O Grande Conflito por Ellen G Harmon-White

O Grande Conflito há de assumir proporções cada vez maiores até o seu final desenlace. Em todas as épocas a ira de mal esteve voltada contra a o bem. À medida que cada geração se aproxima da seu tempo de crise, o mal há de agir com redobrada energia - devotado a uma obra de repressão, destruição, corrupção, crueldade e engano. Contudo, toda vez, campeões bravos da direita tenham surgido que lutaram com força sobre-humana para a causa da verdade. E o conflito agudo e amargo desenvolvido nessa luta de longos séculos culminará no conflito final. É nesse tempo cheio de perigos no qual ele vai irromper uma intervenção poderoso e maravilhosa. O Grande Conflito há de assumir proporções cada vez maiores até o seu final desenlace. Em todas as épocas a ira de mal esteve voltada contra a o bem. À medida que cada geração se aproxima da seu tempo de crise, o mal há de agir com redobrada energia - devotado a uma obra de repressão, destruição, corrupção, crueldade e engano. Contudo, toda vez, campeões bravos da direita tenham surgido que lutaram com força sobre-humana para a causa da verdade. E o conflito agudo e amargo desenvolvido nessa luta de longos séculos culminará no conflito final. É nesse tempo cheio de perigos no qual ele vai irromper uma intervenção poderoso e maravilhosa.

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O Grande Conflito seu ensino era a única religião que professavam. Consideravam sua avidez e crueldade como os legítimos frutos da Bíblia, da qual nada queriam saber. Roma tinha representado falsamente o caráter de Deus e pervertido Seus mandamentos, e agora os homens rejeitavam tanto a Escritura Sagrada como seu Autor. Exigira fé cega nos seus dogmas, sob o pretenso apoio das Escrituras. Na reação, Voltaire e seus companheiros puseram inteiramente de lado a Palavra de Deus, disseminando por toda parte o veneno da incredulidade. Roma calcara o povo sob seu tacão de ferro; agora as massas, degradadas e em- brutecidas, ao revoltarem-se contra a tirania, arrojaram de si toda a restrição. Enraivecidos com o disfarçado embuste a que durante tanto tempo haviam prestado homenagem, rejeitaram a um tempo a verdade e a falsidade; e erroneamente tomando a libertinagem pela liberdade, os escravos do vício exultaram em sua liberdade imaginária. No início da Revolução foi, por concessão do rei, outorgada ao povo uma representação mais numerosa do que a dos nobres e do clero reunidos. Assim a balança do poder estava em suas mãos; mas não se achavam preparados para fazer uso deste poder com sabedoria e moderação. Ávidos de reparar os males que tinham sofrido, decidiram-se a empreender a reconstrução da sociedade. Uma turba ultrajada, cujo espírito estava de há muito repleto de dolorosas lembranças, resolveu sublevar-se contra aquele estado de miséria que se tornara insuportável, vingando-se dos que considerava como responsáveis por seus sofrimentos. Os oprimidos puseram em prática a lição que tinham aprendido sob a tirania, e tornaram-se os opressores dos que os haviam oprimido. A desditosa França ceifou em sangue a colheita do que semeara. Terríveis foram os resultados de sua submissão ao poder subjugador de Roma. Onde a França, sob a influência do romanismo, acendera a primeira fogueira ao começar a Reforma, erigiu a Revolução a sua primeira guilhotina. No local em que os primeiros mártires da fé protestante foram queimados no século XVI, as primeiras vítimas foram guilhotinadas no século XVIII. Rejeitando o evangelho que lhe teria trazido cura, a França abrira a porta à incredulidade e ruína. Quando as restrições da lei de Deus foram postas de lado, verificou-se que as leis dos homens eram impotentes para sustar a avassalante onda da paixão humana; e a nação descambou para a revolta e anarquia. A guerra contra a Bíblia inaugurou uma era que se conserva na História Universal como “o reinado do terror.” A paz e a felicidade foram banidas dos lares e do coração dos homens. Ninguém se achava seguro. O que hoje triunfava era alvo de suspeitas e condenado amanhã. A violência e a cobiça exerciam incontestável domínio. Rei, clero e nobreza foram obrigados a submeter-se às atrocidades do povo excitado e enlouquecido, cuja sede de vingança subiu de ponto com a execução do rei; e os que haviam decretado sua morte logo o seguiram no cadafalso. Foi ordenado um morticínio geral de todos os que eram suspeitos de hostilizar a Revolução. As prisões estavam repletas, contendo em certa ocasião mais de 187

