QUE
POSSO FAZER A DIFERENÇA”
Eu estava confiante e investi dinheiro
na época em que precisavam dele, mas
fiz isso com muita apreensão, porque
os números aqui [na Índia] eram
muito grandes.”
Ratan Tata agora trabalha principalmente
para a Tata Trusts, fazendo
caridade para uma variedade de boas
causas. “No momento, a minha atividade
principal é tentar combater a
desnutrição em mulheres e crianças,
para que em 10 ou 15 anos a próxima
geração de indianos seja mental e
fisicamente mais forte.” Tata é um
conglomerado incomum devido ao
fato de 66% de sua holding ser de
propriedade de fundos de caridade. A
maior parte dos lucros é distribuída
para a caridade, incluindo auxílio à
saúde, educação, combate à pobreza e
incentivos à arte e à cultura. “Foi uma
jogada muito iluminada dos meus
antepassados. Os fundadores legaram
a sua empresa à caridade. Era como
devolver o lucro ao povo.”
Ratan Tata é também um eminente
defensor do combate ao aquecimento
global. A fim de coincidir com a última
conferência climática de Paris de
dezembro passado, ele se uniu a pesos
pesados da indústria e da tecnologia,
incluindo Bill Gates, Mark Zuckerberg,
Richard Branson e Jack Ma, para o
lançamento da Breakthrough Energy
Coalition (Coalizão para o Avanço
Energético, em tradução livre), um
grupo devotado a acelerar o desenvolvimento
da energia renovável.
“Estou contente por ter feito o grupo
crescer em um ambiente [de negócios]
em que ética e valores elevados
podiam ser difíceis de se encontrar,”
diz de seu legado. “Nós mantivemos
esses valores. À medida que crescia,
me tornava cada vez mais sensível à
desigualdade de recursos e prosperidade,
e, lá no fundo, havia um desejo
de fazer a diferença. Tenho muita
sorte, no sentido em que acredito que
posso fazer a diferença.”
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 57

TESTE DE GRUPO
UM QUINTETO E TANTO
Sendo o carro esportivo de
produção em série mais rápido
de toda a história da Jaguar, o
F-TYPE SVR toma com razão a
dianteira neste teste de transmissão
integral em grupo junto
ao XE, XF, F-PACE e ao XJ,
que o seguem de perto
A sessão fotográfica dos AWD & SVR foi realizada em um ambiente controlado, com motoristas experientes.
Não tente fazer o mesmo. Sempre respeite os limites locais de velocidade.
58 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

Para dar adrenalina
J-MAGAZINE ENCONTRA UM MIRADOURO ADEQUADO NAS
ALTURAS DO PAÍS DE GALES PARA EXPLORAR AS HABILIDADES
ÚNICAS DA PRIMEIRA LINHA DE TRANSMISSÃO INTEGRAL
DA JAGUAR - DO F-PACE AO F-TYPE SVR E , INCLUINDO TODOS
OS QUE FICAM PELO CAMINHO
TEXTO: Ben Barry / FOTOGRAFIA: Greg Pajo
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 59

TESTE DE GRUPO
OS CARROS COM TRANSMISSÃO INTEGRAL NÃO SÃO
APENAS OS MAIS SEGUROS EM SITUAÇÕES PERIGOSAS, MAS
TAMBÉM OS MAIS CONFIÁVEIS, NÃO IMPORTA O CLIMA
EM MISSÃO
Algumas das estradas
mais sinuosas e deslumbrantes
do País de Gales
foram tomadas pela força
dos cinco veículos da linha
de transmissão integral:
à direita, o XJ e o XF, e
acima o F-TYPE R, o XE
e o F-PACE
60 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

