Revista Dr Plinio 167
Fevereiro de 2012
Fevereiro de 2012
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Dona Lucilia<br />
cuidados que Dona Lucilia punha nos alfinetes e nos vestidos<br />
eu colocava na profissão da Fé Católica.<br />
Encontro com um rapaz muito rico, mas<br />
profundamente revolucionário<br />
Recordo-me de que naquele tempo havia um rapaz muito<br />
rico no colégio em que eu estudava. E na casa dele esteve<br />
hospedada a Família Imperial brasileira, no ano de 1922.<br />
Todos se lembrarão com certeza que a Independência<br />
do Brasil foi proclamada em 1822, tendo o Brasil se<br />
tornado nação separada de Portugal. Em 1922 fez cem<br />
anos em que o Brasil estava independente e se realizaram<br />
festas, comemorações etc. E entre essas comemorações<br />
houve um decreto do Presidente da República, Epitácio<br />
Pessoa, que era um homem muito inteligente, culto,<br />
nobre, revogando o banimento dos descendentes de<br />
D. Pedro I. De fato, era um absurdo que, na comemoração<br />
do centenário, os descendentes do imperador que tinha<br />
proclamado a independência, não pudessem pôr os<br />
pés no Brasil sem serem levados para a cadeia. Era um<br />
decreto feito pela liberalidade do Governo republicano.<br />
Assim, a Família Imperial veio para o Brasil.<br />
Minha avó e minha mãe eram muito monarquistas;<br />
e minha avó mantinha correspondência com a Princesa<br />
Isabel etc. Quando os membros da Família Imperial chegaram<br />
a São Paulo, foram logo visitados por minha mãe<br />
e minha avó, em casa de uma família riquíssima — creio<br />
que era a família mais rica daquele tempo —, a qual lhes<br />
ofereceu apartamentos suntuosos para se hospedarem.<br />
A senhora dona dessa casa tinha netos que eram meus<br />
colegas no Colégio São Luís, de maneira que nos conhecíamos<br />
e nos tratávamos.<br />
Um desses netos era um rapaz finíssimo, muito bem<br />
educado, com jeito de verdadeiro aristocrata, mas comunista<br />
apaixonado; depois se tornou um dos líderes comunistas<br />
mais conhecidos do Brasil.<br />
Esse rapaz, nas horas vagas, fazia um pouco de sala<br />
para Dom Pedro Henrique e um irmão deste, que<br />
morreu ainda menino, em odor de santidade: o príncipe<br />
Dom Luís Gastão. Dom Pedro Henrique jogava tênis<br />
com o futuro líder comunista ao qual me referi.<br />
Quando a Família Imperial foi embora, certa vez eu<br />
estava indo de bonde para o Colégio São Luís e, numa<br />
esquina da Avenida da Consolação, vejo entrar esse rapaz;<br />
não nos gostávamos, era natural. Ele sentou-se ao<br />
meu lado; após pequenos cumprimentos frios, ele me<br />
perguntou:<br />
— Você esteve com a Família Imperial?<br />
Respondi:<br />
— Estive, sim.<br />
— Você esteve muito com o Pedro Henrique?<br />
— Várias vezes. E você também?<br />
— Sim, eu joguei tênis com ele.<br />
Após uma pausazinha, ele disse:<br />
— Já estou vendo como você tratou a ele de Alteza,<br />
não é?<br />
Em relação a Deus,<br />
nós temos deveres mais<br />
importantes do que as<br />
obrigações para com<br />
qualquer pessoa na Terra.<br />
Devemos obedecê-Lo<br />
antes e acima de tudo.<br />
<strong>Plinio</strong> no Jardim da Luz.<br />
16