Revista - Living Slow
Revista criada a partir do blog http://www.livingslow.com.br como parte do tcc da aluna Isabel Alves. Para todos os créditos, verifique o expediente.
Revista criada a partir do blog http://www.livingslow.com.br como parte do tcc da aluna Isabel Alves. Para todos os créditos, verifique o expediente.
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living slow.<br />
Descobrindo um novo modo de viver
Ser slow living é:<br />
living slow.<br />
Sustentável<br />
com o mínimo de<br />
impacto ao meio ambiente<br />
Local<br />
valorizando a comércio<br />
local e conhecendo quem produz<br />
Orgânico<br />
consumindo naturalmente,<br />
sem agrotóxicos ou transgênicos<br />
Whole (em português: Inteiro)<br />
sem processamento, trabalhando<br />
com a natureza e não contra ela<br />
Desde pequena, sonho em trabalhar<br />
numa revista. Naquela<br />
época, achava que para isso acontecer<br />
bastava apenas querer, que me<br />
tornaria uma jornalista envolvida<br />
em diversas reportagens que poderiam<br />
mudar o mundo. Me senti no<br />
entanto decepcionada e sem esperanças<br />
ao descobrir que o trabalho<br />
dos meus sonhos não existia. Ouvi<br />
nesses 4 anos de faculdade que só<br />
existem dois destinos para trabalhar<br />
com moda: Participando do universo<br />
da moda ou sendo engolido por ele.<br />
Felizmente descobri mais tarde que<br />
a moda pode ser tudo que queremos<br />
e mais um pouco, podemos utiliza-la<br />
como ferramenta para nos descobrir,<br />
empoderar mulheres de todos<br />
os corpos, facilitar a vida de pessoas<br />
com necessidades especiais, valorizar<br />
o trabalho local, entre muitas outras<br />
formas de fazer o bem. Podemos<br />
principalmente criar moda sem destruir<br />
a natureza, aprendendo com ela<br />
a descobrir materiais, tingimentos,<br />
produzindo de maneira única e especial,<br />
retornando aos tempos onde<br />
a roupa era tratada com carinho, zelo<br />
e amor. Foi pensando assim que decidi<br />
criar o <strong>Living</strong> <strong>Slow</strong>, com novas<br />
alternativas respeitando tudo que há<br />
de natural em nós e no ambiente. O<br />
nome escolhido representa o movimento<br />
slow living, que carrega como<br />
base os pilares ao lado, essenciais<br />
para recuperar a valorização do tempo<br />
natural das coisas, tão perdido no<br />
mundo contemporâneo.<br />
Nessa revista, falaremos sobre tudo:<br />
desconstruindo comportamentos, padrões<br />
e aprendendo juntos cada vez<br />
mais a respeitar nossa principal casa,<br />
a terra.<br />
Namastê.<br />
Isabel Alves<br />
Editora
SUMÁRIO<br />
O começo<br />
balanço<br />
5<br />
20<br />
<strong>Slow</strong> fashion<br />
slow beauty<br />
minimalismo<br />
8<br />
marie kondo<br />
22<br />
O despertar para<br />
uma nova vida<br />
10<br />
24<br />
slow travel<br />
12<br />
cuidados<br />
14<br />
sustentabilidade<br />
16<br />
descarte<br />
desapego<br />
editorial<br />
unplugged<br />
26<br />
EXPEDIENTE<br />
Reportagens Isabel Alves<br />
Diagramação Karina Diniz<br />
Imagens sem direitos autorais<br />
EDITORIAL (Páginas 28 à 45)<br />
Stylist e Produção<br />
de Moda Isabel Alves<br />
Fotógrafo Gustavo Cezero<br />
Modelo Thays Vita<br />
Figurino Brechós Garimpo da Gilda e<br />
Limonada da Arabella<br />
Em junho de 2015 realizei minha<br />
última compra em uma fast<br />
fashion. Diferente da maioria das pessoas<br />
que não tem oportunidade ou<br />
interesse em saber como suas roupas<br />
foram parar na loja, por estudar moda<br />
pude muito cedo saber sobre a cadeia<br />
de produção em massa e todas suas<br />
injustiças. Apesar disso, continuei a<br />
não tomar uma decisão sobre, consumindo<br />
por ser bonito, barato ou apenas<br />
pelo prazer de ter algo novo. Comprar<br />
se tornou um modo de passar o tempo,<br />
de se divertir e consequentemente de<br />
esquecer os problemas da vida. Afinal,<br />
quem nunca estava tão decepcionado<br />
com alguma situação e em vez de tentar<br />
resolvê-la, preferiu passar algumas<br />
horas no shopping? Todos nós fizemos<br />
isso em algum ponto da vida. Compramos,<br />
levamos a peça para casa, usamos<br />
algumas vezes e esquecemos que<br />
ela existe ou sentimos de novo aquela<br />
vontade de ter outro item, que trará<br />
a mesma alegria de ter consumido<br />
aquele primeiro que já está esquecido.<br />
Aquela peça que parecia tão certa naquele<br />
momento, muitas vezes deixa de<br />
ser no primeiro uso ou as vezes o uso<br />
nem acontece, pois no momento em<br />
que chegamos em casa já perdemos o<br />
interesse, e ela fica lá no guarda-roupa<br />
com a etiqueta esperando ser usada.<br />
Sendo mulher, ouvi tantas vezes que<br />
nosso gênero determina certas atitudes<br />
e o consumo era uma dessas atitudes.<br />
É normal ouvirmos que a mulher<br />
compra um sapato por semana, tem<br />
um guarda-roupa lotado de itens e sai<br />
gritando que não tem nada para usar,<br />
mas será mesmo que isso é determinado<br />
pelo nosso gênero ou apenas faz<br />
parte da cultura misógina e machista<br />
em que vivemos? Pensava eu que ser<br />
consumista fazia parte de quem eu era,<br />
por ser mulher. A Ana Haddad, escritora<br />