O
País de Gales é o paraíso dos motoristas. Aqui
no Parque Nacional de Snowdonia, o trânsito
é escasso, a paisagem é deslumbrante e as
estradas estão dentre as melhores do mundo.
Combine o desafio das suas curvas ao clima
imprevisível e aí está um país perfeito para um teste de
transmissão integral. Todos os Jaguares agora oferecem o
sistema de transmissão integral AWD) – com os modelos XE,
XF, XJ, F-PACE e F-TYPE englobando desde os eficientes 2.0
a diesel até carros esportivos de alto desempenho com motor
movido a gasolina. Vamos testar um exemplar de cada em
primeira mão para conhecer as suas vantagens.
A limusine XJ foi a primeira da linha atual da Jaguar a
oferecer transmissão integral, e se mostrou uma companhia
tranquila na longa viagem de Londres ao Norte do País de
Gales. Em ponto de cruzeiro, você fica simplesmente desligado
de como a tração está a pleno funcionamento, e essa é a
ideia: os engenheiros da Jaguar miraram na pureza do carro
esportivo com tração nas rodas traseiras (RWD) com
segurança AWD adicional. É por isso que, conduzido normalmente,
o XJ é predominantemente RWD. É só quando a
estrada fica emaranhada e sinuosa ou quando você acelera
com mais vontade em superfícies de baixa tração que o
sistema canaliza sutilmente a potência para frente. Isso
significa que você troca o derrapar da roda sob circunstâncias
mais exigentes por um progresso sereno, o que torna um
grande carro de luxo como o XJ ainda mais refinado.
Ao chegar ao País de Gales para continuar com o teste de
estrada e encontrar a equipe de fotografia à beira do Lago
Bala, picos montanhosos glaceados com neve despontam à
distância. Enquanto os carros são polidos e os enquadramentos
planejados, pulo para dentro do XE e dou uma escapada.
O XE é o carro de passeio premium compacto que introduziu
ao mercado a nova Arquitetura Leve de Alumínio da Jaguar,
e a transmissão integral agora está disponível tanto no
modelo a diesel quanto no movido a gasolina (dependendo
da região). Assim como no sistema do XJ, a tração é completamente
variável, mas o XE tem 90% de tração traseira em
condições normais e uma Dinâmica de Direção Inteligente
(IDD) para variar constantemente o torque entre ambos os
eixos. A IDD foi desenvolvida para preservar as características
esportivas do AWD F-TYPE, e coordena sem nenhum
problema as respostas do motor, da caixa de câmbio, da
tração e do controle de estabilidade. A partir da posição
estática ele pode mudar da tração traseira para a dianteira
em apenas 165 milissegundos, ou em até menos, 100 milissegundos,
quando o carro está em movimento. Ele também
não apenas reage ao derrapamento, mas o antecipa, graças a
sensores que medem as coordenadas de aceleração e
direção. Quando uma derrapagem é inevitável, o sistema
transfere preventivamente mais de 90% do torque do motor
das rodas traseiras às rodas dianteiras para oferecer uma
tração otimizada. É uma combinação potente, que enriquece
a renomada agilidade do XE com compostura, sem diluir a
fruição do motorista, e possibilita que o nosso modelo
empregue a sua potência sem grandes esforços, tornando
essa uma missão estável e altamente divertida.
O XF se baseia na fórmula do XE, com o mesmo sistema de
tração, uma experiência de direção capaz de arrebatar e
apaziguar na mesma medida, com luxo e espaço adicionais.
Estamos dirigindo o eficiente 2.0 a diesel, um motor de
180PS com pegada e que garante o aproveitamento máximo
das revoluções. Mais um caso em que você mal consegue se
dar conta das intervenções da transmissão integral, sentindo
apenas que pode pisar no acelerador mais fundo e mais cedo
diante de uma curva; os carros com transmissão integral
não são apenas os mais seguros em situações perigosas, mas
também os mais confiáveis, não importa o clima. Assim
como a do XE, a tração do XF permanece a 90% de tração
traseira em condições normais. Mas há um aspecto do
sistema IDD da Jaguar inatingível para a concorrência: ele
detecta quando você está prestes a perder a tração e se
prepara preventivamente para canalizar mais tração para
frente, o que é útil em estradas com muita subida e descida.
Ele também corta o tempo para chegar de 0 a 100 km/h da
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 61

VEJA (E SINTA) A DIFERENÇA
À esquerda: a transmissão integral
do XE é plenamente variável, mas
90% se concentra nas rodas traseiras
em condições normais. Abaixo: o XF
oferece transmissão integral em
diversas variações. À direita: a visão
esportiva a partir do ótimo assento
do motorista do XE.
maior parte dos modelos, fazendo com que acelerar em uma
estrada movimentada seja mais seguro, uma vez que todos
os quatro pneus compartilham a carga.
A mais recente aquisição da linha da Jaguar, o F-PACE,
representa novos territórios para a empresa. Mas ele é
construído om os mesmos blocos de montagem o alumínio e
do mesmo sistema de transmissão integral dos modelos XE e
XF, e a essência da Jaguar transpassa ambos como um raio,
tanto no design como na direção. Apesar de ter uma visão
ampla da estrada adiante, você está sentado em posição
relativamente baixa na cabine de comando, segurando um
volante pequeno e fácil de manejar. Os pneus dianteiros
respondem a curvas agudas com a precisão dos carros esportivos,
a direção responde muito prontamente e com peso
muito bem ajustado, a suspensão conjuga sofisticação e o
conforto da suavidade. O espaço traseiro é ótimo, e o portamalas
líder da categoria é enorme, flexível e altamente
acessível a partir da sua grande porta.
A transmissão integral está disponível nas variantes de
motor de quatro e seis cilindros do F-PACE e é o padrão no
nosso modelo. Mais uma vez, permanece a sensação de
tração traseira, mas é só acelerar por uma longa e sinuosa
curva para que a potência seja canalizada para a frente sem
grandes esforços, ajudando o F-PACE a vencer as curvas
agudas com facilidade. É uma maneira rápida, segura e
incrivelmente satisfatória de viajar por essas desafiadoras
estradas galesas. O F-PACE também dispõe de capacidade
off-road, mas é importante destacar que a transmissão
integral não corresponde plenamente à tração nas quatro
rodas (4WD). A tração nas quatro rodas é reservada àqueles
que têm sérias ambições como off-roaders; ela divide a
potência ide modo igualitário entre todas as rodas e oferece
razões de câmbio muito baixas e selecionáveis pelo condutor.
A transmissão integral é refinada e sofisticada,
distribuindo a potência ativamente da frente à traseira em
milissegundos, sendo mais bem adaptada e adequada à
estirpe dos carros de estrada de alta velocidade. Ainda
assim, a alta capacidade percursiva do F-PACE, a transmissão
integral e a à Resposta a Superfície Adaptativa – que
molda automaticamente o motopropulsor às condições –
combinam-se para fornecer uma capacidade mais que
suficiente à maior parte das situações. Para testar essa
teoria, nós nos desviamos para uma pista off-road, sentimos
os pneus se esmagarem sobre a superfície mole e pantanosa
e logo voltamos a seguir nosso rumo. Há sulcos profundos e
pequenas pedras caídas do topo da colina acima, mas o
F-PACE passa por tudo mantendo seu ritmo, percorrendo de
maneira estoica um terreno que deixaria a maioria dos
carros desorientados. Estacionados no topo da nossa trilha,
sentindo-nos como se fôssemos exploradores destemidos,
abarcamos com o olhar uma estrada incrível que se prolonga
à distância como um cadarço largado por sobre a topografia.
Uma estrada que parece feita para o carro mais esportivo da
Jaguar: o F-TYPE.
O F-TYPE Coupé V8 é um carro superpotente de dois assentos
com 550PS. Mesmo para especificações de tração
traseira, isso é muita velocidade, mas a transmissão integral
possibilita que o R Coupé vá de 0 a 100 km/h em apenas 3,9
segundos. Apesar do desempenho impressionante deste
carro, você encontrará rapidamente o seu ritmo. A posição
de condução é relaxada e muito bem preparada, e suas
respostas – a do motor e da caixa de câmbio, do volante, dos
freios de cerâmica de carbono – são instantâneas. E o
barulho do exaustor quádruplo do R é o paraíso, todo um
ronronar aveludado a baixas revoluções e poderosos
estouros quando em plena potência. Tudo isso cria um senso
de conexão entre carro e motorista que apenas aumenta
quando a transmissão integral dá as caras, otimizando a
estabilidade queira esteja você acelerando a partir da estase,
quer esteja abrindo caminho por uma estrada deserta. O
F-TYPE R parece ser a maneira definitiva de se experimentar
essas estradas épicas. Ainda assim, a Jaguar foi um passo
além para criar o maravilhoso novo AWD F-TYPE SVR, a sua
versão mais veloz e potente até o momento. Na próxima
página, nós o testamos...
62 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

