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Revista Dr Plinio 167

Fevereiro de 2012

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O pensamento filosófico de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

Maior do que a vastidão do<br />

mar, e até mesmo a do ar,<br />

é a vastidão da alma que<br />

verdadeiramente saiba admirar.<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> durante uma conferência<br />

em abril de 1992.<br />

Se nos reportarmos não mais aos transatlânticos desta<br />

última fase — fim e apogeu dos transatlânticos de metal<br />

— mas, recuando no tempo, às caravelas: oh! que beleza!<br />

Entretanto, que desconforto para o corpo! Não há<br />

a cabine maravilhosa! Nem o salão chinês de laca vermelha,<br />

o substancioso bar alemão, e nem um pouco o charme<br />

do salão francês!<br />

Mas há outro charme! O porão do navio realmente é<br />

rude, duro, inóspito, porém que tombadilho! Este possui<br />

magníficas chaises longues, com forma anatômica, onde<br />

a pessoa se deita, de maneira a ter a impressão de que<br />

não possui corpo? Nem um pouco! Nele há um serviço<br />

de restaurante estupendo, oferecendo whisky, gins-tônicas,<br />

sorvetes? Não!<br />

No tombadilho da caravela existe outro jogo de belezas<br />

e encantos! O transatlântico moderno levava o homem<br />

a não prestar atenção no mar, no ar, a esquecer-se<br />

de que estava navegando. Era um palácio ambulante tão<br />

deslumbrante, que só se dava atenção ao palácio. O resto<br />

era quase acessório.<br />

Pelo contrário, o velho veleiro, na sua rudeza, oferecia<br />

coisas simples. Mas que coisas! Antes de tudo, velas estupendas,<br />

em castelo, em ponta, umas com a Cruz de Cristo<br />

ou as quinas de Portugal, outras com armas da Espanha,<br />

da França, do Sacro Império, de algum reino da Itália<br />

ou da Inglaterra. Ele oferecia os ventos desencadeados<br />

e furiosos das tempestades, o odor salino das ondas<br />

que inundavam às vezes o tombadilho e voltavam deixando<br />

suas madeiras embebidas de água; mas o homem, com<br />

a sensação do risco e do heroísmo, ia cortando o vento e<br />

fendendo a natureza; ou as noites doces, estreladas, tépidas,<br />

nas quais se tinha a impressão de que cada estrela<br />

sorria para cada passageiro e estavam tão próximas que<br />

se poderia brincar com cada uma delas, como se alguém<br />

acendesse uma maravilhosa luz e surgisse um céu recamado<br />

de lâmpadas de Aladim!<br />

Então, havia a doçura das brisas que bailavam em torno<br />

do rosto, afagavam, faziam promessas do feliz destino<br />

da viagem. Ou, nas noites escuras, misteriosas, o deleite<br />

da incerteza. Ao avançar, o veleiro produzia a sensação<br />

de uma conquista no escuro, de uma conquista, por isso<br />

mesmo, bela. Cada pessoa se sentia dignificada.<br />

Que riqueza existe na alma do homem e no universo<br />

feito por Deus para haver todo um conjunto de jogos de<br />

deleites diferentes! E como os deleites do veleiro antigo<br />

são superiores aos deleites do transatlântico moderno!<br />

Espírito admirativo<br />

Quando falei do transatlântico, referi-me à cabine recamada<br />

de damasco – eu gosto de damasco. Em nossa sede<br />

principal há uma sala recamada de damasco; chama-<br />

-se Sala da Tradição. Aquele damasco foi comprado em<br />

Buenos Aires e eu quis que ali ele fosse colocado para a<br />

glória de nosso Movimento, o qual somente visa a glória<br />

de Nossa Senhora.<br />

Aprecio muito tudo isso. Gosto de ter uma alma tal<br />

que saiba admirar os brocados de uma cabine de um<br />

transatlântico, e também as tempestades com as quais se<br />

defronta um veleiro. Admirar esses diversos jogos de coi-<br />

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