e feminista, fala em seu texto Consumir<br />
Menos Não É Uma Missão Simples<br />
Para As Mulheres porque temos tanta<br />
dificuldade em comprar menos, afinal<br />
somos constantemente bombardeadas<br />
com informações de como devemos<br />
ser e essa mulher inclui ser sexy<br />
porém não tanto, ser arrumada porém<br />
não muito.<br />
Entender que essa mulher idealizada<br />
não existe e que ela não<br />
me representa foi meu primeiro<br />
passo para compreender meu<br />
consumo e tudo que estava de<br />
errado na minha vida.<br />
Três acontecimentos aleatórios em<br />
junho de 2015 foram colocados no<br />
meu caminho para que eu pudesse<br />
mudar e me descobrir. Esses acontecimentos<br />
mudaram todo o trajeto da<br />
minha vida, me ajudaram a entender<br />
o passado e curar sentimentos e feridas<br />
que guardava e poderiam ser a<br />
causa do consumismo que havia se<br />
tornado tão presente.<br />
18<br />
28<br />
Diagramação Isabel Alves<br />
5
Um lugar,<br />
uma exposição<br />
e uma peça.<br />
O LUGAR - ALEMANHA<br />
Por mais breve que a viagem possa ter<br />
sido, a Alemanha me permitiu entender<br />
que existem muitas mais verdades no<br />
universo dentre aquelas que nos ensinaram.<br />
Ir a um lugar aonde o lixo produzido<br />
é uma preocupação geral, aonde<br />
há incentivo para reciclagem, assim<br />
como a liberdade de ser aceita como<br />
pessoa, ter essa tolerância com o diferente,<br />
é muito libertador. Foi o gatilho<br />
que precisava para entender que a vida<br />
pode ser muitas coisas e que não existe<br />
apenas um caminho a ser seguido.<br />
A EXPOSIÇÃO - FAST FASHION<br />
THE DARK SIDE OF FASHION<br />
Exposição organizada pelo MK&G em<br />
que tive o prazer de ver pessoalmente<br />
e me mostrou claramente como a moda<br />
pode ser tantas coisas. Em uma sala, o<br />
fast fashion. Tudo que o envolve, como<br />
por exemplo a exploração em países de<br />
terceiro mundo ou a quantidade massiva<br />
de lixo que é produzido. Na outra<br />
sala, o slow fashion com projetos de estudantes<br />
universitários que estão produzindo<br />
reutilizando, criando de forma<br />
diferente ou apenas valorizando o que<br />
já existe. Uma fila de marcas locais afim<br />
de pensar diferente, pois acreditam que<br />
isso é o futuro da moda. Que lado você<br />
gostaria de estar? Saí da exposição em<br />
choque, me sentindo confusa pois sabia<br />
que meus valores não estavam de<br />
acordo com o que acredito, era tempo<br />
de mudança.<br />
A PEÇA - A SAIA<br />
Mesmo com todas essas informações,<br />
os primeiros passos para mudança<br />
pode ser muito difícil. Nessa mesma<br />
viagem, aonde tive o prazer de conhecer<br />
um outro estilo de vida, ainda me<br />
vi nos mesmos costumes e sucessivamente<br />
consumindo da mesma forma,<br />
uma dessas aquisições foi uma saia.<br />
Ela era muito bonita e custava apenas<br />
alguns euros, mais barato do que meu<br />
jantar do mesmo dia. Eu olhei para ela e<br />
me apaixonei, além disso tinha um caimento<br />
perfeito. Comecei a usar no dia<br />
seguinte, logo no final da tarde já notei a<br />
saia desgastada, cheia de bolinhas. Em<br />
apenas um dia, a peça já estava com<br />
bastante aspecto de uso, me mostrando<br />
mais uma vez a descartabilidade<br />
do fast fashion, com peças feitas para<br />
não durarem e com a única função de<br />
serem bonitas apenas na loja. Essa foi<br />
a última vez que adquiri uma peça de<br />
fast fashion.<br />
Precisei desses acontecimentos para<br />
que finalmente pudesse mudar de<br />
rumo. Parar de consumir foi minha primeira<br />
atitude e logo depois entendi a<br />
força que o consumo consciente, ético e<br />
sustentável pode ter. Cada um terá seu<br />
tempo e seus próprios motivos, mas espero<br />
que de alguma forma falando sobre<br />
minha experiência pessoal te ajude.<br />
ISABEL ALVES<br />
6 PASSA LÁ: http://www.livingslow.com.br/<br />
7
SLOW<br />
FASHION<br />
Sobre o<br />
<strong>Slow</strong> Fashion<br />
e tudo que<br />
ele representa<br />
O slow fashion a cada dia vem sendo<br />
mais citado, ganhando simpatizantes<br />
com o movimento. Mas afinal, o que significa<br />
slow fashion? E porque não usar<br />
uma palavra em português? Te explico!<br />
O slow fashion foi citado pela primeira<br />
vez pela consultora e professora de<br />
design sustentável, Kate Fletcher. Da<br />
mesma forma que surgiu o conceito do<br />
slow food, termo utilizado para incentivar<br />
a cozinhar, comer menos processados,<br />
indo contra tudo que o fast food representa,<br />
Kate percebeu a semelhança<br />
do movimento com o que estava acontecendo<br />
no mercado de moda, relacionando<br />
também pela rapidez na qual<br />
as peças estavam sendo compradas e<br />
descartadas. Dessa forma ela chegou a<br />
conclusão que slow fashion seria uma<br />
nomenclatura nada mais justa para<br />
um movimento que representa os valores<br />
contrários aos apresentados pelo<br />
fast fashion. O slow fashion ganha força<br />
como uma forma de resistência de<br />
alguns designers, artesãos e consumidores<br />
sobre o fast fashion por tentarem<br />
resgatar a essência de criar uma peça.<br />