TESTE DE GRUPO
MAIS UMA VEZ, PERMANECE A SENSAÇÃO DE TRAÇÃO TRASEIRA,
MAS É SÓ ACELERAR POR UMA LONGA E SINUOSA CURVA PARA
QUE A POTÊNCIA SEJA CANALIZADA PARA A FRENTE SEM GRANDES
ESFORÇOS, AJUDANDO O F-PACE A VENCER AS CURVAS AGUDAS
COM UMA FACILIDADE INCRÍVEL
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 63

PRIMEIRO TESTE
O F-TYPE definitivo
TESTAMOS O PRIMEIRO JAGUAR DA HISTÓRIA A OSTENTAR O
CONSAGRADO DISTINTIVO DO SVR
O
F-TYPE SVR é o Jaguar mais veloz e poderoso
da produção em série que a Jaguar já montou,
a última expressão da tecnologia de transmissão
integral (AWD) da Jaguar. Reclinando-se
em seus assentos esportivos sob medida, você
não deixará de notar o diferencial do interior do SVR, com
seu estofamento de couro preto azeviche com padrão de
losangos e costura contrastante, bem como o pano de
camurça que reveste o painel de instrumentos e o painel
central. Ao apertar o botão iniciar e, os 575PS V8 eclodem
através de um exaustor de titânio e Inconel; o sistema é 16
kgs mais leve que o-padrão, e soa como um trovão dentro de
uma garrafa. Antes mesmo de arrancar, o SVR faz o seu
coração bater mais rápido.
É o resultado do trabalho da Operações de Veículos Especiais
(SVO), a divisão interna da Jaguar Land Rover encarregada
de melhorar ainda mais o que já era bom. Usando a F-TYPE R
como ponto de partida, a SVO fez a F-TYPE SVR mais rápida,
mais leve, mais envolvente e com um visual ainda mais
impactante. O resultado é um super-carro para todos os
climas que tem alto giro a partir de uma posição de repouso,
acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3,5 segundos e cuja
versão coupé chega a 322 km/h (314 km/h para a versão
conversível). Os toques diferenciais do design incluem um
novo parachoques dianteiro com entradas de ar embutidas,
aberturas da capota vistosas, um aerofólio traseiro de fibra
de carbono reformulado e o design exclusivo para as rodas de
liga forjada de 20 polegadas. Nada é supérfluo: as entradas
de ar ampliadas melhoram a refrigeração; o aerofólio
removível combina com o forro plano ao estilo dos carros
de corrida e a ventilação traseira melhora o desempenho
aerodinâmico; e as novas ligas são 13,8 kg mais leves e
envoltas em pneus sob medida cerca de 10mm mais largos
do que os do F-TYPE R, aumentando aderência e resposta.
Sob o capô, o motor superpotente V8 ganha 25PS, a suspensão
continuamente variável é mais firme para aumentar o
controle e a caixa de câmbio de oito velocidades é ainda
mais incisiva. Como ponto crucial, o software da Dinâmica
de Direção Inteligente (IDD) do sistema de transmissão
integral foi redesenhado para fornecer uma experiência
ainda mais dinâmica.
Puxe o seletor de transmissão de câmbio rápido para Dirigir,
saia estrada afora e perceba como a suspensão do SVR agora
se enquadra à perfeição com a flexibilidade do F-TYPE,
garantindo um maior controle; um maior controle; a
sensação, transmitida também pelo volante do SVR, é de
maior firmeza, fornecendo uma conexão extra com a superfície
da estrada. Acelere, atravesse algumas curvas com o
SVR e sinta a estabilidade extra garantida pelos pneus mais
largos; o carro esportivo parece estar colado à sua faixa, e a
confiança aumenta rapidamente. Acelere e sinta o SVR
avançar, o desempenho de grande impacto de seus pneus na
estrada, o impulso lembrando-o da transmissão traseira, e o
aumento rápido da velocidade entregando a mágica da transmissão
integral. Saindo de curvas fechadas, sinta a urgência
extra do V8; um apertão do pedal da embreagem de
alumínio feito sob medida dispara mudanças de marcha
automaticamente, e deve provocar um sorriso rasgado no
64 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

