Revista Dr Plinio 167
Fevereiro de 2012
Fevereiro de 2012
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<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> comenta...<br />
Desigualdade: um<br />
Fotos: M. Shinoda; G. Kralj; S.Hollmann.<br />
bem ou um mal?<br />
Como devemos considerar as pessoas superiores a nós?<br />
Admirando-as por suas qualidades, ou invejando-as por não<br />
sermos iguais a elas? Igualdade e desigualdade, até que ponto<br />
constituem um bem para o homem?<br />
Énotória a complexidade do universo. Nele há seres<br />
inteligentes como o homem; seres dotados<br />
de vida, mas sem inteligência, como os animais<br />
e as plantas; seres sem vida nem inteligência, como os<br />
minerais.<br />
De fato, à medida que a Ciência progride e verifica<br />
quão numerosos são os seres que compõe o universo,<br />
constatamos as inter-relações e as desigualdades postas<br />
na criação.<br />
Os anjos são mais numerosos que os homens<br />
Ora, as ciências naturais nos apresentam algo muito<br />
inferior ao que alcançamos pela Fé. Sabemos existirem<br />
os anjos, puros espíritos que não podemos ver. E a Teologia<br />
nos ensina serem os anjos incomparavelmente mais<br />
numerosos do que os homens.<br />
São Tomás dá para isso uma bonita explicação, apresentando<br />
uma razão metafísica que toca no estético: a<br />
Criação é excelente; o melhor deve ser mais numeroso<br />
1 . Ora, como puros espíritos, os anjos são superiores a<br />
quem não é puro espírito.<br />
Suponhamos um tapete. O que ocupa mais espaço, a<br />
franja ou propriamente o tapete? É o tapete. Pois uma<br />
franja enorme e um tapete pequenino é uma coisa caricata.<br />
Ora, o tapete da Criação são os anjos, puros espíritos.<br />
E à medida que vai se aproximando da matéria vem<br />
a franja. Então, os anjos são mais numerosos do que os<br />
homens.<br />
Compreende-se que haja uma escala, e no alto, como<br />
qualidade e quantidade superiores, estão os anjos.<br />
A desigualdade entre os anjos é maior do que<br />
a existente entre os homens<br />
Não devemos imaginar que um anjo está para outro<br />
anjo como um homem para outro homem. Nós, homens,<br />
por mais diferentes que sejamos uns dos outros, somos<br />
da mesma espécie. Os anjos, não. Cada anjo é de uma espécie<br />
diferente da do outro 2 .<br />
E o anjo inferior foi feito para servir o superior; aquele<br />
é menos inteligente e tem uma capacidade menor de<br />
amar do que este. Por causa disso, recebe de Deus uma<br />
glória e uma graça menor do que aquele que está acima.<br />
Assim, se fôssemos fazer um gráfico do mundo angélico,<br />
traçaríamos uma espécie de fio de linha enorme, em<br />
que cada anjo seria um ponto; cada um deles está a serviço<br />
do anjo superior, e através deste conhece a Deus, mas<br />
ele mesmo também vê diretamente o Criador. Todos os<br />
anjos O veem diretamente, mas não contemplam tudo; e<br />
pelos anjos superiores cada anjo inferior conhece alguma<br />
coisa mais a respeito de Deus.<br />
Dessa forma, a desigualdade entre os anjos é enormemente<br />
maior do que a existente entre os homens. Ora, os<br />
anjos são uma porção da Criação muito mais preciosa do<br />
que os homens.<br />
Devemos agradecer a Deus<br />
por ter criado pessoas superiores a nós<br />
Vemos assim que a desigualdade é algo existente no<br />
universo, de tal maneira que em sua parte mais excelente<br />
ela ainda é maior. Podemos então fazer as se-<br />
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