O fast fashion, motivo pelo qual levou a<br />
existir o slow fashion, foi o que causou<br />
nas últimas décadas uma mudança de<br />
comportamento de consumo em vários<br />
países, atingindo um crescimento<br />
de 500% no consumo a mais de roupas<br />
apenas nos EUA. Ou seja, um americano<br />
que antes adquiria 4 peças por ano<br />
para seu guarda-roupa, em tempos<br />
atuais passou a comprar 20 peças novas.<br />
Esse aumento de consumo atinge<br />
a fabricação das peças que precisa ser<br />
cada vez mais rápida para incentivar<br />
esse número de consumo aumentar<br />
cada vez mais, mas também atinge o<br />
meio ambiente e as pessoas que participam<br />
dessa cadeia de produção. O<br />
modo de produzir e consumir em uma<br />
fast fashion sempre terá como destino<br />
final o seu lucro e crescimento da empresa.<br />
Não é uma preocupação dela se<br />
a qualidade da roupa é boa, se está afetando<br />
o meio ambiente e principalmente<br />
como estão as vidas das pessoas que<br />
produziram as peças.<br />
É muito importante entender que não<br />
existe humanização nessas empresas<br />
sendo as mais conhecidas, Zara, H&M,<br />
Primark, para citar nomes. Todas elas<br />
tem programas de sustentabilidade,<br />
que já se mostraram ineficientes e utilizados<br />
apenas como marketing, pois o<br />
consumidor já se mostrou interessado e<br />
disposto a mudar o seu consumo, o que<br />
podem deixar tais multinacionais um<br />
pouco preocupadas. Nenhuma empresa<br />
que incentiva o consumo inconsciente<br />
pode ser sustentável, pois só por esse<br />
motivo ela está utilizando as fraquezas<br />
humanas (inseguranças, medos...) para<br />
conseguir vender algo, independente<br />
do seu uso posterior.<br />
PRATICAR A CONSCIÊNCIA:<br />
O slow fashion promove que o consumidor<br />
questione ao comprar e adquirindo<br />
um consumo consciente, ele irá<br />
se preocupar com a origem da roupa<br />
e também na usabilidade da mesma<br />
no seu guarda roupa. Consequentemente,<br />
ele será mais consciente sobre<br />
os danos ambientais e sociais que uma<br />
peça pode trazer, para produzir de tal<br />
forma sustentável os valores praticados<br />
nas peças pela marca são maiores<br />
do que em uma loja de fast fashion por<br />
exemplo, mas além de cumprir com<br />
o aspecto ambiental e social que são<br />
esquecidos pelo fast fashion, também<br />
é visto em peças de slow fashion uma<br />
durabilidade e qualidade superior na<br />
peça, fazendo o produto em si possuir<br />
um ótimo custo/benefício. Para uma<br />
marca se considerar slow fashion, ela<br />
precisa não só se identificar com esses<br />
valores, mas também incorporar eles<br />
em sua empresa. Procurar meios de ter<br />
uma matéria-prima vinda de uma mão<br />
de obra honesta, conhecer seu produto<br />
e oferecer durabilidade para que possa<br />
ser usado até sua vida útil, além de<br />
promover uma produção humanizada<br />
com peças atemporais e incentivar um<br />
consumo consciente.<br />
Mas atenção: Por conta da popularização<br />
do tema, muitas marcas estão<br />
se aproveitando disso para enganar o<br />
consumidor. Infelizmente não temos<br />
uma transparência na produção aqui<br />
no Brasil, o que dificulta muito as coisas.<br />
Não existe uma certificação ativa no<br />
nosso país que verifica as marcas para<br />
se nomearem slow fashion, tornando o<br />
processo de pesquisa para o consumidor<br />
mais difícil.<br />
Lembrando que se você está com dificuldades<br />
para encontrar marcas de<br />
slow fashion, existe o guia no site do living<br />
slow com várias marcas de diversos<br />
segmentos. Há as classificações para<br />
facilitar e poder achar marcas que produzem<br />
no Brasil, são veganas ou 100%<br />
naturais, por exemplo. Dá uma olhada!<br />
8<br />
PASSA LÁ: http://www.livingslow.com.br/<br />
9
MINIMALISMO<br />
O MINIMALISMO E<br />
SEUS SIGNIFICADOS<br />
Cada vez mais pessoas adotam o minimalismo<br />
como estilo de vida, mas afinal<br />
o que é ser minimalista?<br />
De acordo com o The Minimalists, dupla<br />
formada por Joshua e Ryan, minimalistas<br />
que através da internet propagam<br />
esse estilo de vida, o minimalismo<br />
é uma ferramenta que pode te ajudar a<br />
achar liberdade, com o intuito de focar<br />
no que é realmente importante, para<br />
que você possa encontrar felicidade,<br />
realização e liberdade. Não existem<br />
regras, muito menos uma lista do que<br />
não pode ter ou fazer, o minimalismo<br />
de cada pessoa será diferente pois<br />
a ideia que deve se encaixar em sua<br />
vida e não ao contrário. Diferente do<br />
que pode se pensar, ser minimalista<br />
não é possuir uma certa quantidade<br />
de itens e abdicar de qualquer consumo<br />
existente, o minimalismo não é<br />
um conceito engessado, o que temos<br />
como ideia geral é que um minimalista<br />
irá focar seu tempo no que importa e<br />
não terá como prioridade ter coisas. Já<br />
notou que ao pesquisar sobre o minimalismo<br />
na internet, muitas vezes ele<br />
é apontado como um movimento estético?<br />
Também vemos esse significado,<br />
de acordo com a Wikipédia: “A palavra<br />
minimalismo se refere a uma série<br />