O COLOSSO EM DETALHES
O F-TYPE SVR tem sinais
identificadores externos tais
como o aerofólio traseiro de
fibra de carbono, ligas de 20
polegadas especialmente
forjadas e o importantíssimo
distintivo de SVR
rosto do motorista ao ouvir os estouros e disparos da trilha
sonora afiada do V8. Não há dúvidas de que o SVR é o F-TYPE
mais especializado até o momento, e nem de que, para tanto,
a usabilidade não foi prejudicada. As válvulas do exaustor
têm o volume reduzido em ponto de cruzeiro, os assentos
elétricos de 14 ajustes mimam e confortam e o sistema
informativo da tela sensível ao toque InControl é compatível
com tecnologias vestíveis, tais como o Apple Watch. Sejam
quais forem as condições e o seu modo de dirigir, a transmissão
automática está sempre ali para te ajudar. A Jaguar chama
isso de ‘arte performática’. Não teríamos o que acrescentar.
O RESULTADO É UM SUPER-CARRO PARA TODOS OS CLIMAS QUE TEM
ALTO GIRO A PARTIR DE UMA POSIÇÃO DE REPOUSO, ACELERA
DE 0 A 100 KM/H EM APENAS 3,5 SEGUNDOS E QUE CHEGA A 314 KM/H
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 65

GALERIA
Inspirado
pela natureza
MILHÕES DE ANOS DE EVOLUÇÃO FORAM RESPONSÁVEIS POR MÚLTIPLAS
SOLUÇÕES PARA QUESTÕES DE DESIGN. O DESIGN
BIOMIMÉTICO – OU A BIOMIMÉTICA – É AQUELE INSPIRADO PELA
NATUREZA, QUANDO NÃO A IMITA. A J-MAGAZINE APRESENTA CINCO
DENTRE OS MELHORES EXEMPLARES DESSA TENDÊNCIA
TEXTO: Herbert Wright
PAVILHÕES DE PESQUISA
PELA UNIVERSIDADE DE STUTTGART
Estudantes do Instituto de Design
Computacional da Universidade de Stuttgart
constroem anualmente um pavilhão em
estrutura tênsil inspirado em estruturas
biológicas. Os exoesqueletos de lagostas e
besouros já serviram como modelos, a
estrutura de 2014/15 (imagem) se baseou
em ninhos de bolhas construídos por aranhas
aquáticas e a próxima será baseada em
ouriços do mar. Fantástico.
66 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 67

TREM-BALA SHINKANSEN
POR EIJI NAKATSU
O primeiro trem de alta velocidade foi o
Shinkansen, do Japão, mas ele emergia de
túneis a 320km/h com uma explosão
sônica. A modernização de 1997 é uma
lenda da engenharia biomimética. O
gerente de desenvolvimento técnico Eiji
Nakatsu modelou o nariz de 15 metros do
Shinkansen com base no martim-pescador,
que penetra na água com muita velocidade
e quase nenhuma ondulação.
68 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

GALERIA
ÁRVORE SOLAR
POR ROSS LOVEGROVE
Conhecido pelo seu “design enxuto”,
a inspiração de Ross Lovegrove é a
natureza. Ao projetar a iluminação
urbana para Artemide, ele reproduziu
o modo de se espalhar da haste
de plantas de vaso e incorporou a
sua fonte energética
via células
fotovoltaicas. A
Árvore Solar de
5,5 metros é
capaz de brilhar
até mesmo ao
longo de uma
semana nublada.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 69

GALERIA
CHIP SYNAPSE POR IBM
Redes neurais artificiais emulam o modo como
nossos cérebros funcionam melhor do que o
método tradicional de processamento
numérico. Nós nos aproximamos, adaptamonos
e aprendemos. O microchip SyNAPSE de
baixa potência, desenvolvido pela IBM,
Hewlett-Packard e laboratórios HRL, pode
hospedar redes neurais do mesmo modo que
um cérebro hospeda o pensamento. Usando
sua arquitetura
TrueNorth, a IBM prevê
a implementação de
redes neurais no seu
telefone (para início
de conversa).
70 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