O Grande Conflito duzentos mil prisioneiros. Multiplicavam-se nas cidades do reino as cenas de horror. Um partido dos revolucionários era contra outro, e a França tornou-se um vasto campo de massas contendoras, dominadas pela fúria das paixões. “Em Paris, tumulto sucedia a tumulto, e os cidadãos estavam divididos numa mistura de facções, que não pareciam visar coisa alguma a não ser a exterminação mútua.” E para aumentar a miséria geral, a nação envolveu-se em prolongada e devastadora guerra com as grandes potências da Europa. “O país estava quase falido, o exército a clamar pelos pagamentos em atraso, os parisienses passando fome, as províncias assoladas pelos ladrões, e a civilização quase extinta em anarquia e licenciosidade.” Muito bem havia o povo aprendido as lições de crueldade e tortura que Roma tão diligentemente ensinara. Chegara finalmente o dia da retribuição. Não eram mais os discípulos de Jesus que se arrojavam nas masmorras e arrastavam à tortura. Havia muito tempo que esses tinham perecido, ou sido expulsos para o exílio. Roma, sentia agora o poder mortífero daqueles a quem havia ensinado a deleitar-se nas práticas sanguinárias. “O exemplo de perseguição que o clero da França por tantos séculos dera abertamente, achava-se agora revertido contra ele mesmo com assinalado vigor. Os cadafalsos estavam tintos do sangue dos sacerdotes. As galés e prisões, que em outro tempo se povoaram de huguenotes, estavam agora repletas de seus perseguidores. Acorrentados ao banco ou labutando com os remos, o clero católico romano experimentou todas as desgraças que sua igreja tão livremente infligira aos benignos hereges.” “Vieram então os dias em que o mais bárbaro dos códigos foi posto em vigor pelo mais bárbaro dos tribunais; em que ninguém poderia saudar os vizinhos ou fazer orações ... sem perigo de cometer um crime capital; em que espias se emboscavam de todos os lados; em que todas as manhãs a guilhotina funcionava em trabalho rápido e prolongado; em que as cadeias estavam tão cheias como um porão de navio de escravos; em que, nas sarjetas, o sangue corria espumante para o Sena. ... Enquanto diariamente carradas de vítimas eram levadas ao seu destino através das ruas de Paris, os procônsules, a quem a comissão soberana enviara aos departamentos, recreavam-se extravagantemente com crueldade desconhecida mesmo na capital. O cutelo da máquina mortífera levantava-se demasiado vagarosamente para a obra de morticínio. Longas fileiras de prisioneiros eram ceifadas a metralha. Faziam-se rombos no fundo dos barcos repletos. Lyon se tornou um deserto. Em Arras, mesmo a cruel misericórdia de uma morte rápida era negada aos prisioneiros. Por toda a extensão do Loire de Saumur até à desembocadura no oceano, grandes bandos de corvos e milhanos banqueteavam-se nos cadáveres nus, juntamente irmanados em hediondos abraços. Não se mostrava misericórdia a sexo ou idade. O número de moços e moças de dezessete anos que foram assassinados por aquele governo execrável, 188

O <strong>Grande</strong> <strong>Conflito</strong><br />

duzentos mil prisioneiros. Multiplicavam-se nas cidades do reino as cenas de horror. Um partido dos<br />

revolucionários era contra outro, e a França tornou-se um vasto campo de massas contendoras,<br />

dominadas pela fúria das paixões. “Em Paris, tumulto sucedia a tumulto, e os cidadãos estavam<br />

divididos numa mistura de facções, que não pareciam visar coisa alguma a não ser a exterminação<br />

mútua.” E para aumentar a miséria geral, a nação envolveu-se em prolongada e devastadora guerra<br />

com as grandes potências da Europa. “O país estava quase falido, o exército a clamar pelos pagamentos<br />

em atraso, os parisienses passando fome, as províncias assoladas pelos ladrões, e a civilização quase<br />

extinta em anarquia e licenciosidade.”<br />

Muito bem havia o povo aprendido as lições de crueldade e tortura que Roma tão diligentemente<br />

ensinara. Chegara finalmente o dia da retribuição. Não eram mais os discípulos de Jesus que se<br />

arrojavam nas masmorras e arrastavam à tortura. Havia muito tempo que esses tinham perecido, ou<br />

sido expulsos para o exílio. Roma, sentia agora o poder mortífero daqueles a quem havia ensinado a<br />

deleitar-se nas práticas sanguinárias. “O exemplo de perseguição que o clero da França <strong>por</strong> tantos<br />

séculos dera abertamente, achava-se agora revertido contra ele mesmo com assinalado vigor. Os<br />

cadafalsos estavam tintos do sangue dos sacerdotes. As galés e prisões, que em outro tempo se<br />

povoaram de huguenotes, estavam agora repletas de seus perseguidores. Acorrentados ao banco ou<br />

labutando com os remos, o clero católico romano experimentou todas as desgraças que sua igreja tão<br />

livremente infligira aos benignos hereges.”<br />

“Vieram então os dias em que o mais bárbaro dos códigos foi posto em vigor pelo mais bárbaro<br />

dos tribunais; em que ninguém poderia saudar os vizinhos ou fazer orações ... sem perigo de cometer<br />

um crime capital; em que espias se emboscavam de todos os lados; em que todas as manhãs a guilhotina<br />

funcionava em trabalho rápido e prolongado; em que as cadeias estavam tão cheias como um <strong>por</strong>ão de<br />

navio de escravos; em que, nas sarjetas, o sangue corria espumante para o Sena. ... Enquanto<br />

diariamente carradas de vítimas eram levadas ao seu destino através das ruas de Paris, os procônsules,<br />

a quem a comissão soberana enviara aos departamentos, recreavam-se extravagantemente com<br />

crueldade desconhecida mesmo na capital. O cutelo da máquina mortífera levantava-se demasiado<br />

vagarosamente para a obra de morticínio. Longas fileiras de prisioneiros eram ceifadas a metralha.<br />

Faziam-se rombos no fundo dos barcos repletos. Lyon se tornou um deserto. Em Arras, mesmo a cruel<br />

misericórdia de uma morte rápida era negada aos prisioneiros. Por toda a extensão do Loire de Saumur<br />

até à desembocadura no oceano, grandes bandos de corvos e milhanos banqueteavam-se nos cadáveres<br />

nus, juntamente irmanados em hediondos abraços. Não se mostrava misericórdia a sexo ou idade. O<br />

número de moços e moças de dezessete anos que foram assassinados <strong>por</strong> aquele governo execrável,<br />

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