de movimentos artísticos, culturais e<br />
científicos que percorreram diversos<br />
momentos do século XX e preocuparam-se<br />
em fazer uso de poucos elementos<br />
fundamentais como base de<br />
expressão.” Além de ser considerado<br />
um estilo de vida ou de comportamento,<br />
o minimalismo também é associado<br />
a uma estética específica, que pode ser<br />
encontrado em diversas áreas artísticas.<br />
Acredita-se que o minimalismo tenha<br />
se iniciado na década de 60, onde<br />
ele passou a ser tratado como um movimento<br />
próprio. Nessa época surgiu<br />
um grupo de artistas que criavam esculturas<br />
e quadros com uma estética<br />
limpa, impessoal, com poucas cores e<br />
formas. Depois houve uma expansão<br />
do movimento para outras áreas como<br />
a arquitetura, design, moda, entre outros<br />
segmentos. O minimalismo como<br />
comportamento será adotado décadas<br />
depois com o pós-modernismo, nessa<br />
época houveram ideologias contrárias<br />
ao sistema do consumo exacerbado<br />
e da valorização dos objetos. As pessoas<br />
que não se identificavam com o<br />
consumismo inconsciente, passaram a<br />
adaptar suas vidas para ter e comprar<br />
menos, focando em poder aproveitar<br />
os momentos e as pessoas ao seu redor,<br />
se tornando minimalistas. Pode<br />
parecer que os conceitos de estética<br />
e estilo de vida são diferentes, mas na<br />
verdade eles se complementam no<br />
sentido que funcionam a partir de utilizar<br />
o mínimo de recursos possíveis,<br />
focando em simplificar e facilitar seja<br />
a vida ou uma obra de arte.<br />
10 PASSA LÁ: http://www.livingslow.com.br/<br />
11
<strong>Slow</strong> Travel<br />
<strong>Slow</strong><br />
Traveler<br />
CONHEÇA O NOVO MODO DE VIAJAR<br />
estilo de viver slow começou pela<br />
O comida e se espalhou para diversas<br />
áreas, todas procurando incentivar<br />
uma vida mais próxima à natureza,<br />
conhecendo quem produz e valorizando<br />
a qualidade e não quantidade.<br />
Pensando nisso, já reparou como as<br />
viagens podem ser estressantes e nem<br />
um pouco proveitosas? Uma das coisas<br />
que mais gosto de fazer quando<br />
viajo na verdade é sentar e observar<br />
as pessoas, seus costumes, o que vestem,<br />
como falam. Os lugares turísticos<br />
podem ser maravilhosos, mas não<br />
passam a real sensação de conhecer<br />
o lugar. Me incomoda ainda a pressão<br />
de ter que visitar todos os lugares<br />
e fazer tudo em um tempo limitado e<br />
não valorizando as pequenas coisas<br />
de estar em um lugar novo. Pensando<br />
nisso e para melhorar as experiências<br />
de viagem, o slow travel surge como<br />
uma nova alternativa para quem procura<br />
ir além do turismo conhecido. O<br />
slow travel é um modo mais simples,<br />
fácil e lento de viajar, com o intuito de<br />
se permitir relaxar e realmente conhecer<br />
o lugar pelas pessoas e por sua<br />
cultura. Os praticantes do slow travel<br />
recomendam dois tipos de viagem<br />
para se tornar adapto ao movimento.<br />
A primeira recomendação é passar<br />
uma semana conhecendo um único<br />
lugar e a segunda é apreciar o que<br />
tem perto de onde vivemos. Já notou<br />
como muitas vezes não conhecemos<br />
nossa própria cidade? Com o mesmo<br />
conceito do slow living, para se tornar<br />
slow traveler não é obrigatório fazer<br />
nenhuma das recomendações nem<br />
ser um conhecedor sobre o assunto. A<br />
ideia é justamente se libertar das obrigações<br />
que sentimos ao viajar, de ter<br />
que conhecer todos os lugares senão<br />
não teremos aproveitado o suficiente,<br />
nos sentindo ansiosos por estar perdendo<br />
algo. É muito comum tentarmos<br />
aproveitar o máximo das viagens em<br />
um curto tempo, mas isso faz com que<br />
vire uma obrigação em vez de ser um<br />
período para explorar o lugar de uma<br />
maneira inesperada e natural, muitas<br />
vezes com o pensamento no futuro em<br />
vez de apreciar o presente.<br />
13
Você já<br />
pensou<br />
o jeito<br />
como<br />
você<br />
lava suas<br />
roupas?<br />
Cuidando do seu<br />
guarda-roupa<br />
Muitas vezes achamos que a lavagem<br />
é uma atividade tão básica que não<br />
precisa ser repensada, principalmente<br />
perto do impacto causado pela fabricação<br />
de roupas em indústrias. A verdade<br />
é que por causa disso, não percebemos<br />
pequenas atitudes sustentáveis<br />
que podem ser feitas para transformar<br />
essa atividade. Foi lendo o livro Moda<br />
& Sustentabilidade: Design para mudança<br />
que percebi o quanto esse impacto<br />
que passa tão despercebido diariamente,<br />
na verdade é imenso e pode<br />
ser facilmente diminuído. O livro cita<br />
como exemplo a energia necessária<br />
para lavar uma camisa de poliéster, no<br />
seu tempo de vida útil, é quatro vezes<br />
maior que a energia utilizada para fazer<br />
a peça. Mas isso não significa que<br />
a solução para essas questões seja<br />
apenas adquirir o item novo, há muitos<br />
outros fatores envolvidos como o<br />
lixo produzido e a quantidade de água<br />
utilizada para a produção da peça que<br />
fazem o uso até o final da vida útil do<br />