SUPERFÍCIES HIDROFÓBICAS
POR NBD NANOTECHNOLOGIES
As iniciais da empresa de materiais de
Massachusetts NBD Nano fazem
refe rência ao Design do Besouro Stenocara
da Namíbia (em inglês, Namib
Beetle Design), que, com as superfícies
hidrorrepelentes de seu corpo, detém
a umidade e a condensa, conseguindo
assim beber. Os seus projetos incluem
revestimentos hidrofóbicos para
uso industrial e de consumo, bem como
redes coletoras de neblina.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 71

2002
JAGUAR XJ
No início do séc. XXI,
o XJ, feito com
bastante alumínio,
perdeu 200kg em
nome da eficiência.
1948
JAGUAR XK120
A Jaguar foi a pioneira
da adoção da leveza
como virtude nos anos
40, com este veículo de
alumínio para estradas
2010
C-X75
Este conceito de super-carro
elétrico funcionou como um
viveiro para a criação de
ideias de propulsão futuras e
apareceu no Spectre de
James Bond
ENERGIA
DO FUTURO
A REDUÇÃO DE EMISSÕES DA
JAGUAR ESTÁ GANHANDO
IMPULSO. LEIA MAIS PARA
FICAR POR DENTRO
TEXTO: Stuart Birch
2016
FORMULA E
Para acelerar os seus planos
futuros para carros de estrada,
a Jaguar participará do circuito
de Fórmula E no outono
2014
MOTORES INGENIUM
O maravilhoso novo conjunto
de motores a diesel e petróleo
lançado na XE fornece alto
desempenho com pouco
consumo de combustível e
emissão de CO 2
Com o fim da produção do motor de combustão interna
agora marcado para o ano de 2050 – atendendo a
uma orientação da União Europeia –, a indústria
automobilística tem um mercado-alvo bem definido.
E pode ficar tranquilo, que a Jaguar planeja fazer a transição de
seus métodos de propulsão a fim de oferecer emissões muito
menores – objetivando ocasionalmente eliminá-las – com a
mesma suavidade da aceleração de nossa linha de motores
atual. O desafio e a oportunidade são fazê-lo ao mesmo tempo
em que se garanta que cada modelo emergente seja fiel à
individualidade da Jaguar em um mundo consciencioso em
relação à pegada de carbono. O desenvolvimento de motopropulsores
(motor e transmissão) continua sendo o foco principal,
embora de modo algum o único ponto a ser observado para a
economia de energia, conforme explica o diretor de pesquisa e
desenvolvimento da Jaguar, Dr. Wolfgang Epple: “A inovação
ambiental é o centro da nossa estratégia de negócios. Sabemos
que a criação de veículos que consumam menos combustível,
72 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

