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Revista Dr Plinio 167

Fevereiro de 2012

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Dona Lucilia<br />

cuidados que Dona Lucilia punha nos alfinetes e nos vestidos<br />

eu colocava na profissão da Fé Católica.<br />

Encontro com um rapaz muito rico, mas<br />

profundamente revolucionário<br />

Recordo-me de que naquele tempo havia um rapaz muito<br />

rico no colégio em que eu estudava. E na casa dele esteve<br />

hospedada a Família Imperial brasileira, no ano de 1922.<br />

Todos se lembrarão com certeza que a Independência<br />

do Brasil foi proclamada em 1822, tendo o Brasil se<br />

tornado nação separada de Portugal. Em 1922 fez cem<br />

anos em que o Brasil estava independente e se realizaram<br />

festas, comemorações etc. E entre essas comemorações<br />

houve um decreto do Presidente da República, Epitácio<br />

Pessoa, que era um homem muito inteligente, culto,<br />

nobre, revogando o banimento dos descendentes de<br />

D. Pedro I. De fato, era um absurdo que, na comemoração<br />

do centenário, os descendentes do imperador que tinha<br />

proclamado a independência, não pudessem pôr os<br />

pés no Brasil sem serem levados para a cadeia. Era um<br />

decreto feito pela liberalidade do Governo republicano.<br />

Assim, a Família Imperial veio para o Brasil.<br />

Minha avó e minha mãe eram muito monarquistas;<br />

e minha avó mantinha correspondência com a Princesa<br />

Isabel etc. Quando os membros da Família Imperial chegaram<br />

a São Paulo, foram logo visitados por minha mãe<br />

e minha avó, em casa de uma família riquíssima — creio<br />

que era a família mais rica daquele tempo —, a qual lhes<br />

ofereceu apartamentos suntuosos para se hospedarem.<br />

A senhora dona dessa casa tinha netos que eram meus<br />

colegas no Colégio São Luís, de maneira que nos conhecíamos<br />

e nos tratávamos.<br />

Um desses netos era um rapaz finíssimo, muito bem<br />

educado, com jeito de verdadeiro aristocrata, mas comunista<br />

apaixonado; depois se tornou um dos líderes comunistas<br />

mais conhecidos do Brasil.<br />

Esse rapaz, nas horas vagas, fazia um pouco de sala<br />

para Dom Pedro Henrique e um irmão deste, que<br />

morreu ainda menino, em odor de santidade: o príncipe<br />

Dom Luís Gastão. Dom Pedro Henrique jogava tênis<br />

com o futuro líder comunista ao qual me referi.<br />

Quando a Família Imperial foi embora, certa vez eu<br />

estava indo de bonde para o Colégio São Luís e, numa<br />

esquina da Avenida da Consolação, vejo entrar esse rapaz;<br />

não nos gostávamos, era natural. Ele sentou-se ao<br />

meu lado; após pequenos cumprimentos frios, ele me<br />

perguntou:<br />

— Você esteve com a Família Imperial?<br />

Respondi:<br />

— Estive, sim.<br />

— Você esteve muito com o Pedro Henrique?<br />

— Várias vezes. E você também?<br />

— Sim, eu joguei tênis com ele.<br />

Após uma pausazinha, ele disse:<br />

— Já estou vendo como você tratou a ele de Alteza,<br />

não é?<br />

Em relação a Deus,<br />

nós temos deveres mais<br />

importantes do que as<br />

obrigações para com<br />

qualquer pessoa na Terra.<br />

Devemos obedecê-Lo<br />

antes e acima de tudo.<br />

<strong>Plinio</strong> no Jardim da Luz.<br />

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