produto ser o melhor caminho. Felizmente,<br />
em nosso país não há a necessidade<br />
nem o costume de lavar as roupas<br />
com água quente e muito menos o<br />
de utilizar a secadora. Em países mais<br />
frios como na Europa, muitas vezes não<br />
há a possibilidade de secar a roupa no<br />
varal, como fazemos aqui. Essa simples<br />
troca, de não utilizar a secagem da máquina<br />
e também fazer uso da água em<br />
sua temperatura ambiente, nos economiza<br />
bastante energia. Dê preferência<br />
para a lavagem feita da forma mais natural,<br />
ou seja, lavando à mão.<br />
Nem sempre é possível esquecer da<br />
máquina de lavar, mas lavagens menores<br />
e pontuais podem facilmente<br />
serem realizadas de maneira manual.<br />
Outra dica é utilizar a máquina em seu<br />
limite máximo, com menor frequência,<br />
do que realizar pequenas lavagens durante<br />
a semana, essa prática economiza<br />
energia e água. No meu caso lavo<br />
apenas uma vez por semana, dividindo<br />
em dois usos, um para peças claras e<br />
outro para peças escuras, mas isso irá<br />
variar de acordo com sua necessidade.<br />
A frequência também é outro fator<br />
que conta muito quando falamos de<br />
lavagem, é bastante comum aqui no<br />
Brasil lavarmos uma peça depois de<br />
apenas um uso, independente do estado<br />
em que se encontra a peça. Fazendo<br />
uso mais vezes da peça, até ela realmente<br />
precisar ser lavada, economiza<br />
energia, água, produtos utilizados na<br />
lavagem e inclusive aumenta o tempo<br />
de vida útil da peça. A lavagem é um<br />
processo abrangente e para deixar a<br />
peça em estado limpo, passa por um<br />
certo desgaste dentro da máquina, diminuindo<br />
cada vez mais seu tempo de<br />
vida útil, o que pode ocasionar em ter<br />
que comprar uma nova peça em um<br />
tempo menor do que o estimado, para<br />
substituir a antiga que já não apresenta<br />
boas condições. Os produtos utilizados<br />
na lavagem também podem ser repensados,<br />
já que em sua maioria a composição<br />
desses produtos contém químicos<br />
abrangentes, danificando a peça e<br />
também contaminando a água que foi<br />
utilizada. Além desses fatores negativos,<br />
a maioria das marcas populares de<br />
produtos de limpeza realiza testes em<br />
animais, causam alergias e prejudicam<br />
a saúde das pessoas que trabalham na<br />
produção. Como alternativa, já existem<br />
diversas receitas na internet para esses<br />
produtos e que lavam tão bem quanto,<br />
além das marcas que estão produzindo<br />
consciente e naturalmente.<br />
14<br />
PASSA LÁ: http://www.livingslow.com.br/<br />
15
Priorizar o<br />
que realmente<br />
importa<br />
O que é ser<br />
sustentável?<br />
termo sustentável tem origem<br />
O no latim: “sustentare”, significa<br />
sustentar, favorecer e conservar.<br />
Sustentabilidade é o ato de praticar o<br />
sustentável, partindo do princípio de<br />
apenas utilizar os recursos necessários,<br />
sempre pensando e produzindo<br />
com a preocupação de não afetar as<br />
futuras gerações. Ser sustentável é<br />
saber que se continuarmos com a sociedade<br />
que temos hoje, não haverá<br />
mais planeta nas próximas décadas.<br />
Sustentabilidade virou discurso para<br />
muitas empresas, marcas e pessoas,<br />
mas será que elas tentam colocar o<br />
conceito em prática? A sustentabilidade<br />
no dia-a-dia pode ser praticada<br />
por todos nós, buscando sempre fazer<br />
o que é possível ou aquilo que está<br />
dentro do nosso alcance. No começo,<br />
eu parei de comprar porque era<br />
algo que estava ao meu alcance. Hoje,<br />
consigo ver diversas maneiras de me<br />
tornar uma pessoa mais sustentável,<br />
não só porque me preocupo com o<br />
meio ambiente, mas também porque<br />
no momento em que me tornei consciente<br />
sobre meu impacto no mundo,<br />
não tive como voltar atrás e ignorar<br />
tudo que está acontecendo.<br />
Há sempre muito mais do que o objeto<br />
em si, gastam-se litros e litros<br />
de águas para produzir, substâncias<br />
tóxicas para tingir e milhares de pessoas<br />
sendo exploradas. Saber o peso<br />
do nosso consumo é o primeiro passo<br />
para uma vida mais sustentável. No<br />
seu tempo, do seu jeito, as mudanças<br />
acontecem. Sem pressa.<br />
maior lição que o slow living me<br />
A ensinou, foi de entender a importância<br />
de priorizar o que realmente<br />
importa. Quantas vezes não apreciamos<br />
o que ou quem está a nossa volta?<br />
Aprendi o quanto é crucial dedicar<br />
meu tempo as pessoas que realmente<br />
me são importantes e traçar objetivos<br />
que realmente me tragam bem estar.<br />
Sempre desejei viajar, conhecer o mundo,<br />
por isso decidi transformar esse<br />
sonho em objetivo. Ao voltar para o<br />
apartamento depois de uma dessas<br />
viagens, notei que viveria apenas com<br />
a mala que carreguei, ver todas aquelas<br />
coisas que não me faziam feliz e não<br />
eram necessárias, foi o que precisava<br />
para entender o quão pouco eu preciso<br />
para viver e ser genuinamente feliz.<br />
Parei de comprar, percebi que não<br />
queria mais gastar horas e horas comprando<br />