emitam menos CO 2 e sejam mais sustentáveis não pode ser
alcançada apenas por meio da introdução de baterias e
motopropulsores híbridos."
Tecnologias inovadoras complementares são necessárias
para se atingir soluções integradas essenciais, diz ele. Elas
incluem a redução da fricção, que ocasiona a perda de
energia nos motores, a eliminação da necessidade de
energia a bordo para itens tais como sistemas de aquecimento
e ventilação, a melhoria da aerodinâmica e o uso
de materiais leves, tais como o alumínio.
A Jaguar tem um histórico forte no que diz respeito à
abordagem da leveza, desde os XK120
iniciais, lançados no longínquo ano de
1948, até o XJ de 2002, com o corpo feito
inteiramente de alumínio, o que o ajudou
a cortar 200kg em relação ao seu modelo
anterior. Fazendo-se carros mais leves, é
necessário menos combustível para dar
energia ao movimento do carro,
resultando em menos emissões. A Jaguar
tem dado continuidade a essa abordagem
em modelos sucessivos desde então, e é,
sem dúvida alguma, uma líder mundial
na produção de carros com alto índice
de alumínio.
Mais recentemente, a Jaguar deu mais
uma vez um passo à frente com os seus esforços. “Em 2008,
iniciamos um programa de pesquisa de muitos bilhões de
libras,” diz Dr Epple, “a fim de abordar diretamente o
desafio de reduzir de modo significativo a pegada de
carbono de nossos veículos premium de alto desempenho
mantendo ao mesmo tempo as características do luxo, do
desempenho, do requinte e do conforto que nossos clientes
esperam. Paralelamente aos programas de pesquisa
elétrica e híbrida, o desenvolvimento de tecnologia de
combustão interna continua a pleno vapor. Os mais
recentes motores de quatro cilindros Ingenium a petróleo e
diesel da nova fábrica de Wolverhampton da Jaguar
propulsionam o XE e o XF. Eles demonstram como combinar
a necessidade de unidades energéticas menores com o
fornecimento de potências de saída excelentes, com baixas
emissões de CO 2 e consumo de combustível (de fato, os
99g/km do XE a diesel de 163 cavalos o colocam em
primeiro em seu segmento na data de lançamento).
As transmissões avançadas são um complemento essencial
a esse processo, adequando a potência de saída em busca
de maior eficiência e garantindo que todos os jaguares
forneçam satisfação para o motorista. A Jaguar também
cria soluções para economizar energia. “Estamos
pesquisando um conjunto de tecnologias, inclusive relacionadas
a como poderíamos misturar fibra de carbono com
linho,” revela o Dr. Epple. O linho, proveniente de uma
cultura alimentícia, fornece um material alternativo que é
TECNOLOGIA
“ O DESAFIO E A
OPORTUNIDADE SÃO
GARANTIR QUE CADA
MODELO EMERGENTE
SEJA FIEL EM
RELAÇÃO À INDIVIDUA-
LIDADE DA JAGUAR
EM UM MUNDO
CONS CIENCIOSO EM
RELAÇÃO À PEGADA
DE CARBONO”
um elemento no interior do projeto de multiparcerias
CARBIO, do qual a Jaguar é um membro. O projeto
trabalha em todos os tipos de estruturas para o uso dentro
de carros com peso, custo e impacto ambiental reduzidos,
os quais contam também com menos ruídos, vibração e
aspereza (ou NVH, do inglês noise, vibration and harshness).
Tudo isso significa que menos material de isolamento
acústico será necessário, o que torna possível a economia
adicional de peso.
Veículos híbridos – que usam uma combinação de motores
de combustão interna e motores elétricos – são outra
solução para reduzir as emissões e o
consumo de combustíveis, e a Jaguar
agora prospecta, para os anos de 2020,
novos motopropulsores que possam
fornecer a combinação essencial de
desempenho, luxo, eacondicionamento
e manuseio na manutenção dos valores
da marca, ao mesmo tempo que oferece
uma etapa de alteração adicional no
consumo de combustível e na redução
de emissões. Uma delas é a máquina de
fluxo radial, parte de outro projeto de
pesquisa colaborativa custeada pelo
programa Inovar o Reino Unido,
patrocinado pelo governo britânico.
Mike Richardson, especialista técnicochefe
da Land Rover da Jaguar, diz: “Fina, leve e extremamente
poderosa, elas produzem até duas vezes a energia da
tecnologia de produção atual e nos possibilitariam produzir
virtualmente qualquer configuração de veículo híbrido
ou a bateria.”
O conceito do C-X75 da Jaguar – mais recentemente transformado
no veículo do vilão do filme Spectre, do James
Bond – tem um motor elétrico para cada roda e motores
Bladon turbinados a gás para fornecer uma extensão de
faixa de até incríveis 560 milhas. Esse conceito já indica
como a empresa poderia combinar tecnologia sustentável
com condução prazeirosa e de alto desempenho, emitindo
apenas 28g/km de CO 2 ao passo que percorre a faixa de
0-100 km/h em 3,4 segundos. Antecipando-se 2016 e o
compromisso da Jaguar com um retorno às corridas este
ano através da série de Fórmula E, totalmente elétrica (ver
nossa matéria especial na p.16), torna-se cada vez mais
claro que a marca está levando a sério este tipo de tecnologia
e os carros movidos a energia que virão. Conforme
conclui Nick Rogers, diretor de engenharia em grupo da
Land Rover da Jaguar: “A Fórmula E nos dará uma oportunidade
única para promover o desenvolvimento de tecnologias
de eletrificação e testar nossas tecnologias avançadas
em condições de desempenho extremas.”
Em outras palavras, o caminho futuro para os motopropulsores
da Jaguar está traçado, e promete ser tão empolgante
quanto os do passado.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 73

Eu
E meu Jaguar
PARA A NOSSA EDIÇÃO ESPECIAL SOBRE DESIGN, ESCOLHEMOS
DOIS PROPRIETÁRIOS DE JAGUARES COM INCLINAÇÕES
ARTÍSTICAS PARA CONTAR SUA HISTÓRIA COM SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS.
O
E-Type tem a mesma beleza exuberante dos
meus locais de instalações artísticas. Eu dirijo o
meu carro sempre que possível – atualmente
ele se encontra no meu ateliê para um pouco de
carinho e atenção –, mas assim que puder
estarei na estrada de novo. É uma obra de NOME Alexander Luzius Ziermann
arte móvel e as pessoas reparam nele. Um Profissão: Artista
E-Type já recebe bastante atenção normalmente,
mesmo não sendo uma instalação de Modelo: 1973 E-Type (Série 3)
Residência: Frankfurt, Alemanha
arte, mas nunca imaginei que eu atrairia Cor: Múltiplas cores (pintado a mão)
tanta atenção assim. 99,9% dessa atenção é
positiva. Mas, quando eu estava na fase de planejamento
do projeto, algumas pessoas não entendiam como eu podia
“arruinar” esse grande carro. No fim, até mesmo os mais
céticos foram convertidos.Houve apenas um instante em
que relutei: quando dei a primeira pincelada. Acho que isso
é normal. Quando você se importa com algo, não pode agir
UM E-TYPE JÁ RECEBE BASTANTE
ATENÇÃO NORMALMENTE,
MESMO NÃO SENDO UMA
INSTALAÇÃO DE ARTE, MAS NUNCA
IMAGINEI QUE EU ATRAIRIA
TANTA ATENÇÃO ASSIM.
com pressa. O meu carro tem um nome: ET. Não consigo
imaginar a vida sem ele: a sensação do volante nas
minhas mãos, os belos acessórios, até mesmo os
arranhões. Ele me pertence. Às vezes eu até falo com
ele... ET corresponde a E-Type? Na verdade, sim. Por
incrível que pareça, eu só notei isso mais tarde. Inicialmente
eu queria que a placa fosse Frankfurt AL 2506; AL
seria “Assinatura da Luz” e “2506” seria a quantidade de
espelhos nas minhas instalações. Mas essa placa não
estava disponível. Então eu escolhi ET 2506. Minha
parceira disse que nunca entraria em um carro pintado.
Mas quando o meu projeto foi concluído e eu vi os olhos
dela brilharem, foi uma sensação maravilhosa. Eu venderia
o carro? Nunca foi a minha intenção inicial. Apesar
disso minhas instalações demandam um grande financiamento,
então se alguém me
oferecer alguns milhões pelo
ET eu poderia reconsiderar.
Mas nós dois temos que tomar
essa decisão em conjunto.
74 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