roupas, maquiagens, livros ou<br />
qualquer outro objeto do qual não precisava.<br />
Mas parar de consumir não foi<br />
suficiente, passei a doar e vender muito<br />
do que tinha, e a cada item que me desfazia,<br />
era mais um sinal de liberdade. A<br />
cada dia que passa percebo que preciso<br />
de menos coisas do que precisava<br />
no dia anterior e isso me faz estar cada<br />
dia mais perto de conhecer o mundo.<br />
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17
Descarte correto?<br />
Entenda como fazer<br />
Desde que passei a ter menos, comecei<br />
a desapegar sempre que<br />
fazia limpeza nas minhas coisas. No começo<br />
era apenas uma questão prática,<br />
pois nos últimos anos me mudei várias<br />
vezes. Fazer mudança te obriga a olhar<br />
o que você tem de uma maneira diferente,<br />
pois há um trabalho extra para<br />
carregar os objetos e as vezes até pagar<br />
por esse transporte.<br />
DOAR, VENDER, PASSAR PARA FRENTE:<br />
Muitos desses objetos foram para pessoas<br />
próximas ou doação. Também já<br />
levei algumas peças para serem vendidas<br />
em brechó mas o lucro nesses<br />
lugares é muito baixo. Por isso, acabei<br />
optando por vender o que ainda estava<br />
em ótimo estado pelo Enjoei e para<br />
pessoas conhecidas, que sempre indicam<br />
outras pessoas, aparecendo muitos<br />
interessados devido ao valor baixo<br />
dos objetos. Já as doações, existem várias<br />
instituições legais para ajudar, mas<br />
se você tiver sem tempo ou não tiver<br />
transporte, o Exército da Salvação faz<br />
retirada a domicílio.<br />
REUTILIZANDO, RECICLANDO:<br />
Se tiver algum item sem uso e que<br />
não está em condições para outra<br />
pessoa usar, ele pode ser transformado<br />
e reutilizado de diversas maneiras!<br />
Uma peça de roupa pode ser<br />
pano de chão, brinquedo para seu<br />
cachorro, enchimento para almofadas,<br />
pode ser costurado, recortado e<br />
transformado em muitas coisas. No<br />
Pinterest, há muitos DIY (do-it-yourself,<br />
em tradução livre: faça você<br />
mesmo), sem dúvidas achará uma<br />
nova função para sua peça.<br />
JOGAR NO LIXO?<br />
Para itens que realmente não possuem<br />
outro caminho, existem postos de descarte<br />
para cada tipo de objeto. No site<br />
do eCycle é possível pesquisar pelo<br />
item que você precisa descartar e encontrar<br />
os locais de coleta mais próximos<br />
de você. O eCycle ajuda muito<br />
a entender o que realmente pode ser<br />
reciclado, como reciclar da melhor maneira,<br />
além de entender mais sobre o<br />
lixo e o quanto estamos produzindo<br />
dele. Realmente é um dos sites que indico<br />
para quem, assim como eu, está<br />
querendo mudar os costumes. Lembre-<br />
-se de curtir o processo do desapego e<br />
não descarte sem ter um cuidado antes,<br />
combinado? Aquele objeto não some,<br />
ele vai para algum lugar e demora muito<br />
(muito mesmo) para se decompor.<br />
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19
Seis meses sem<br />
compras: um balanço<br />
Quando finalmente decidi tomar uma<br />
atitude de não apoiar mais marcas que<br />
compactuassem de alguma forma com<br />
a mão de obra explorada, comecei a<br />
refletir sobre meu comportamento de<br />
consumo. Aos poucos pude perceber<br />
os motivos que me levaram a desenvolver<br />
o consumismo, sendo o principal<br />
deles o ambiente em que cresci,<br />
aonde fui sempre muito incentivada<br />
pela prática, sendo visto como algo comum<br />
desde pequena. Diferente do que<br />
pode parecer, uma pessoa definida<br />
como consumista não é apenas aquela<br />
pessoa que adquire uma quantidade<br />
insana de itens, como passa nos programas<br />
de TV sensacionalistas. Esses,<br />
na minha visão, seriam os extremos do<br />
comportamento. Qualquer pessoa que<br />
passe a realizar compras sem necessidade<br />
ou de maneira inconsciente, já<br />
pode ter uma grande tendência de ser<br />
consumista. Nunca pensei que fosse<br />
consumista, muito menos que me tornaria<br />
uma ex-consumista, pois o modo<br />
como comprava era visto de maneira<br />
normal para aqueles que estavam a<br />
minha volta. Em nossa sociedade, todas<br />
as pessoas são constantemente incentivadas<br />
por amigos, mídia, familiares<br />
e colegas de trabalho a consumirem<br />
de maneira compulsiva. Quanto mais<br />
compramos, mais as empresas lucram<br />
e crescem, o que parece ser o objetivo<br />
da vida contemporânea. Foi preciso<br />
uma jornada de conhecimento pessoal<br />
intensa para que pudesse entender<br />
que tipo de vida eu tinha e qual gostaria<br />
de ter. O mundo da maquiagem e<br />
da moda sempre foram os mais atraentes<br />
para mim e por isso havia decidido<br />
não consumir de ambos por um<br />
ano, apenas utilizando o que já tinha. Já<br />
fazem 6 meses desde que tomei essa<br />
decisão e muita coisa mudou desde<br />
então, meu tempo já não é mais gasto<br />
fazendo listas e entrando em sites ou<br />
lojas, passei a apreciar as coisas que<br />
já possuo, conheci marcas incríveis de<br />
beleza natural e slow fashion que pretendo<br />
consumir quando for necessário,<br />
conheci também um novo universo<br />