PESSOAS
O
trabalho da minha esposa fez com que a nossa
família se mudasse bastante – de Boston para a
Suíça, e agora para Londres. Eu sempre fiz a
minha arte à minha prática arquitetônica, mas
quando eu cheguei aqui quis ter uma galeria na vizinhança,
aqui no Clapham. Foi aberta há um ano e meio e se chama A
Última Ceia, pois o arquiteto e artista
Leonardo da Vinci (e sua pintura de mesmo
nome) causaram uma grande impressão em
mim. Eu era o único artista no começo da
galeria, mas desde então esse número cresceu
para 20.
Logo após me estabelecer em Londres eu
reencontrei um antigo amigo de escola,
bastante interessado em carros clássicos, que
reclamava constantemente que eu trabalhava
demais e insistia em me tirar de casa para passar
uma noite no Greenwich, em um dos clássicos
eventos mensais automobilísticos “Park-it-in-the-
Market”. Ao sair de casa, a minha filha, agora
com oito anos de idade, falou meio de brincadeira
para eu comprar um carro na minha ida ao
evento. E foi isso que eu acabei fazendo. O Jaguar
na exibição de carros era o único com um sinal
de “Vende-se”. Quanto mais eu circulava ao redor
dele, mais atraente ele me parecia.
Nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginei
que me tornaria o proprietário de um Jaguar.
Mas algumas semanas depois de conhecer o
dono e de conhecer o XJ6, tornamo-nos felizes
proprietários. Não dirigimos muito em Londres,
mas é bom para sair nos fins de semana e levar
ele para se exercitar um pouco. Durante um
verão nós o levamos à Suíça e em outro visitamos
o Vale do Loire, na França. É um veículo muito
confortável para o turismo, além de atingir uma
velocidade surpreendente nas estradas. Eu me
tornei um motorista mais calmo desde então. As
pessoas dizem que ele combina comigo.
NOM Andrew Wenrick
Profissão: Dono de galeria, artista e
arquiteto
Residência: Londres, Inglaterra
Modelo: 1984 XJ6 Sovereign 4.2 (Série 3)
Cor: Vermelho Cranberry
“NEM NOS MEUS
SONHOS MAIS
LOUCOS IMAGINEI
QUE ME TORNARIA O
PROPRIETÁRIO
PROPRIETÁRIO DE
UM JAGUAR”
Andrew e sua Vizsla Húngara de seis meses
de idade chamada Amélie. Ela é bonita,
porém agitada, e não pode entrar no XJ6
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 75