de pessoas que acreditam nessa mudança<br />
e aprendi muito com elas. Mas<br />
o principal de todas essas mudanças,<br />
foi ganhar um auto conhecimento que<br />
nunca seria possível de outra maneira.<br />
Consumir menos é um processo onde<br />
cada um tem seu tempo e sua maneira<br />
de fazê-lo, sabemos que nem sempre<br />
é fácil ir em contrapartida e deixar<br />
de ser consumista tem seus momentos<br />
de dificuldade, mas é uma jornada<br />
que fico feliz em ter abraçado. Pretendo<br />
passar um ano inteiro, então aqui é<br />
apenas metade dessa jornada.<br />
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21
O <strong>Slow</strong> Beauty e tudo<br />
que ele representa<br />
O modo de vida slow começou com<br />
um manifesto para a comida local e<br />
natural, chamada de slow food. Hoje temos<br />
além dele, movimentos em diversas<br />
áreas que compartilham do mesmo<br />
sentimento, priorizando a qualidade em<br />
vez de quantidade, a produção local, fazendo<br />
uso de maneira consciente e<br />
respeitando o tempo da natureza e<br />
do indivíduo.<br />
MAS AFINAL, O QUE É SLOW BEAUTY?<br />
Uma ida rápida a uma loja de cosméticos<br />
e é possível ver a problemática do<br />
mercado de beleza atual: São várias<br />
propagandas, vendedores e todo tipo<br />
de divulgação para vender novidades<br />
que chegam todos os dias, prometendo<br />
resultados rápidos e imediatos<br />
para aspectos do corpo que muitas<br />
vezes são naturais.<br />
O slow beauty surge nos EUA, defendendo<br />
o empoderamento das mulheres<br />
e incentivando-as a se conhecerem,<br />
contrário ao que a indústria cosmética<br />
tem feito nos últimos anos, que sempre<br />
diminuiu a auto estima das mulheres<br />
com o propósito de fazer aumentar as<br />
vendas. Enquanto a mídia nos ensina<br />
apenas um padrão de bonito e certo,<br />
incentivando a compra de seus produtos<br />
“mágicos”, criando uma urgência<br />
para a mulher de atingir tal aparência,<br />
o slow beauty vem em contrapartida<br />
de todo esse sistema e nos mostra que<br />
o cuidado próprio vem como forma de<br />
carinho e não de obrigação.<br />
O movimento está muito conectado em<br />
se conhecer, entender as características<br />
que temos, o que estamos consumindo<br />
naquele produto e sempre consumir<br />
conscientemente. Assim como o<br />
slow food e o slow fashion, o slow beauty<br />
também mostra uma preocupação<br />
com a qualidade dos produtos em vez<br />
de sua quantidade. A pele é o maior<br />
órgão do corpo humano e do mesmo<br />
jeito que nos preocupamos em comer<br />
alimentos naturais e orgânicos, com os<br />
cosméticos não seria diferente. Sendo<br />
assim, os produtos slow beauty possuem<br />
uma composição natural que faz<br />
bem para a pessoa sem atingir o meio<br />
ambiente, além de incentivar uma ligação<br />
mais direta com o produtor, permitindo<br />
um maior controle sobre quem<br />
fez e como foi feito.<br />
Por enquanto, não há um certificado e<br />
nem regras para o slow beauty, cada<br />
pessoa e/ou empresa pode interpretar<br />
de maneira diferente ou aproveitar<br />
como vantagem para vendas, por isso<br />
é muito importante prestar atenção no<br />
que estamos comprando e procurar informações<br />
antes de comprar para ter<br />
certeza de sua origem.<br />
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método KonMari se tornou um<br />
O viral nos últimos tempos. Marie<br />
Kondo, criou o KonMari afim de manter<br />
o espaço organizado sempre e promete<br />
que se você seguir todos os passos também<br />
vai ter um ambiente sem bagunça<br />
para o resto da vida. Em seu livro A Mágica<br />
da Arrumação, ela explica detalhadamente<br />
todo o processo para ter essa<br />
mudança de vida. É interessante ver o<br />
ponto de vista da Marie Kondo sobre<br />
os objetos que possuímos e o livro, apesar<br />
de alguns ensinamentos extremos,<br />
me ensinou muitos pontos importantes<br />
não só sobre a arrumação da casa mas<br />
como devemos tratar e nos comportar<br />
com as coisas que possuímos. Os passos<br />
são bem simples e a ideia geral basicamente<br />
é de apenas manter o que te<br />
trás alegria. No começo, me questionei<br />
como seria aplicado o método para os<br />
objetos de uso utilitário, que nem sempre<br />
são bonitos e me atraem. Depois<br />
notei que se eles são usados e facilitam<br />
minha vida, então sim, me trazem alegria<br />
por facilitar as tarefas diárias. Esse<br />
conceito que a autora prega pode ser<br />
um pouco confuso a primeira vista, pois<br />
objetos não podem nos trazer felicidade,<br />
mas se pensarmos mais a fundo sobre<br />
ele veremos que faz muito sentido. Só<br />
porque um item te trás alegria na loja,<br />
enquanto está na prateleira, não necessariamente<br />
ele irá trazer alegria em seu<br />
ambiente. Podemos sim admirar as coisas<br />
pela sua beleza, mas ter em mente<br />
sempre se aquilo irá ter o seu papel de<br />
uso no ambiente em que viverá, e assim<br />
chegamos a conclusão que precisamos<br />
de muito menos do que imaginávamos.<br />
Apesar do livro ter muitos ensinamentos<br />
essenciais, há uma parte que me incomoda<br />
bastante: A despreocupação com<br />
o descarte das coisas. Imagine se as 2<br />
milhões de pessoas que compraram<br />
seus livros, decidissem seguir o método<br />
KonMari e assim, depois de um dia intenso<br />
de arrumação, decidirem tirar 15<br />
sacos de lixos cheios da sua casa com<br />
coisas que não as trazia alegria? Apesar<br />
de ser mencionado no livro a possibilidade<br />
de doar, ela não é vista como<br />
prioridade. A prioridade é tirar aquelas<br />
coisas da sua casa, não importa o destino<br />
delas. A verdade é que maioria<br />
desses itens jogados no lixo vão para<br />
o aterro, podendo ficar até centenas de<br />
anos no ambiente. Milhares de pessoas<br />
seguiram o KonMari afim de melhorar<br />
a qualidade de suas vidas, mas há<br />
o outro lado, aonde todas elas devem<br />
ter descartado os objetos de forma<br />
incorreta. Descartar corretamente é<br />
essencial para continuar a vida útil do<br />
O que a<br />
Marie Kondo<br />
me ensinou<br />
produto, seja reutilizando, reciclando ou<br />
doando. A autora também menciona e<br />
desmerece as peças de roupa que estão<br />
ficando usadas: “Na maioria das vezes,<br />
quando um botão cai é sinal de que<br />
aquela roupa foi bastante usada e aproveitada,<br />
e agora é hora de dizer adeus”.<br />
Um simples botão caído não é motivo<br />
para uma nova camisa. Entretanto, gostei<br />
muito da leitura e de ver o ponto de<br />
vista da Marie pelo livro e não só pela<br />
internet, ainda não coloquei o método<br />
em prática mas pretendo fazer em breve,<br />
descartando corretamente.<br />
24<br />
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25
Porque<br />
desapegar<br />
pode mudar<br />
sua vida!<br />
Para muitos o primeiro passo para se<br />
ter uma vida mais leve, simples ou até<br />
mesmo para adotar um estilo de vida<br />
minimalista, é o ato do desapego. Por<br />
mais que essa mudança possa parecer<br />
muito libertadora, notei que muitas<br />
pessoas tem questionamentos fortes<br />
sobre desapegar e duvidam até mesmo<br />
da sua capacidade de aplicar essa<br />
prática no cotidiano. Quando compartilho<br />
da minha experiência pessoal<br />
principalmente, já foram tantos itens<br />
vendidos, repassados e doados que<br />
podem até assustar quem não consegue<br />
desapegar nem de uma blusa.<br />
Acredite quando digo que desapegar<br />
pode mudar sua vida completamente!<br />
Antes mesmo de escolher ter uma vida<br />
assim, fui obrigada a repensar nos últimos<br />
anos sobre os itens que possuía<br />
devido a quantidade de vezes que já<br />
me mudei. Mudar de lugar nos obriga a<br />
rever o que temos de uma forma muito<br />
interessante: Cada item escolhido para<br />
ficar envolve espaço, tempo e dinheiro,<br />
me fazendo questionar se aquele objeto<br />
valia o trabalho que teria para o manter,<br />
de fato isso facilitou muito para que<br />
pudesse aprender a arte do desapego.<br />
Além do mais, sempre vi o processo<br />
como algo renovador e positivo e não<br />
como uma tarefa impossível, é importante<br />
aprender a curtir esse momento!<br />
Deixe sua mente aberta para conhecer<br />
os benefícios de possuir menos, certamente<br />
irá desapegar com mais frequência.<br />
Lembre-se que ter menos coisas<br />
é sinônimo de limpar menos, ter um<br />
ambiente sem acúmulos, saber os itens<br />
que possui e fazer uso de todos eles,<br />
além disso ainda há a possibilidade de<br />
vender os itens com pouco uso, fiz isso<br />
e me ajudou bastante financeiramente.<br />
Meu processo de desapego por mais<br />
grande que possa parecer, foi feito aos<br />
poucos e ainda está acontecendo. Às<br />
vezes vejo um item e decido que está<br />
na hora de passar para frente ou então<br />
reservo um dia (ou vários) para fazer<br />
limpeza da casa. O processo também<br />
se tornou mais rápido e fácil, pois já sei<br />
o que gosto ou utilizo. Acredite quando<br />
digo que vai melhorar e você pode<br />
até pegar gosto pela prática. Agora que<br />
você já leu a matéria sobre descarte<br />
na revista, lembre-se que esses itens<br />
devem ser destinados com responsabilidade.<br />
Mas se você precisa de ajuda<br />
para começar, o método KonMari da<br />
página 24-25 pode te ajudar bastante.<br />
Pessoalmente acredito que cada um tenha<br />
seu ritmo e aos poucos, tenho certeza<br />
que irá descobrir o que funciona<br />
para você. Boa sorte!<br />
26 PASSA LÁ: http://www.livingslow.com.br/<br />
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unplugged<br />
Styling e Produção Isabel Alves<br />
Fotos por Gustavo Cezero
moletom<br />
LIMONADA DA ARABELLA
camisa GARIMPO DA GILDA<br />
tricô, calça e tênis ACERVO PESSOAL
macacão LIMONADA DA ARABELLA<br />
sutiã ACERVO PESSOAL
ody e short LIMONADA DA ARABELLA<br />
tênis ACERVO PESSOAL
moletom e calça LIMONADA DA ARABELLA<br />
óculos ACERVO PESSOAL
produtos de ACERVO PESSOAL
camisa e bolsa LIMONADA DA ARABELLA<br />
saia GARIMPO DA GILDA
Modelo Thays Vita<br />
Locação Hostel Sp 011<br />
Brechós Limonada da Arabella e Garimpo da Gilda
MODA MINIMALISTA, VEGANA E SLOW FASHION<br />
+55 51 9829.3533<br />
+55 51 8150.5516<br />
Porto Alegre | Brasil<br />
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