JAGUAR MAGAZINE
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN
Editorial
Editor-chefe Guy Bird
Diretor de criação Michael Darling
Editora executiva Antonya Kloetgen
Diretor de arte Andreas Meiler
Diretora de imagem Martina Hemm
Diretora de produção Marie Bressem
Editor de produção Thomas Saible
Revisão Elke Link
Coordenação da tradução: Elke Link
Tradução: Ó Editorial
Textos:
Ben Barry, Stuart Birch, Guy Bird, Gavin Green, Will Hersey,
Shiraz Randeria, Johnny Tucker, Herbert Wright
Pesquisa:
Carmen Safdari, Karam Ram
Capa:
Sketch by Wayne Burgess
Imagens:
Guy Bird, Amos Fricke, Peter Guenzel,
Ramon Haindl, Trent McMinn, Shiraz Randeria,
Peter Stadden, Greg Pajo
Agradecimentos especiais a
Rebecca Allbright, Louise Allinson, James Barclay, David Barnwell,
Mark Beamont, Mick Gidley, Barbara Brona, Wayne Burgess,
Ian Callum, Chris Clarke, Marcelle Duncan, Juliet Fairbarn,
Aimée Hancock, Adam Hatton, Siobhan Hughes, Guy Jones,
Stuart Pittendrigh, Mahin Redlin, Judy Seale, Yulia Svidlo,
Kevin Stride, Alex Tapley, Peter Virk, Ray Vitty, Dave Walker, Andrew
Wenrick, Alister Whelan, Mark White, Alexander Luzius Ziermann
Em memória de Jon Morgan (assessor de imprensa sênior da Jaguar)
Publicidade
Diretores de vendas de publicidade
Vishal Raghuvanshi
+44 (0)7810 353362 / vishal@metropolist.co.uk
Katherine Galligan
+44 (0)7956 404345 / katherine@metropolist.co.uk
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Trent McMinn (1), Shiraz Randeria (1), Personal
(3) Página 07 : PR (2), Jaguar Heritage Archive
(1), Greg Pajo (1) Página 08 : PR (4) Página 09 :
PR (4), Getty Images/Visions Of Our Land (1)
Página 10 : PR (5) Página 12 : PR (6) Página 14 :
PR (4), Aman (2) Página 16-17 : PR Página 18-25 :
Trent McMinn Página 26-27 : PR Página 28-33 :
Amos Fricke Página 34-40 : Shiraz Randeria
Página 41 : Todd Eberle (1), PR (1) Página 42-43 :
Peter Stadden Página 44 : PR (2), Luke Hayes (1)
Página 45 : Derryck Menere (1), Pedro Pegenaute
(1), PR (2) Página 46 : PR Página 47 : PR Página
48 : PR (3), Andy Tito Donohoe Página 49 : PR
(3), Leigh Keily Página 50-54 : Jaguar Heritage
Archive Página 55 : Jaguar Heritage Archive (1),
PR (1) Página 56-57 : Peter Hapak/Trunk Archive
Página 58-65 : Greg Pajo Página 66-67 : ICD/
ITKE University of Stuttgart Página 68 : Getty
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Nopasorn Kowathanakul (1) Página 69 : PR (1),
Bart Kiggen (1) Página 70 : Getty Images/Nick
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Michael & Patricia Fogden (1) Página 72 : Jaguar
Heritage Archive (1), PR (4) Página 74 : Ramon
Haindl Página 75 : Peter Guenzel Página 77 :
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não pode ser garantida em todos os lugares.
76 j EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN

A ÚLTIMA PÁGINA
… nos bastidores.
Com arte nas alturas, A dificuldade logística
no País de Gales e fabulosas ilustrações
SONHAR COM E-TYPES
é o que faz regularmente
o artista Alexandre Luzius
Ziermann, um dos donos de
Jaguares presentes nesta
edição (ver p. 74). Aqui, ele
recria à moda teatral essa
sensação no palco da Ópera
de Frankfurt.
A PAISAGEM FUSTIGADA
PELO VENTO
do Norte do País de Gales foi moldada
por tempo tempestuoso.
A desvantagem é que pode ser
difícil de se transitar por essa
longínqua região; por outro lado, a
arrebatadora vantagem é o incrível
pano de fundo para nossa sessão
de fotos com o AWD. essa: o assistente
de fotografia Alex Tapley (de
barba) e Chris Clarke (Marketing
Direto da Jaguar) com ares de
heróis. À esquerda: o fotógrafo
Greg Pajo coloca mãos à obra.
ILUSTRES!
É público e notório o talento
gráfico dos designers da Jaguar,
mas ainda assim foi um prazer
acompanhar Ian Callum
(direita) e Wayne Burgess
(esquerda) enquanto criavam mini-obras-primas
usando
apenas canetas simples e papel
durante a sessão de fotos para
nossa matéria de capa
de 16 páginas, Transformando
sonhos em realidade.
EDIÇÃO ESPECIAL DESIGN j 77

PROMOTION
BECOME AN
ICE-DRIVING MASTER
IF YOU ’RE MISSING THE SNOW, NOW ’S
THE PERFECT TIME TO BOOK A WINTER
TRIP OF A LIFETIME, LEARNING TO
DRIVE JAGUAR LAND ROVER’S
STUNNINGLY CAPABLE RANGE
IN DEEPEST SWEDEN
Frozen for half the year, Arjeplog in Sweden is
the perfect spot for Jaguar Land Rover’s
engineers to test their vehicles to the limits.
To make sure they can cope with the harshest
environments on Earth. And now you can
experience it too.
Featured in issue three of J-Magazine (Ice Test),
Arjeplog is the beautifully remote new location
for Jaguar Land Rover’s 2017 customer ice drive
experience. It’s where you can learn to drive
some of the world’s most famous motor racing
circuits recreated by carving their twists and
turns into the metre-thick ice that covers the
vast lakes that surround the town. The highly
trained driving instructors you’ll meet will be
with you every step of the way and in no time
at all you’ll be dancing on ice, gliding around
some of the most awe-inspiring corners
imaginable and realising the true liberation
of the cars’ potential.
Numerous models will be at your disposal over
the course of 2017’s ice drive, meaning you’ll
have the chance to find one that really speaks
your language.
Guests will enjoy much more than just a great
driving experience too. Staying in Arjeplog, a
warm welcome and professional service goes
without saying, while you’ll also have time to
breathe in your epic Nordic surroundings with
guidance from our local Jaguar Land Rover
Experience team. More information will be
available soon at jaguar.com/icedrivesweden

IN NO TIME AT ALL YOU’LL BE DANCING
ON ICE, GLIDING AROUND SOME OF THE MOST
AWE-INSPIRING CORNERS IMAGINABLE
THE DESIGN ISSUE j 79